Heinrich Von Kleist foi um Alemão com variada obra, entre poemas, romances e outros. Morreu com apenas trinta e quatro anos, e notabilizou-se com as peças de teatro, no entanto este livro foi considerado por Thomas Mann como um dos melhores que a Alemanha produzira.The Duel é um grande-pequeno livro do género que se designa como novella, entre a short-story e o romance em extensão. Numa história de culpa e punição, condenação e verdade, um nobre é assassinado e as culpas caem sobre um homem, que tem como alibi uma senhora que toda a gente julgava pura. Ela arca com as culpas, mas a história é mais complexa do que todos julgam. Um cavalheiro resolve defendê-la por acreditar na sua inocência, mas o duelo corre-lhe mal. Ou será? A justiça acaba por se fazer ouvir, crepitante.

Como um dos temas que mais me fascina, a ocupação de espaços mínimas e a maximização do seu potencial habitacional, tem recebido bastante atenção editorial. Tiny Houses de Mimi Zeiger dá destaque a trinta e três casas que para além do tamanho, se destacam pela ecologia e economia dos meios utilizados. Uma excelente introdução ao tema, e que vai fascinar qualquer pessoa, dada a beleza das construções e sua funcionalidade.

Com entrevistas algo genéricas feitas por Andrea Bellini, Everything You Always Wanted To Know About Gallerists But Were Afraid To Ask trata-se, como o título indica, de respostas de galeristas, 51 no total, de vários países, acerca da sua relação com artistas e o mercado de arte. As mudanças deste, as dificuldades e os benefícios são algumas das curiosidades a que várias pessoas respondem. Para quem se interessar por arte contemporânea, recomenda-se.

De 2003, Bukowski - Born Into This é um documentário com testemunhos de pessoas que conviveram com o escritor ao longo dos anos. A bebida é provavelmente o principal tema abordado nas várias entrevistas com ele que contam a história da sua vida. Bem montado e informativo, para os fãs da escrita de Bukowski vale bastante a pena, contribuindo para a sua lenda.

Confesso que não tinha ouvido falar de The Hangover até à sequela (que entretanto vi, mas achei tão má que nem vou pôr aqui), onde quatro homens vão para uma despedida de solteiro em Las Vegas e, mal chegam, embebedam-se e não fazem ideia do que aconteceu durante o resto da noite, tendo de procurar pistas para perceberem o que aconteceu. Dentro do humor Americano é apenas mais um filme, entretém, mas não marca ninguém. Mas não vão pelo que eu digo, ou o filme não tinha sido o maior êxito de comédias para maiores de 18 anos nos cinemas.

Tinha New Light For The Old Dark de Sam Willetts aqui e já o li há uns meses, mas não me lembro de nada, por isso não vale a pena estar a inventar sobre os poemas. Foi nomeado para muitos prémios e acredito que seja bom, a minha memória é que foi cruel para com ele.

Oitenta páginas de poesia de Jacob Polley, Little Gods tem uma escrita precisa, que varia bastante na forma mas tem alguma decência, no entanto não há nada de novo ou supranatural aqui, e francamente, gostei mais da capa do que das palavras. Se quiserem mesmo perder mais tempo do que o que é meritório, houve alguém que se dignou a ser mais expansivo aqui.

Como há vários leitores deste blog interessados em arquitectura, recomendo vivamente este Architect's Illustrated Pocket Dictionary. Ao longo de mais de 500 páginas há entradas desde estilos, a materiais e definições do espaço. Por ser em Inglês é muito conveniente, e como o nome indica, vem num formato reduzido, tanto dá para ler tudo de seguida, como para procurar algum significado. A maneira como clarifica o nome de partes ínfimas de edifícios tem-me sido bastante útil, e também dá para ficar a conhecer algumas curiosidades mais obscuras.

Não há muitos guias de cidades voltados para as culturas urbanas, no entanto Tokyo Underground 2 é bastante interessante e bem desenhado. Como o nome indica, é sobre Tóquio, da parte dos responsáveis da marca de vinyl toys Super 7, e ajuda a planear uma viagem inteira, desde recomendações gerais sobre a cultura Japonesa, até ao que comer e onde. Claro que o grande foco são as compras e as lojas espalhadas pelos diferentes bairros, mas mesmo só para referência, vale a pena dar uma olhada.

