É das pessoas mais faladas por aqui, e apesar das ilegalidades com que não compactuo, o Luiz Pacheco pertence ao grupo do 'já não há homens assim'.
Nasceu num berço de ouro e assumiu-se como o libertino, um verdadeiro estarola. Ao editar Natália Correia, Mário Cesariny e Herberto Hélder antes de alguém saber quem eles eram, escreveu uma bela página na literatura do século vinte. Depois, passou o resto da vida a tratar de apagá-la e a lançar os seus próprios textos, bem como traduções de Voltaire ou Dostoievsky enquanto vivia na miséria. É basicamente o melhor filho da puta da história da literatura, o melhor deles todos a impingir, a cobrar, a não pagar e a engravidar (a criar filhos é que não fica nos melhores).
Com o espólio recentemente adquirido pela Biblioteca Nacional, seguiu-se uma exposição, que ocupa uma sala adjacente à entrada. Mostra algumas raridades das edições da Contraponto, mas o livro/catálogo editado pela D. Quixote é bem mais completo.
Uma preciosa metade das 350 páginas de Luiz Pacheco - Um Homem Dividido Vale Por Dois é a bibliografia da Contraponto, quase uma centena de capas de livros, postais e cartazes que ilustram a história da editora, bem como umas completas notas bibliográficas para ter tudo arrumado.
A outra parte é composta por vários textos de homenagem, fotografias, bem como uma selecção inédita de cartas a Jaime Aires Pereira que Pacheco deu a publicar. Completa-se com as capas da bibliografia do Pacheco autor.

MMX


Só não percebo é porque é que toda a gente se lembrou de analisar a década. Dado que não houve ano 0, a primeira época vai do ano 1 até ao ano 10, logo a época que se iniciou em 2001 (e não em 2000) vai até ao fim de 2010.
Esta selecção do Vimeo é belíssima.




<


Já aqui falei várias vezes sobre uma das fases do cinema que mais me interessa, o Português da década de 40. No entanto, dois dos mais importantes filmes vieram na década anterior. De Aldeia da Roupa Branca de Chianga de Garcia ficou principalmente a interpretação de Beatriz Costa como lavadeira e as interpretações musicais que exploravam ao máximo a possibilidade de som no cinema. No entanto, a apaixonante luta pela supremacia no lavadouro entre dona Quitéria e o Tio Jacinto, que Gracinda (Beatriz Costa) tem de ir resgatar a Lisboa para ajudar no negócio, é o ponto central da história. Toda aquela algazarra para conseguir a melhor banda para a festa de aldeia parece ser interrompida pela necessidade de ter Beatriz Costa a fazer uns números musicais (de altíssima qualidade, claro), mas que são isso, intromissões. O melhor de tudo? O diálogo, tão brilhante a capturar um Portugal esquecido, apontando-lhe os holofotes para mostrar a sua beleza.

Outra das grandes interpretações, Vasco Santana em A Canção de Lisboa, realizado em 1933 por Cottinelli Telmo. A história é hilariante, com Santana a ter de enganar as tias transmontanas que já o julgam doutor, pensando elas ter empregue bem as suas fortunas. A chegada delas à capital incita uma epopeia para encobrir a vida do epicurista na capital. É um filme essencial, mais uma vez, com textos soberbos e interpretações de topo, incluindo Beatriz Costa.
A única coisa a apontar a ambos os filmes em comparação com os filmes em que António Silva tem os papéis principais, por exemplo, é que devido às canções, ficam algo previsíveis. Não que seja um mal maior, só uma preferência pessoal.

Bill Bryson, o mesmo autor de Made in America tem outro livro, igualmente interessante, mas sobre a Grã-Bretanha. Crónicas de Uma Pequena Ilha é menos factual (e só tem 400 páginas), sendo mais biográfico. É uma narrativa, uma recordação de uma viagem que ele está a viver em tempo real, visitando cidades e aldeias inglesas, adicionando factos e curiosidades pelo meio. Bryson compreende bem o espírito Britânico e descreve a maneira como ele vê e de como foi olhado pelos habitantes, antes de compreender os seus comportamentos sociais.

