De nome completo Sidney Joseph Perelman, era referenciado por muitos dos principais nomes do humor, e O Mundo de SJ Perelman reúne muitos dos seus textos sobre coisas banais ou até desinteressantes, mas cujo resultado final é positivo, com sumo. É inteligente a falar do banal, contido, mas hilariante por isso, por ser pouco espalhafatoso. Os textos foram escritos entre 1930 e 70, na sua maioria para a The New Yorker. Abelhas, moda, revistas de medicina, lutas com administradores do prédio, encontros com mestres-de-cerimónias imaginários, vendedores de seguros, tramas entre amantes, tudo serve de assunto para nada.

Eduardo Galeano resgata milhares de anos de história através de relatos em Mirrors. Muitas vezes, o humor é usado, dada a natureza absurda e inconsequente porque a raça humana se rege. Dois mil e quinhentos anos de história escritos assim são deliciosos.

Descrito como um romance de aventuras, os Cavalheiros da Estrada é isso mesmo, fruto da admiração de Miachel Chabon por super-heróis e pela inspiração da banda-desenhada.
Uma aventura onde um médico, Zelikman, e um antigo soldado, Amran, andam pelo Cáucaso em 950 AC, fazendo dinheiro de qualquer maneira. Recebem a missão de serem guarda-costas de um imperador, e o leitor toma contacto com eles no decorrer de uma luta, que é afinal uma encenação para ganharem dinheiro com apostas. Anti-heróis portanto. Logo aí, Chabon demonstra uma linguagem muito própria, e uma incrível capacidade de descrição, com elevado ritmo da narrativa.
Felizmente, assim que os dois mercenários se fazem à estrada, o ritmo diminui. Um prisioneiro que levam escapa com um cavalo que é querido a Zelikman, mas depois de arranjarem outro viajante, ele é encontrado, de novo em desgraça. Juntam-se todos sob o nome de Irmandade do Elefante e partem para norte. Pelo caminho e tentativas de assassínio depois, o grupo cresce e consolida-se, contando com milhares de pessoas. No fim, por entre surpresas de identidades, tudo fica numa normalidade que convence os intervenientes que seguem a sua vida errante pela estrada.
Muito bem escrito, entusiasmante, até na parte seguinte, em que se explora dois Judeus, um Africano que teve a filha raptada, e outro Germânico que lhe assassinaram a família. O herdeiro do rei também teve a família assassinada, e no regresso ao trono, posto pelo exército, é raptado, violado e descoberto como sendo uma mulher que acaba vendida num bordel. Filaq assume a vida como Alp, depois da primeira vez com Zelikman que a deixa no trono a parte em busca de outras fortunas. Mesmo assim, sem espinhas.

Da autoria do mesmo E. H. Gombrich, The Story of Art é coisa de adultos, numa versão pequenina (de bolso). Ainda assim, os números falam por si. Publicado em 1950, vendeu mais de sete milhões de cópias até à data, sendo o livro de arte mais vendido de sempre. É uma introdução muito boa à arte, que vai desde as pinturas das cavernas, até aos anos 80, cuja principal arma é a escrita de Gombrich, cativante e incisiva. Como contra desta edição (desconheço se o mesmo se passa no original), apenas vale a pena apontar a divisão entre texto e imagens, ou seja, as imagens sujem todas juntas depois do texto, ao longo de centenas de página, sendo inevitável um constante folhear. Imprescindível ainda assim.

Às vezes aparecem assim pequenos tesouros como Photographer's Miscellany. A apresentação é imaculada, com uma capa e papel soberbos, e o conteúdo, vai para além das anunciadas histórias, técnicas e trivia. É exactamente nesta última que o valor do livro se confirma, com várias informações muito interessantes, que cativam qualquer um, e não só amantes da fotografia. Se conhecerem quem se insira nesta categoria, então este livro é uma prenda soberba. À confiança.

O terceiro tomo dedicado à arquitectura mais vanguardista dos nossos dias, Architecture Now 3 tem 92 arquitectos ao longo de quase 600 páginas, com especial incisão na actualidade do seu trabalho e nos seus projectos mais recentes. Muitas imagens destes, bem como informações biográficas dos arquitectos, não se pode pedir muito mais!

Tenho três volumes desta colecção Conversas Com, nomeadamente Jean Prouvé, Mies van der Rohe e Rem Koolhaas. No caso de Prouvé, é com Armelle Lavalou, no ano de 1982, e o Francês revisita o seu percurso profissional, de uma maneira humilde, de como as coisas se faziam noutra época. Com Mies, são registadas entre 1955 e 1964, e versa sobre a sua teoria de arquitectura e a experiência, ao passo que o livro de Rem Koolhaas reúne uma conferência um seminário numa escola.