Um rapaz que só quer disfrutar sozinho de bandas-desenhadas e refrigerantes mente à mãe, dizendo que vai de férias para a neve com uns amigos. Achava-se especial, nunca se dando bem na escola e, fechado na cave, convive com a meia-irmã, não impedindo o seu destino trágico. O tipo de letra enorme e muitos diálogos de Eu e Tu não auguram nada de muito glorioso, mas o livro Niccolo Ammaniti até há-de apelar a um certo público, que goste de histórias e pouco de literatura.

Berlin Alexanderplatz é um marco do cinema Europeu. Desenvolvido como uma série de episódios para a televisão em 1980, Rainer Werner Fassbinder baseou-se num livro de Alfred Döblin para construir quinze horas de filme ao longo de 13 episódios.
Depois de quatro anos preso por homícidio, Franz Biberkopf sai em liberdade. É uma boa pessoa numa sociedade que extraiu o pior dele. Sem emprego, dedica-se a beber, com poucas ajudas. Regressa ainda traumatizado pela prisão e tem dificuldades em libertar-se da prisão mental em que se encontra. Conhece um Judeu que só lhe conta histórias que o fragilizam ainda mais, e a ex-mulher é agora uma prostituta, passando ele o tempo com diferentes mulheres. Ao receber ordem de expulsão de Berlim, engendra uma maneira de ficar para se apresentar mensalmente como trabalhador. Algures entre o mundo real e os pensamentos de Biberkopf, o filme desenrola-se com a luta dele e a sua revolta com a sociedade e os seus vícios, não sendo para todos os estômagos.

Da série 'A Very Short Introduction', A Literary Theory de Jonathan Culler não é de fácil compreensão, mas recompensa o tempo investido. Em vez de descrever as diferentes metodologias de análise da literatura, Culler tenta responder a perguntas como o que é a teoria ou o que é a literatura? Pessoalmente, não acho que sejam coisas que possam ser definidas exactamente, ou pelo menos todas as respostas que ouvi, foram insatisfatórias. O significado, a identidade dos textos, a forma como devem ser lidos e algumas dos principais nomes da dialética e oratória são a base do livro, que por momentos pode parecer insignificante, mas que contém bastante informação.

A minha cópia original é da primeira edição deste livro, mas como me foi oferecida uma edição de capa dura, e eu já não lia The Melancholy Death Of Oyster Boy And Other Stories há muitos anos, justifica-se a entrada. Umas quantas rimas, uns desenhos minimamente cuidados de seres curiosos em posições indesejáveis definem este clássico do realizador de Tim Burton, que aumentou com este livro a exposição pública. Os sentimentos por trás de cada personagem fazem-nos repensar nas injustiças que fazemos de julgamentos e de como não nos importamos com as especificidades de cada um, mas apesar dos horrores, acaba por ser um livro muito terno, que há-de continuar em publicação para as gerações vindouras.

Uma antologia pessoal seleccionada por Pedro Mexia, Menos Por Menos é constituída por poemas de 1999 a 2007, sem comiseração nenhuma sua sua felicidade, o típico solitário urbano com pouco jeito para o social. Tudo sem faces, "estranho e alheado", mas com alguma piada.

Marcello Mastroiani é o marido de uma contrabandista de cigarros, Sophia Loren, que para evitar multas e prisão, fica grávida todo o tempo. Na história de três mulheres, outra é uma burguesa de Milão que combate o tédio com infidelidades, e a final é uma acompanhante que seduz um seminarista. Ontem, Hoje e Amanhã é a celebração de uma das duplas excelentes do cinema clássico Europeu, dirigidas por Vittorio de Sica. A capacidade de Loren e Mastroiani, que representam três papéis distintos sem estragar a dinâmica da relação, bem como a versatilidade de de Sica ao conjugar três histórias distintas de modo convincente, fazem deste um filme de eleição.