Só agora que foi anunciado o segundo volume da zine Overpower Overcome tive a oportunidade de arranjar uma cópia do primeiro. É bastante boa, formato pequeno, entrevistas interessantes a Vultures, State of Mind, Reality Slap e Reign Supreme, bem como um grafismo muito bom. Já não me lembrava do texto com que tinha contribuído, mas gostei de ler por estar ao lado do do Stimpy, complementam-se bem. Para além disso há várias colunas e textos bons.
Interessados contactem o Ricardo, o autor da zine.

Depois do livro de F. Scott Fitzgerald, vi a adaptação cinematográfica de 1974, realizada por Jack Clayton. Não vale a pena repetir a história de The Great Gatsby, mas o guião escrito por Francis Ford Coppola transpõe bem o clima do livro. Não é nenhum filme admirável e claro que prefiro ler o livro, mas também não é nenhuma ofensa visual.

Não será mistério a temática do último livro de José Saramago, por esta altura. O livro abre com uma espécie de génese explicada a alguém com muita dificuldade de compreensão, e enquanto o narrador expõe as circunstâncias da existência e da relação entre Adão e Eva, começam as questões. Caim tenta dar alguma racionalidade aos escritos bíblicos, e na incapacidade, expõe o absurdo e profano, mas é mais apropriado dizer que é um deboche do caralho.
É sem dúvida um apontamento de nível na carreira de Saramago, algo que não poderia ser escrito por ninguém com aspirações literárias, principalmente num país de tão acérrimos defensores como o nosso. Manobra arriscada, mas superada com sucesso.
Abel era o preterido do senhor em relação a Caim. Farto de ser gozado, este mata Abel e deus logo aparece. Deus, quando culpado por ter permitido tal coisa, reconhece a sua parte no crime. As analogias aumentam e Caim faz passagem por vários episódios bíblicos, desde o Jardim de Éden, Sodoma, Jericó até à Torre de Babel, e trava contacto com várias figuras como Lilith, Moisés ou Abraão.
Caim faz-se passar por Abel e começa a enganar toda a gente, sob a protecção de uma marca na testa. Quando dá por si, tem um filho e a região em polvorosa, ignorando o tempo e visitando (satirizando) com os episódios como bem entende.
É ficção, tal como o Novo Testamento o é. Ocupa um propósito muito interessante, principalmente vindo de alguém na posição que o escritor ocupa.
É escrito de uma forma assumidamente tosca, directa, com uma missão clara, no entanto a decisão de renegar todos os nomes para minúscula e de não destacar os diálogos no texto, apesar de ser casmurrice de Nobel e para dificultar a leitura, percebe-se e perdoa-se.
Quanto ao suposto conteúdo ofensivo do livro, fica aqui um pequeno dado:
Cerca de 15 ofensas a Deus – desde o filho da puta (p. 82) ao maléfico/ maligno/cruel (pp. 85, 86, 106, 127, 145), passando pelo materialista opulento (p. 112), desavergonhado (p.l13), vingativo (p. 121), injusto (p. 136), incapaz de nos amar (p. 143), estúpido (p. 150), invejoso (p. 164) e caricaturável (p. 173)

Pagava para ver o sorriso com que veio a última palavra deste livro.

Não sei bem como julgar Aeroplane! De certa forma, é um prazer vergonhoso rir destas piadas, mas é tão eficaz que não há como evitar. Realizado pelo trio Z.A.Z. (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker) no início dos anos 80, a influência estende-se a filmes como Scary Movie ou Academia de Policia.
Um ex-namorado com marcas de guerra que não consegue aceitar que a namorada o deixou, segua-a para pedir desculpa no trabalho dela, de hospedeira de bordo. Entre corações transplantados que saltam pela mesa fora, crianças a agir como adultos e outras absurdidades, todos os passageiros que comeram peixe no vôo, adoecem, incluindo o comandante com tendências pedófilas. O passageiro que não comeu carne e se supõe capaz de aterrar o avião, é claro, o piloto de guerra traumatizado.
Abusa dos trocadilhos como "lets get some pictures" dito por repórteres que começam a roubar retratos nas paredes ou "look for the landing instruments" e aparece a equipa da cabine com saxofones e trompetes. Ted Striker lá consegue aterrar o avião, no meio de uma série de momentos estapafúrdios, mas acredito que apesar do estilo, este é mesmo um filme de alguma qualidade.

