Antologia Poética reúne quase toda a obra da poetisa Natércia Freire (falecida em 2004). É uma escrita no feminino, alguma jovialidade, a pele nua, as luas, o branco e o rosado, no entanto com morte e sombras por perto, numa paisagem descrita com detalhe. Vai buscar algumas coisas na água, a pureza, mas numa inclinação para o nevoeiro, patente na grande ode ao sonho que é o poema homónimo. Vale a pena ler, até porque naquele misto de decadente e sorridente, há muitos conceitos interessantes.
Sempre meio e nunca extremos
Sempre entre a Morte e a Vida
Pode definir bem a poesia de Natércia Freire.
O posfácio de Ana Marques Gastão tem humor de primeira linha. Ou qualquer coisa parecida, pelo menos, fez-me rir.
Tudo que em mim é fracasso
Já não tem raiz humana
Nas pontas do mesmo laço
É que o aço nos irmana.
Convosco em pó me desato
E a viagem não termina.
Parto de mim em retrato,
No movimento sem acto
Que o Destino me destina
20:38 |
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