O Italiano Italo Calvino, nascido em Cuba, tem em As Cidades Invisíveis uma ode à escrita e cidades. A descrição de um mundo imperfeito, mas belo, enaltecido pela raça humana, é feita pela voz de Marco Polo, que ensina o Móngol Kublai Khan acerca do império. É um conjunto de narrativas curtas que compõe um exercício curioso, de descrições superlativas de cidades que foram erguidas por homens, mas que o leitor não vê, pois acaba por ser o homem que lhes traz problemas, cruzando várias civilizações.

De Gergor Muir, Lucky Kunst tem como subtítulo 'The Rise and Fall of Young British Art', ou seja, é acerca da geração artística Inglesa dos YBAs, escrito por alguém que esteve lá. Todas as mudanças que Londres sofreu apareceu descritas ao longo de décadas, desde a emergência de Camberwell e Goldsmith's como centros de educação, até à oficialização da Saatchi Gallery como montra. Episódios que se tornaram lendários, como a exposição Freeze de Damien Hirst ou a abertura da White Cube Gallery pela Jay Jopling são descritos, bem como as noites de álcool de Sarah Lucas e Tracy Emin na The Shop. A invasão dos Ingleses à feira de Colónia em 1993 é um dos episódios mais divertidos, num livro que se lê facilmente pelo estilo de escrita de Muir. No fim, a isolação dos Americanos que recebiam agora os grupos Ingleses trazem uma aura mais cinzenta aos artistas que agora cresciam em estatuto, que tiveram no Groucho Club o local onde se redefiniu a arte em Londres sobre uma éfige comum.

Pan


Já tinha falado do Norueguês Knut Hamsun, no entanto, Pan não tem a mesma qualidade que Fome, o que se perdoa, dada a extrema qualidade deste. A voz, o falecido tenente Glahn faz-se ouvir através de papéis encontrados, onde relata o amor pela jovem Edwarda, com um final trágico. A acção passa para o Verão em Nordland, uma floresta que o envolve e acalma as suas preocupações. O final é dinâmico, mas para o meio do livro, perde-se algum sentido de desespero, a ansiedade que conduz a escrita de Hamsun.

Editado originalmente em 1915 por recomendação de Ezra Pound, Prufrock and Other Observations de T. S. Elliot tem uma forma quase narrada, com a livre transmissão do pensamento para o papel. No seu conjunto, os poemas são acerca do embaraço e frustração, com a mortalidade como uma paragem consciente. Pela disparidade e saltos da voz, é algo complexo de entender, mas foi escrito com essa ideia em mente.

Da interessante colecção Wooden Books, Perspective And Other Optical Illusions é um pequeno livro cheio de informação. Da autoria de Phoebe McNaughton, não se limita a mostrar curiosidades da perspectiva, mas antes contextualiza o motivo do nosso cérebro perceptir as imagens e organizar a perspectiva de certa maneira. O decorrer histórico da evolução da maneira como representamos as imagens também é destacado.

Por ocasião da edição da sua discografia completa num só album, a banda Nova-Iorquina Underdog editou um livro com imagens e entrevistas que não cabiam no disco. Os quatro anos de existência da sua encarnação original aparecem representados em Matchless: Visual Outtakes com o visual de uma zine, e várias fotografias da época, numa edição limitada que complementa bem o legado musical da banda.

Lançado este ano pela Colher, Portuguese Illustration reúne cerca de 30 jovens ilustradores, com uma página para o trabalho de cada. As ilustrações são variadas e há algumas interessantes, mas é pena que elas não estejam legendas com o nome do autor, ou que não tenha sido incluído nenhum texto. No entanto, é de saudar esta edição independente, até por serem quase todos meus conhecidos.