Escrito por Bill Bryson, um Norte-Americano que vive em Inglaterra, Made in America é uma desmitificação da América, algo longa, contudo. Durante as cerca de 700 páginas, Bryson relata factos e revela curiosidade em diversas áreas como a morfologia das palavras do Inglês Norte-Americano, os verdadeiros nomes de antigas estrelas de Hollywood, a história Americana e a identidade nacional, o sucesso de certas marcas, entre várias outras. A tarefa de reunir tanta informação é messiânica, mas é também preciso uma boa dose de paciência para ler tanta. Não estou seguro quanto à utilidade do que se aprende com o livro, mas seguramente dá uma vantagem em passatempos.

Danny Boyle, por ora mais dedicado a Mumbai, filmou em 1996 uma adaptação do livro Trainspotting de Irvine Welsh. Renton (Ewan McGregor) e os amigos servem de peões das raves em Edinburgo, tentando abandonar a droga num mundo conspurcado, não conseguido. O que ele começa por criticar acabam por ser os seus objectivos depois de perceber que não há saída. Há um bom uso da música e a forma frenética, descontrolada da câmara funciona bem com o ambiente caótico e destrutivo.

Não é o primeiro filme dos Ealing Studios de que falo aqui, e mais uma vez, Kind Hearts and Coronets prova a excelência do material ali produzido. Dirigido por Robert Hamer e lançado em 1949, tem uma interpretação soberba de Alec Guiness (existe mais alguém que faça 8 papéis diferentes num filme?).
Louis Mazzini tem de matar 10 pessoas (quase todas interpretadas por Alec Guinness) que se interpõem ao título de duque que ele pensa merecer, e vê a sua vida em retrospectiva, a partir da cela. Ele trata de os eliminar todos um por um, o que causa alguma perda de ritmo ao filme, até chegar ao Duque de Chalfont.
É muito bem escrito, com vários pormenores, por exemplo a paixão antiga de Sibella, que leva a que ele seja preso no final pela morte do marido desta, curiosamente um homicídio que ele não cometeu, pois ele suicidou-se. Finalmente, encontram uma nota de suicídio (falsa?) e ele é libertado.
Dennis Price, como Mazzini é igualmente incrível, no entanto, o que acaba por ser memorável é o guião adaptado ao de leve de um livro.

Não vou dizer que são clássicos, pois como em todas as listas, há várias omissões e inclusões suspeitas. No entanto, 90 Livros Clássicos Para Pessoas Com Pressa é um pequeno volume que tem quatro quadrados por página que servem como um resumo a livros, numa tomada humorosa.
Os desenhos são bastante simples, e obviamente, se os livros pudessem ser eficazmente reduzidos a meia dúzia de palavras, seriam escritos assim, no entanto mais vale ler este trabalho de Henrik Lange e Thomas Wengelewski para rir do que isto.

Já tinha aqui falado sobre David Ogilvy, o homem da publicidade. Escrito em 1963, Confessions of an Advertising Man é na mesma com o tom pessoal de Ogilvy, apesar de não conter imagens. Para além da publicidade, expande-se ao que é a psicologia, as diferentes formas de percepção, o que atinge um público.
Cada capítulo é dedicado a uma componente diferente, entre outros, como arranjar clientes e manté-los, como ser um bom cliente, como ilustrar anúncios, todos descritos com casos de sucesso e também com falhanços. Mais uma vez, tem interesse para quase toda a gente, pois a temática não é confinada a como posicionar o texto num anúncio. No entanto, se é isso que o leitor busca, também lá está.
Never write an advertisement which you wouldn’t want your own family to read.
If it doesn’t sell without sound, it is useless.
Big ideas are usually simple ideas.

Confesso, vi O Sexo e a Cidade. Compreendo a loucura pelas mudas de roupa, mas acho as actrizes péssimas, até pelo pior sex-symbol de sempre. É entretenimento, um bocado mais deprimente do que seria pedido, mas tudo acaba bem, como de costume.

