Um dos regressos mais falados do ano passado, Sylvain Chomet consegue com The Illusionist mais um marco na animação, género que nos últimos cinco anos tem conseguido alcançar os píncaros da sensibilidade com produções fantásticas de todo o globo (Mary & Max da Austrália, o Studio Ghibli no Japão, a Pixar nos EUA, ou este filme em França). O argumento de Jacques Tati, nunca usado, incide na história de um mágico que vê a sua arte cair em desuso em prol de bandas de rock, e por isso, decide tentar a sua sorte em outras terras mais frias, na Escócia. Tudo, desde as cores, musicalidade, animações e argumento, é bastante bom, até na duração acertaram para uma obra compacta e genial.

Numa demanda 'egoista' pela história, o trabalho de Sean Cliver em Disposable: A History of Skateboard Art foi motivado pela falta de contexto de alguns livros de tábuas de skate, e este é realmente dos melhores. Pelo seu talento como ilustrador e pelo lugar que ocupa na história, Cliver foi capaz de não só reunir muitas entrevistas, bem como ilustrações de centenas e centenas de tábuas. Entretanto, já lançou uma edição revista, mas o primeiro livro mantém-se um clássico indispensável. Felizmente que a iniciativa foi pegada por boas mãos.

Organizado por marcas, New Skateboard Graphics de J. Namdev Hardisty foca-se na criação de gráficos de tábuas de skate desde o início dos anos 2000, com algumas entrevistas com ilustradores e donos. É bastante leve e interessante, e as marcas são variadas, desde a $lave e Zero até à Habitat e 5Boro. Vale definitivamente a pena.

Não ponho aqui vídeos de skate, no entanto por 1966 vir juntamente com um livro de de fotografias do processo de filmagem, merece o espaço. A edição foi bastante cuidada, com um CD com a banda sonora e as fotografias do livro, no entanto parece que a equipa Europeia da Vans não estava à altura. Os segmentos em que se antevêem o skater são engraçados, com uma contagem cronológica das diferentes eras do skate, mas o filme é curto, sendo também as fotografias do livro muito poucas. É ambicioso, mas podiam ter aproveitado melhor a oportunidade.

The Vinyl Frontier é um documentário independente dedicado aos vinyl toys, da autoria de Daniel Zana. Tem vários extras curiosos, como uma visita à colecção de protótipos de Gary Baseman ou o acompanhar do processo de moldar um boneco. No entanto, o documentário principal é uma colecção de entrevistas cuja qualidade de imagem varia drasticamente. Tem muitas lacunas, mas para quem gostar mesmo de vinyl toys, vale a pena, e até pelo circuito de distribuição reduzido suponho que não chegue mais longe.

A partir da colecção de prints que vem sendo coligida pelo Victoria & Art Museum, Street Art Contemporary Prints reproduz várias da obras que têm base no graffiti, com os maiores nomes deste fenómeno representados. As imagens aparecem divididas por categorias da mensagem que o artista pretende passar. Não é essencial, mas dado ser um de um arquivo de uma instituição tão reputada, pode ser o barómetro por que colecções institucionais futuras se possam medir.

Compilado por Ric Blackshaw e Liz Farrelly do Scrawl Collective, Street Art: In The Artists’ Own Words é mais um título da avalanche de novos livros dedicados ao tema, mas até acrescenta algo ao que existe, pois para além de muitas imagens, como o nome indica, dá a palavra aos artistas, num total de sessenta. O foco principal é o texto, que tanto expande o conhecimento sobre os artistas por aquilo que eles dizem, como engloba as coisas num movimento global e explica o mercado, bem como as opções que conduziram às carreiras de cada um.

Editado em 2004, Manifestations foi a primeira monografia de Mike Giant, ainda com a fama de writer e tatuador, mas longe da fama que conheceu como ilustrador, que se estende aos dias de hoje. Há várias peças reproduzidas em diversos meios, no seu estilo que mistura arte Mexicana com o traço Japonês. Para fãs de Giant e da Rebel 8, recomendo sem hesitações, pois a qualidade das obras é bastante elevada.

O livro Une Nuit reúne três anos diferentes do evento com o mesmo nome em França. Basicamente, numa noite, diferentes artistas ocupam ilegalmente a maior quantidade possível de placards da rua, com muitos artistas internacionais pelo meio. Existem variadas ideias bem executadas e vale a pena dar uma olhada.

Tanto para ser consultado como referência visual como para ser lido, Outdoor Types - An Urban Alphabet de Simon Jennings é útil e curioso. Para quem precisa de ver a aplicação de diferentes tipos de letra, cada uma do alfabeto aparece fotografada em diferentes usos, na generalidade na rua. Adicionalmente, cada letra traz uma espécie de biografia, onde constam as diferentes entoações, o uso pelas civilizações da história e quando apareceram, e as alterações que sofreram ao longo dos séculos.

Um livro dedicado apenas a uma pintura não devia prender alguém com entusiasmo, ainda para mais uma tão pequena, de um artista com tanto por explicar como Gerhard Richter. Curiosamente, em September, ele explica muito pouco, deixando as interpretações do quadro que pintou quatro anos depois do 11 de Setembro para o amigo, crítico e curador Robert Storr, que tinha uma ligação física ao espaço do suposto atentado, e cuja memória faz parte de uma partilhada, maior, pelos concidadãos e habitantes do mundo. Ficam por isso por dizer as palavras de Richter, substituídas pelos relatos de Storr do que aconteceu naquele dia, ficando a força bruta dos pincéis de Richter a falar sozinha.

Mais uma vez, com tantos livros sobre o tema, torna-se complicado filtrá-los, e por isso Street Artists - The Complete Guide é uma espécie de mini-dicionário, com mais de 50 artistas. Faltam uns, estão outros, nada de novo.

Uma sequela de Less Than Zero, Imperial Bedrooms de Bret Easton Ellis foi um regresso bastante falado. Clay é um argumentista que está a tentar vender o novo filme, mas isso é interrompido pelos adolescentes do livro que dá continuação, que estão agora na meia-idade. Um escritor tinha lançado um livro com a história de Clay e do grupo, que foi adaptado ao cinema, e este tipo de janelas são o que de melhor tem a escrita de Ellis, pois esbate-se o que é livro, o que é realidade, o que é passado do livro ou o que está a acontecer neste momento. Por mim, achei tudo muito confuso, talvez por não ter lido a estreia de Ellis, no entanto planeio dar-lhe outra chance no futuro.

Somewhere é dos piores filmes que eu já vi, e por ser da Sofia Coppola, não tenho prazer em dizê-lo. Os primeiros 15 minutos são sofríveis, pois não existe uma única linha de diálogo e as cenas são desinteressantes, mas enquanto levamos o tempo a perceber que a personagem principal é um actor, também nos apercebemos que dali não vai sair nada. No circuito de festas e raparigas, a relação com a filha que o acompanha é o que ele mais preza, num mau episódio do Entourage. Percebe-se a ideia de passar a mensagem que não pertencemos a nenhum sítio, que nunca estamos seguros, etc, mas o filme é realmente mau, sendo o título melhor do que o produto.