Todos os anos é enviado aos sócios do Arsenal um conjunto de coisas, onde se inclui um livro. O deste ano foi a reimpressão de um dos melhores treinadores do clube e que fez inovações no futebol que ainda hoje se sentem. Herbert Champan On Football reúne uma série de artigos publicados pelo treinador no jornal The Sunday Express, onde ele fala da importância de motivar os jogadores, o papel das transferências, das técnicas de descanso, entre outras coisas, que oitenta anos depois da sua morte ainda são válidas. Entre as conquistas com o meu clube, ainda deixou uma equipa preparada para depois da sua morte, inovando nas marcações do campo, nos números dos jogadores nas costas para serem identificados, ou no futebol jogado sob luzes artificiais. Lê-se depressa e vale a pena, pela actualidade do seu pensamento.

Examined Life é um documentário de 2008 realizado por Astra Taylor. Um filme sobre filosofia é sempre um desafio, que tendo uma componente oral, os pensamentos acabam por ser executados no papel, e neste caso, dez minutos são dados a cada um dos oito participantes. Alguns dos intervenientes são mais psicólogos e pessoas preocupadas com a mente do que filósofos clássicos, enquanto que outros são apenas pessoas com distúrbios mentais. Alguns dos temas são a ética e escolhas na vida que podem ser alteradas pela corrupção, corrompendo os valores morais, diferentes culturas e ideias.
As entrevistas são gravadas nas ruas de Nova Iorque, o que é interessante, mas em termos de conteúdo, não há nada de revelador, nem um tema unificador, apenas pessoas a falarem de algumas das preocupações que lhes ocorrem nesse momento. A coragem para pensar criticamente requere disciplina e não necessariamente um percurso académico, e pelos vistos, palavras escritas. Ainda assim, há algumas boas participações.



Numa escola dos arredores de Paris, um professor novo tem dificuldades em integrar-se na sala de aula, procurando inspirar alunos de diferentes traços culturais. Na forma como os disciplina, o seu método é contestado, e pela linguagem que usa, consideram a sua expulsão devido a queixas. The Class é um filme Francês de 2008, que retrata a falta de educação dos adolescentes hoje em dia, num ambiente em que ao serem educados, alguns têm de ser domesticados. Não é um filme com grandes dramas, as suas armas recaem na naturalidade e realismo das acções.




Ouvindo o nome de Russ Meyer já se sabe o que esperar: uma estética muito específica, mulheres de seios grandes, carros, velocidade e armas. Super Vixens custou apenas $100,000 e fez mais de 17$ milhões, e percebe-se o sucesso da fórmula. É sexista, irreal, mas é entretenimento puro, é diversão. Talvez seja demasiado longo e com alguma violência em demasia, mas há que dar algum crédito a Meyer por se cingir à sua visão e fazer acontecer o filme com os seus próprios meios.





Em Taken dá para perceber como é que apenas um actor pode ditar o sucesso de um filme. Liam Neeson é um antigo agente da CIA que se mudou para a Califórnia para estar mais perto da filha. Esta, pede-lhe insistentemente para ir para Paris com um amiga, e à chegada são raptadas, apesar do cepticismo do pai em deixá-la ir. Com a filha nas mãos de um anel de prostituição, ele vai tentar recuperar a filha, num thriller competente e que não cai nos clichés habituais de filmes de acção, com cenas de luta bem realizadas. E claro, há sempre Liam Neeson num filme do, Francês Pierre Morel.


Não sendo grande conhecedor do género policial, US Marshals convenceu-me. Aparentemente é uma espécie de remake de O Fugitivo, só que neste caso, um homem (Wesley Snipes) é preso injustamente, revelando-se um antigo espião que foi posto de lado e incriminado por antigos colegas. Ele segue num avião que se despenha e ao escapulir-se, soa os alarmes para se encetar uma busca maciça, dando origem à expectável narrativa onde cada personagem se descobre a si própria e repensa as suas alianças.






Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives de Apichatpong Weerasethakul é um filme inspirado num livro, e premiado durante o último ano. A exaltação de carreiras como a do Tailandês, é uma artimanha da sociedade moderna que se vira para o exterior e celebriza as coisas pelo seu exotismo. Tudo é estilisticamente feio, da fotografia aos diálogos, sendo melhor descrito como uma valente seca onde os silêncios são tortuosos.