Escrito por António Lobo Antunes sobre a cortina do cancro, Sôbolos Rios Que Vão tem a infância de Antoninho, e a morte de António, as doenças, a coragem e as trivialidades. Acaba por ser mais um exercício de linguagem, e um arredondamento da obra que satisfaz o autor.

A bem ver, a antologia poética que trouxe a Manuel António Pina o Prémio Camões deste ano, Poesia, Saudade da Prosa trata da poesia e dos seus agentes, com vários momentos de análise do passado. Sujeito poético pouco dado a problemas terrenos, toques aos clássicos, igreja e passado, ou seja, terreno fértil. Na forma, é clássico, tudo rima bem, e é ritmado.

Por ocasião da sua retrospectiva na Tate Modern, Gabriel Orozco viu a sua fama disparar. O Mexicano, que já viveu em vários pontos do mundo, é um artista muito polivalente e multifacetado, e é um caso em que realmente vale a pena perder tempo a admirar a carga teórica que imbui nos trabalhos, bem como as ideias por trás de gestos aparentemente simples. Se a arte moderna tem a sua quota de artistas que fazem coisas desprovidas de sentido, Orozco é o tipo de artista que desafia, e que recompensa quem vê o seu trabalho, pois são realmente ideias muito interessantes. Este livro de Jessica Morgan, para além de entrevistas e dos principais trabalhos, é muito bem estruturado a nível de imagens.

Pop Surrealism: What a Wonderfool World, assim mesmo, mal escrito, foi lançado como acompanhamento de uma exposição deste movimento dos últimos anos, feita em Spoleto, Itália, e por isso pouco promovido. O que é pena, pois para além de bem apresentado, tem cerca de setenta e cinco imagens dos quadros de quarenta dos principais artistas deste movimento, como Mark Ryden, Gary Baseman, Tara McPherson, Kathie Olivas ou Jeff Soto, ou seja, tudo de topo.

Curto e incisivo, CBGB: Decades Of Graffiti, é dedicado às paredes rabiscadas do extinto clube Nova-Iorquino, que nas paredes teve imensas histórias, umas com mais sucesso do que outras, mas que transpiram uma tradição alternativa.

Sobre o rapper Young Jeezy, A Hustlerz Ambition é um documentário narrado por Samuel L. Jackson. Começa por Londres e continua pelo resto da tour mundial, com Jeezy a narrar o presente, e a relembrar a relação com a família, principalmente com a mãe alcoólica e drogada após o divórcio do pai, de quem ele se afastou. Começou a vender droga, e depois há o relato dos associados e a passagem para a música, de um rapaz que era visto como um executivo. As doenças acabam a fase negativa do documentário, para depois abrir-se uma janela para a fase de sucesso, que colhe admiração dos seus similares.

Uma mini-série/concurso de quatro episódios, com uma hora cada, School of Saatchi reúne um painel de críticos que incluí a artista Tracy Emin, para premiar um novo talento da arte com três anos de estúdio e outros incentivos. Apesar de Charles Saatchi dar nome ao programa, nunca aparece em frente às câmaras, e o trabalho produzido pelos concorrentes não é nada de assinalável, mas sempre é um programa sobre arte.

De Milan Kundera, A Arte do Romance é um livro de homenagem do escritor Checo às suas inspirações, principalmente Kafka, Rabelais, Cervantes, Flaubert, Tolstoi e Hermann Broch. Nas entrevistas incluídas fala destes antecessores, e da sua atitude com a própria obra, cuja influência da numerologia é explicada, as traduções, entre outros. A história do romance literário na civilização ocidental também é alvo de uma longa análise, num livro bastante interessante e com um discurso muito cuidado.

Dividido por dois volumes, Modern Architecture A-Z é uma versão mais acessível de outro título da Taschen que ronda os 250€. Mais focado na própria biografia de cerca de 270 arquitectos e empresas, do que em questões técnicas, é também auxiliado por imagens de alta qualidade que traçam a história do arquitecto moderno, desde o século XIX, até aos movimentos mais vanguardistas. Os edifícios mais importantes são destacados em imagens, enquanto que outras obras, aparecem referidas no texto. Recomendado para conhecedores e iniciantes, até pelo estímulo visual providenciado pelas criações.

Condutor anónimo e duplo de cinema são as ocupações de Ryan Gosling em Drive, onde para se livrar de uma cilada, tem de acelerar e matar umas pessoas pelo caminho. Tão entediante como parece, possivelmente o filme mais sobrevalorizado do ano.

Kevin Spacey é hilariante numa personagem de 40 anos, que mora nos subúrbios e parece ter o casamento de sonho. Com uma única filha, perdeu a paciência para a mulher e quando uma família nova se muda para o bairro, ele decide parar com a vida que tem e muda de atitude. Passa a ser um tipo normal com nada a perder, e cujas situações em que se mete tornam American Beauty num filme muito bem conseguido.