O título não mente. Orgulhosamente B, A Revolta dos Tomates Assasinos começa por estabelecer um paralelo com The Birds de Hitchcock, que ao mostrar o que seria um ataque de pássaros, aconteceu depois no Kentucky. Logo a primeira cena é perturbante, com um tomate a ganhar vida numa cozinha... e começa um ritmo pimposo, uma ode Italiana aos tomates assassinos de quem uma equipa de cientistas tem de salvar a terra. Escrito e dirigido por John de Bello, é uma espécie de Jaws (o perigo constante, sem saída), Fearless Vampire Killers (o caos tonto) e Dr. Strangelove (a conspiração, as reuniões que jogam com o destino do mundo). É tudo tão absurdo, desde o acidente de helicóptero que aconteceu mesmo (e eles tiveram de gravar as vozes posteriormente), até à parte em que o cientista Japonês só mexe a boca para ter outra voz a falar por ele, ao barulho dos tomates, que é de chorar a rir, enquanto eles rolam pela rua fora.
Diálogos como:
"Isto é homem contra vegetal"
"Tecnicamente, os tomates são maricas"
"Ele quer dizer frutas"

Mostram a falta de lógica num filme que é bom a ser péssimo. Como foi travado o ataque dos tomates? Com uma música.

De John Landis, An American Werewolf in London tem dois adolescentes Americanos de passagem por Inglaterra para irem a Itália. No norte do país são atacados por uma criatura, David sobrevive, mas Jack não tem tanta sorte após o encontro com um lobo. Ao ser internado num hospital em Londres, as alucinações destroem a vida de Jack, o último lobisomem que tem de ser erradicado, de acordo com David, que surge constantemente na vida deles. Os efeitos especiais e as máscaras são bastante acima da média, especialmente se tivermos em conta que o filme tem cerca de trinta anos, e dentro das limitações do género, é bom.

Muito se tem falado de Pedro Costa. Depois de Ossos, dei nova oportunidade com Juventude em Marca (Colossal Youth). Visualmente, o filme tem cenas que são um espanto. A câmara digital de Pedro Costa com as técnicas analógicas e uma fotografia de alto nível conseguem alcançar cores belíssimas.
O filme segue a vida de Ventura no bairro das Fontaínhas, falado em crioulo e com diálogos péssimos, que se assemelham a uma conversa de bêbedos (do tipo crónico e não ocasional, infelizmente). É um constante revisitar dos mesmos sítios, sem acontecer rigorosamente nada. A música do disco de vinil é um bom apontamento, tal como a lufada que é a visão do lago, distante da pobreza, no fim do filme. No entanto, é justo pedir três horas de concentração para mostrar a beleza singular desses momentos?
Estamos a falar de um filme para as quais foram gravadas mais de 320 horas ao longo de 15 meses, por isso, se nada foi deixado ao acaso, como é que depois de tudo espremido, apenas sai isto? Uma pequena olhada a reviews e basta ver a quantidade de gente que se veio embora antes de o filme terminar. É péssimo, é ridículo haver retrospectivas na Tate Modern, é ridículo haver um artigo por semana no Ipsilon sobre o Pedro Costa, quando isto é tudo tão fraco, sem sentido e principalmente, sem um fim.
A câmara consegue captar cenas muito boas, como foi dito, mas a quantidade de planos estáticos num quarto que faz um showroom da Moviflor parecer um palácio é quase desesperante, pois não adiantam rigorosamente nada.
Ao menos a temática está de acordo com o que o filme retrata: é uma miséria que não se pode, não é minimalismo. E se a ideia é mostrar que o virtuosismo está em não intrometer a câmara pelas Fontainhas adentro, mas apenas mostrar uma personagem, porque não escolher outra que não Ventura (algum crédito ao Ventura homem na interpretação), um tipo que no fundo passa o mês a olhar para as paredes?
Falta-me Sangue e Ne Change Rien e as minhas expectativas não podiam ser mais baixas. E depois de serem tão elevadas devido a toda a imprensa, talvez seja bom.

