Um projecto de Ice-T, Something From Nothing - The Art Of Rap é um documentário deste ano sobre o impacto do hip hop no mundo, e o talento por trás das palavras dos rappers mais lendários. Muitas lendas das originais como Afrika Bambaataa, Melle Mel, Big Daddy Kane, Rakim, Doug E. Fresh, Q-Tip, Chuck D, KRS-One, Kool Moe Dee, DMC e Reverend Run e Ice Cube, mas também muitos da chamada nova-escola, que Ice-T põe à vontade, como Nas, DJ Premier, Raekwon, Redman, Mos Def, Eminem, B Real, MC Lyte, Kanye West, Common, Dr Dre ou Snoop Dogg. Muitos freestyles excelentes, cenas panorâmicas de Nova Iorque e Los Angeles fantásticas e entrevistas interessantes.
O filme de 1990 que cruza John Waters e Johnny Depp, com a boa selecção musical do costume nos filmes do John Waters, Cry Baby é um filme excêntrico, como só podia ser. Um grupo de amigos que se veste de preto e tem maneiras agressivas vem em oposição aos costumes de uma família aristocrática. Cry Baby, o líder deles, está apaixonado pela rapariga mais nova dessa família, que tal como ele é orfã. Jovens, apaixonados pelo rock 'n roll e com vontade de viver, o resto da família de Cry Baby é um conjunto de personagens notáveis do círculo de John Waters, com uma mansão que tem detalhes sensacionais. Eles têm uma banda, mas apesar do êxito local, Cry Baby é preso por delinquência juvenil. O toque de John Waters, único e genial, faz com que seja cultura popular no seu melhor.
Um dos responsáveis por Seinfeld e pelos filmes de Sacha Baron Cohen, Larry Charles, contou em 2008 com o comentador/humorista Bill Maher para ser a cara e voz do documentário Religulous. O comediante Americano anda pela América, Israel e outros locais supostamente bíblicos a questionar os crentes acerca da fantasia em que acreditam, deixando-os sem respostas na maior parte das vezes. Para os que não acreditam em Deus, é uma voz que cada um devia ter, para os crentes, é a voz que deviam ouvir, dada a absurdidade dos argumentos com que respondem. Essencial para todos os seres humanos.
Uma mulher é despedida e mete-se em negócios ilegais entre polícias, passando a andar atrás de pessoas perseguidas pela lei para ganhar dinheiro e por ter uma fixação com a pessoa que quer apanhar, que é um polícia. One For The Money parece uma série, a personagem principal não tem carisma para um filme e é um filme bastante fraco.
Um rapaz normal tem um tumor e tem de contar aos amigos e família a nova maneira de viver, sendo a chance de sobreviver dada a 50/50. A psicóloga que lhe é indicada tem apenas 24 anos, menos três do que ele, o que o deixa reticente ao inicio, naturalmente. Faz uma festa de despedida uns dias depois do diagnóstico e começa a quimioterapia, enquanto a namorada evita envolver-se em todos os aspectos do processo de cura. Anda envolvida com outra pessoa e é descoberta pelo melhor amigo, portanto ela sai de cena e aparece a psiquiatra com outro papel, como seria de esperar. O que vive o melhor amigo, o drama da mãe que o quer ajudar mas que ele tenta sempre afastar e os seus próprios medos, que exterioriza com uma grande calma fazem com que o filme seja agradável, ainda que pareça ficar algo incompleto.
O narrador tem uns dias livres por altura do ano novo, e decide passar uma semana ao sol. Com pouco dinheiro e vontade contra países Muçulmanos, a hipótese que se afigura é Lanzarote, que mais parece a lua, sugerida pela operadora de viagens. Neste pequeno livro de Michel Houellebecq, duas lésbicas Alemãs e um inspector Luxemburguês que lá vai ficar 2 semanas são companheiros do narrador, que impaciente e libertino, acha que caiu na pior brochura turística, pois Lanzarote não tem nada. Aluga um carro com o inspector Rudi e no primeiro mercado dão com um culto que acredita que a vida começa no espaço e que os humanos são afinal alienígenas. As descrições sexuais são péssimas, como quase sempre, dos encontros da Alemãs com o narrador, mas Rudi abandona o grupo e regressa mais cedo a casa para se juntar à seita, que acaba por ser engolida num escândalo de pedofilia. Pequeno livro depravado e com alguma piada.
Gleaming The Cube, 1988, com Christian Slater, que tem um irmão adoptado que é mais inteligente que ele, mas que é morto numa pequena complicação em que se mete. É feito parecer um suicídio, mas ele próprio investiga o caso, andando de skate e depois ajustando-se à sociedade. Tipicamente anos 80 e memorável apenas pela importância em expor o skate às massas.
E saber que Rambo - First Blood é baseado num livro de tal David Morrell? Mesmo para quem nunca viu nenhum filme do Rambo, é fácil de adivinhar o que se passa nele. Sylvester Stallone, regressado do Vietname, procura um amigo que afinal morreu de cancro. Traumatizado pela guerra, vagueia pela rua quando um policia que não gosta do aspecto dele e o escolta para fora de uma pequena cidade na montanha, mas Rambo tenta regressar e é preso. Dentro da esquadra a polícia interroga-o, e a única maneira que ele tem de sair de lá de dentro é a mandar um enxerto em dez polícias. Fácil. Foge de motoreta aos saltos e enfia-se na selva, estando o caldo entornado para cima da polícia. É fragatada por todo o lado, pedradas que mandam helicópteros abaixo, explosões como manda a regra. As forças da lei apercebem-se que ele é um herói de guerra, mas agora já matou polícias e continua metido na montanha. Têm de enviar o general de Rambo no Vietname, que os avisa que toda a gente que mandarem, ele mata-os. É um filme assustadoramente limitado, mas para que, como eu, nunca viu, até é curioso.