O psicopata Hannibal Lecter ajuda a resolver um crime que se passa no exterior, sendo essa a maneira de ele sair, numa interpretação de Anthony Hopkins, célebre como poucas, em Silence Of The Lambs.
O tempo de ecrã balança muito, se fosse só sobre o Dr Hannibal Lecter era muito mais interessante, dado as suas aparições serem mais entusiasmantes do que as buscas da agente representada por Jodie Foster.

Passado no século IX, House Of Flying Daggers é uma grande produção Chinesa de 2004. Um capitão da policia tira uma rebelde da prisão, tendo em vista uma missão de roubar aos ricos para dar aos pobre, mas nem tudo corre de feição. Dança, a história de amor, os efeitos visuais expectáveis, nada de novo.

Na presidência de Nixon, cinco homens são presos no caso Watergate por serem apanhados num assalto. Realizado em 1976, All The Presidents Men mostra a perspectiva dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein sobre o caso, e o trabalho deles no Washington Post, as investigações que fizeram para chegar à verdade. Sobre o tema, é um bom filme, com boas actuações de Robert Redford e Dustin Hoffman.

A par de dois dos três livros antes escritos pelo skater Scott H. Bourne, A Toast To The End Of Time é esteticamente igual, muito bem encadernado. As palavras foram escritas entre 2008 e 2009, em dois apartamentos diferentes ainda em Paris. Para além das habituais divagações sobre mulheres, tem também a tecnologia como tema, felizmente com poucos erros ortográficos desta vez. No grande esquema das coisas, continua a ser bastante medíocre, mas serve para passar o tempo.

Realizado pelo Sueco Tomas Alfredson, Let The Right One In tem um rapaz solitário como personagem central. Por sofrer de abusos de colegas, fecha-se cada vez mais em si próprio, até que uma estranha rapariga se muda para o apartamento ao lado. Com a chegada, outros acontecimentos ficam sem explicação, num filme que sendo pouco desenvolvido em termos de argumento, visualmente é cativante.

Como o nome sugere, Viseu de Portugal e do Brasil da autoria de Fernando Vale, traça os parelelismos e curiosidades históricas entre as duas terras com o mesmo nome. Para além de muita informação geográfica e histórica, há também espaço para as lendas de cada local e as suas géneses, numa tentativa de aproximar as duas terras.

Do Dinamarquês Carl Theodor Dreyer, Vampyr foi realizado em 1932, sendo um filme sonoro em Alemão. Um viajante, Allan Gray, estudava vampirismo, e obcecado com o sobrenatural, vai a um castelo e descobre sinais que podem indicar a presença de vampiros. O estado mental dele é espelhado pela fotografia do filme, num filme bastante bonito na sua estética gótica e decadente.
A banda sonora e as actuações com voz são mais valias, mas à medida que o filme fica mais negro, os diálogos desaparecem, devido à dificuldade em conjugar as gravações em três línguas diferentes.

A versão romantizada da estrada vista de uma mota de Easy Rider tem uma banda sonora condizente. Principalmente na parte final, tem uma estética muito peculiar, e não é nenhuma obra prima, é interessante por ser tão original. De 1969.

Clássico da ficção científica, Forbidden Planet foi realizado em 1956. Com as preocupações da época da conquista e colonização do espaço, a exploração espacial para além da lua é uma possibilidade.
Os cenários são muito giros, com robôs pelo meio que dão ao filme aquele apelo especial da ficção científica dos anos 50.

Richard conhece uma prostituta quando pede direcções e sente uma paixão platónica por ela, interpretada por Julia Roberts, no clássico Pretty Woman de 1990. Ela ilude-se pelo estilo de vida, ele por ela, que persuade e encanta todos com que se cruza no mundo dos negócios. É uma história simples e bem contada.

Sobre a guerra da independência Americana, Dances With Wolves é primariamente sobre o contacto com os Índios, mas com quase 4 horas de duração, o Director's Cut não é para qualquer um.

Um filme sobre a vida de T.E. Lawrence, Lawrence of Arabia tem obviamente uma interpretação algo tendenciosa da vida do diplomata e as suas aventuras no deserto e o contacto com as tribos locais. Já não há filmes assim, com mais de três horas de duração e com um carácter épico marcado, mas é um filme importante.

Um filme Inglês de 2004, Shaun Of The Dead é um empregado de uma loja vê o mundo a ser atacado por zombies, que na tentativa de reconquistar a namorada e aproximar-se da mãe, tem de usar o instinto para sobreviverem dentro de um pub contra uma corrente de mortos-vivos. Filme humorístico mas que a mim me diz pouco, com Simon Pegg e Nick Frost.