Escrito por Steve Jones, Introducing Genetics é uma apresentação da história do DNA e das figuras que contribuíram para os avanços no último século. Apesar de ser uma das mais recentes ciências, que parece não ter uma solução ou um fim, quanto mais se descobre, mais questões se levantam e mais complexo fica. O que achei mais interessante é o recente perigo das mutações, e em como tão ínfimos genes conseguem ser tão impactantes e maleáveis. É escrito de uma forma simples e que demonstra a forma como estas questões nos afectam a todos.
Bom Natal a todos. Parabéns ao Benny Gold pelos novos escritórios, tem sido uma boa ajuda na forma como estamos a estabelecer as Organic Anagram Industries, e tem sabido gerir bem a marca dele, expandindo-se lentamente.

Pelo vigésimo aniversário, os Infrareds vão ser relançados mais uma vez. Comprei na ocasião anterior, mas vou querer renovar!

Bom design há-de durar para sempre. Circa Jamie Thomas 801, provavelmente os ténis mais bonitos de skate.

Não sabia da existência desta colecção Lego Architecture. Vou entrar em contacto com eles para descobrir mais sobre o assunto, mas parece-me um projecto que ainda se está a desenvolver.

Já tinha aqui falado sobre Ed Wood devido ao filme homónimo realizado por Tim Burton. De 1959, Plan 9 From Outer Space é um dos filmes que mais sobejamente contribuiu para a fama de Edward Wood Jr. como o pior realizador de Hollywood. Este plano para aniquilar os terráqueos é um autêntico caos visto em retrospectiva, ao incidente de onde aparecem os sobreviventes. Não se sabe é bem de quê.
O guião tem uma escrita dramática que fica quase piedosa com a narração e é compreensível a ternura com que se pode ver estes filmes. Exemplo: a primeira aparição do OVNI (que se parece com uma folha de papel de alumínio) é recebida coma maior naturalidade, e quando este se começa a mexer, parece uma tampa de uma panela que ao passar por cima de um carro, é do tamanho de um farol, mas que quando viajam no espaço são do tamanho de um planeta.
A aparição de Vampira é a única coisa que podia transformar este filme em algo de terror. Nem Bela Lugosi consegue salvar a película, porventura, por só três anos depois da morte ter sido incluído nesta, pois as suas imagens foram gravadas para outro filme.
Em que consiste então o plano 9? É uma ideia dos extraterrestres, que para se salvarem a si próprios, tentam ressuscitar os mortos da terra. Como é possível adivinhar, com a revelação dos habitantes das naves (com os beeps de fundo bastante incomodativos), levanta-se outro problema. É isto um filme de vampiros ou um filme de extraterrestres?
É difícil precisar, porque em 10 minutos já apareceram cerca de 6 personagens que parecem ser a principal. Os efeitos sonoros péssimos, o fumo que ora desaparece ou aparece, os cenários medonhos que incluem tumbas de cartão, as mudas de cenário sem motivo aparente, tudo contribui para a curiosa magia com que Wood fazia os seus filmes.

Como parte de uma edição do Público com a Phaidon, 1000 Objectos de Culto é uma entrada rápida ao design de equipamento e mobiliário, composto por entradas individuais para cada objecto, acompanhadas por fotografias e uma curta biografia dos inventores.
Dada a minha especialização ser o design contemporâneo, desde o fim do século vinte até aos dias de hoje, é curioso ver os produtos que sofreram a influência industrial do século dezanove, como os caixotes do lixo em metal, os vasilhames com tampas de segurança, a fita métrica de bolso ou o alfinete de segurança. Pelo seu funcionalismo e a forma como se impregnaram no dia-a-dia, o campo de interesse desta colecção estende-se a todas as pessoas, que encontram aqui curiosidades ou explicações.

Fevereiro 2010. O vídeo que está no canal da banda no Youtube promete.









Este Sábado em Lisboa, a Sleep City é uma das editoras presentes na Fábrica do Braço de Prata. Nós vamos lá, é uma coisa com interesse. No lançamento Summer, há um desenho meu (desenganem-se, não é talento!) e estão para breve também novidades relativamente a uma colaboração entre a Sleep City e as Organic Anagram Industries. Se têm uma conta no Facebook, juntem-se a nós, adicionem-se.
A outra colaboração que foi lançada, foi uma zine que foi distribuída com discos de bandas. Algumas que já saíram e outras que irão sair são 7 Generations, Time For Change, Graf Orlock, Rogue State, Dangers, August Spies, e Abandon. O que saiu foram textos meus, mas eu não sei dizer quais ao certo. Basicamente pediram-me umas palavras para publicar, eu peguei numas coisas que tinha escrito, entreguei-lhes tudo e pedi que editassem como quisessem. Pelo que me têm dito está a ser mesmo muito bem recebido, e assim que eu tiver o PDF, partilharei aqui.


Anda a acontecer com demasiada frequência. Depois da Patricia Highsmith, também agora vi Ps: I Love You, que tem a Hillary Swank, dias depois de ver o Boys Don't Cry.
Baseado no livro de Cecelia Ahern, Ps: I Love You para além da actriz, tem também Gerard Butler, que apesar de ter morrido, continua presente no desenvolvimento da vida dela, a comfortá-la e a arranjar-lhe que fazer. As mensagens continuam a chegar, a encorajá-la para continuar a vida, num filme muito musical, em que quase não há um minuto sem música.
Está frio, as pessoas lembram-se mais umas das outras, é entretenimento, é giro, vejam.

Juelz Santana para o album de 2010.

To a young child


Margaret, are you grieving
Over Goldengrove unleaving?
Leaves, like the things of man, you
With your fresh thoughts care for, can you?
Ah! as the heart grows older
It will come to such sights colder
By and by, nor spare a sigh
Though worlds of wanwood leafmeal lie;
And yet you will weep know why.
Now no matter, child, the name:
Sorrow’s springs are the same.
Nor mouth had, no nor mind, expressed
What heart heard of, ghost guessed:
It is the blight man was born for,
It is Margaret you mourn for.
Gerard Manley Hopkins. Tem de ser lido em voz alta.


Apesar de não ser um fenómeno com repercussões em Portugal (a menos que se excluam os clubes de rádio amadores), as pirate radios de Londres foram passos fundamentais para estabelecer géneros como o grime, drum n bass ou o garage. Hoje em dia não sigo nenhuma nem tão pouco sei se ainda existem as de qualidade, mas foram boas horas a descobrir musica que de outro modo não se podia ouvir em mais nenhum lado. Este é um documentário pequeno sobre os tempos iniciais e de como o governo luta contra esta forma de disseminação.

Só agora a escrever sobre ele é que me lembrei que Patricia Highsmith foi também a autora d'O Talentoso Mr. Ripley, pois li-os com um intervalo curto mas as capas eram de décadas diferentes, logo nem associei. Mas percebo agora as semelhanças, ambos trazem uma máscara como herança, ainda que escritos com uma subtileza feminina.
De 1977, Edith's Diary é acerca de uma vida normal a ruir, da perspectiva de Edith Howland, a mãe de Cliffie, que só dá problemas, acentuando-se com a adolescência e a mudança para uma nova casa, e mulher de Brett, que a abandona. Com a ida de Manhtattan para perto do rio Delaware, em vez de aliviar a vida da familia, começa a desmoronar-se a instituição familiar.
A escrita é uma neblina negativa cruzada com um ultra-realismo desconcertante, que vê Edith escrever no seu diário uma versão alternativa do que seria a vida. O tio George, que Brett leva por compaixão para casa, acaba por se afeiçoar ao que é o fim da vida dele naquela casa, enquanto Brett se muda com uma mulher mais nova e Cliffie, que o leitor vê crescer até se tornar uma personagem egoísta e psicótica. A personagem central, Edith, é brilhantemente construída, desassociando-se do mundo que a abandona, e criando uma realidade que a faz feliz.


Quarto episódio, com Sunn 0))), Converge, Darkthrone, entre outros.


Jay Winter analisa o impacto da Primeira Guerra Mundial em Sites of Memory, Sites of Mourning do ponto de vista dualista de catástrofe e consolação. É uma poetização da morte que se serve de outros eventos culturais e se auxilia da histórial cultural da Europa para explicar, fazendo uso da pintura, sociologia, literatura, imagética e espiritualismo, entre outros. É o dar uma casa para os mortos regressarem e descansarem, bem como o relato do que as famílias sofreram com as mortes e quais os procedimentos. Não consigo definir com exactidão a categoria do livro, mas é bastante interessante e o trabalho de pesquisa é sensacional.

O biopic de Harvey Milk acaba por se refugiar no papel imponente de Sean Penn, que faz de líder, tal como Harvey. É uma história de sobrevivência, a contestação às autoridades e a ambição de criar condições para os seus semelhantes, começando pela rua, bairro e cidade e alargando-se à extensão do país. Vale a pena ser contada a estória, no entanto penso que não vai ficar na história.

David Ogilvy, conhecido como um colosso da publicidade, tem uma escrita que para além de imediata, tem o talento de cruzar saber e arrogância. Tendo os créditos que tem, Ogilvy on Advertising é a forma escrita do que seria uma explicação informal de uma carreira com sucessos e falhanços, que faz questão de apontar ambos com o mesmo entusiasmo e como passos igualmente importantes.
Num estilo directo, Ogilvy percebe o mundo, interpreta-o e devolve-lhe o que acha que este precisa. A capa da edição que me emprestaram, em vez da fotografia dele, contém a frase "I hate rules", que serve como testemunho para a visão orgânica do consumismo, feito de pessoas para pessoas, sem regras e que se sujeita a surpresas.
As ideias são passadas com objectos em mente, tudo com exemplos concretos.

Filmado em 1994 e lançado em 1999, Blair Witch Project parece ainda pior hoje em dia. Ultrapassada a ideia que podia ser verídico, o filme tem mesmo muito pouca informação acerca do que se passa com os três estudantes. O filme resiste por duas imagens, coração que é encontrado e a imagem final em que Joshua volta a aparecer, no entanto não acrescentam nada. Os cinco dias na floresta do Maryland passam depressa e sem nenhum acontecimento. Boa ideia, mal executada.

O primeiro episódio de D.I.Y. America pode ser visto aqui. Tem vários artistas e personalidades a falarem da importância do skate na vida deles, entre outros, Harmony Korine, Tony Hawk, Larry Clark e Ian Mackaye.

Baseado numa história real (que acabou com a morte de Brandon Teena), a brilhante Hillary Swank (foi com esta interpretação que ganhou o primeiro Oscar), Os Rapazes Não Choram retratam a vida desta, uma rapariga que consegue passar por rapaz, sendo atraída por mulheres e por uma vida de ilegalidades. A forma como o tema é tratado é notável, pois sobressai o lado humano de uma pessoa que vemos ser odiada pelos crimes que faz, com a justiça atrás dela, mas que no fundo só está a tentar arranjar uma vida decente, perante o descrédito de todos.
O melhor que se pode dizer do filme, já com dez anos, é que parece real, as cenas de humilhação e as de felicidade.

Partilha pelo Dre. Clássico intemporal.

A segunda incursão de Kubrick pelo cinema, Flying Padre de 1951 segue Fred Stadtmuller, um padre no Novo México, nas suas viagens de avião entre as dioceses. É uma curiosidade apenas, em tom documental, feita quando o realizador tinha 23 anos. Dados os oito minutos de duração, o filme pode ser visto aqui.


Negative Approach 2009.

5am


Enquanto o primeiro Alien é cauteloso, os outros são assumidamente brutos, com personagens ignorantes. Consigo perceber o culto a partir do primeiro filme, com o soldado a espumar-se da boca, a maneira como Ellen Ripley corta o Alien ao meio, o ambiente pouco iluminado e a sensação de delimitação no espaço... até começar um combate de Transformers que não faz qualquer sentido. No segundo filme, Aliens, Sigourney Weaver interpreta a única sobrevivente, uma péssima escolha tanto de guião como de casting. Neste, talvez fique melhor na dimensão dos cenários usados e nas explosões, mas perde no geral. O trabalho de câmera melhora, mas os filmes pioram, ficando num limbo no terceiro e no quarto, que tentam expandir o conceito de invasão, falhando redondamente.

Faz hoje 40 anos. Curiosamente, enquanto estava a procurar mais informação, descobri que ele esteve neste concerto em Brooklyn. Nós fomos lá, mas já estava demasiada gente, por isso não deu para entrar. Tinha graça ver o Jay-Z num fim de tarde de Domingo.