Um livro da série da revista dedicada às disciplinas que aborda, Juxtapoz - Poster Art é sobre o fenómeno da impressão. De alta qualidade, com entradas biográficas para cada estúdio ou artista, e depois algumas reproduções do trabalho, há uma grande variedade de práticas, dos mais independentes, dos que devem às colagens, mas também exemplos de ilustração infantil ou representantes de um estilo mais detalhado e aperfeiçoado, contado com nomes como Burlesque, Emek, Sheppard Fairey, Michael Motorcycle ou Tyler Stout.
Espaços públicos vazios, sem pessoas, prontos a receber histórias e novas memórias compõem Porto Interior. É uma edição bonita, com fotografias decentes tiradas por Inês d'Orey entre 2006 e 2011, ainda que suponho terem alguma edição para terem aquela estética. Maioritariamente de igrejas, piscinas, salas de espectáculo e museus.
De Julião Sarmento, 75 Fotografias, 35 Mulheres, 42 Anos é um conjunto de retratos fotográficos inéditos tirados ao longo de 42 anos. Algumas fotografias são mais pornográficas e expostas, outras de ocasião, tiradas em vários países e continentes. Patente até nas mulheres, atesta a proximidade do meio artístico em que Sarmento se movimenta.
Uma série de super-heróis que trabalham independentemente vê o seu ramo extinto durante vários anos. O Mr Incredible e um amigo recomeçam a salvar pessoas ouvindo as escutas da policia, mas à medida que The Incredibles sai do domínio familiar e destas pequenas aventuras para uma escala mais fantástica e de lutas, perde o interesse para os adultos. As piadas, a humanidade das personagens são o habitual da Pixar, mas é excessivamente longo.
God Bless America é rodado através do olhar de um homem desencantado com a América capitalista e obcecada pelas celebridades, bombardeado com publicidade a toda a hora e com uma filha de um divórcio que parece ir tornar-se mais um objecto que a sociedade manipula e em nada contribui para esta. Ele começa a imaginar que mata todas as pessoas cujos comentários o repugnam no trabalho, mas por queixa de uma colega, é despedido. Vê a filha que não gosta dele a ser um produto da geração que recebe um Blackberry aos 10 anos e chora por não ter um Iphone, enquanto ele pensa que tem um tumor na cabeça. Após mais uma noite a ver televisão, decide matar uma rapariga, levando uma colega que a odiava a estabelecer uma adoração por ele. Em vez de se suicidar, é convencido por ela a matar os pais da rapariga morta, por eles serem responsáveis pela educação dela as experiências terem de ser registadas, quando ele cresceu sem isso. No geral, boas piadas, violência gratuita e com um fundamento muito relevante por trás, num filme B moderno.
Rejeitando a propriedade privada, Leo Tolstoy, que era no início do século XX o mais famoso escritor graças a Anna Karenina e Guerra e Paz, contribui para o enaltecimento do seu mito. Ao criar uma espécie de religião libertária em seu nome, abana a sociedade Russa e desaponta a sua mulher e confidente, a Condessa Sofia (Helen Mirren, soberba). The Last Station é um filme mediano, onde os desvios do casal principal podiam ser melhor compensados, ainda assim tem um tema fascinante.
Apesar de ser mais visual do que académico, Stanley Kubrick - The Complete Films é daqueles volumes que produz um encanto dada a maneira como responde aos admiradores de Kubrick, fá-los revisitar as obras com que se identificaram, e ainda acrescenta pontos novos. Paralelamente a fotografias de cena e imagens de todos os filmes em que Stanley Kubrick trabalhou, há uma narrativa ordenada cronologicamente que traça a vida do realizador Nova-Iorquino de uma maneira descomplexada e sem encurtar caminho. Auxiliando-se das imagens, oferece dados sobre os filmes divididos por capítulos, e claro que tendo uma filmografia quase-perfeita como Kubrick, o trabalho de Paul Duncan surge algo facilitado, ainda que esteja o texto à altura da ocasião.
Com uma selecção de Michael Ochs, 1000 Record Covers cobrem quase 800 páginas, onde tirando alguns discos seminais dos anos 90, as escolhas são pouco óbvias, daí ser um objecto entusiasmante. Há pérolas de vários géneros que foi certamente preciso usar um pano do pó para tirar alguma poeira, algumas capas que são excelentemente desenhadas, e outras que são exóticas. Um bom guia de referência visual, e para quem estiver disposto a procurar, musical.
Da autoria de Josh e Bennye Safdie, Vão-me Buscar Alecrim é um premiado filme onde um pai divorciado recebe os filhos pequenos em Nova Iorque durante duas semanas. Habituado a outro tipo de vida, tem dificuldade em ajustar-se às suas responsabilidades e em fazer o papel que tradicionalmente lhe compete, partilhando o seu entusiasmo por coisas como o cinema (e aqui se percebe que é um filme autobiográfico para os realizadores). É um filme cândido, de fim de Verão, de revisitar memórias e espaços físicos que são criados pela tonalidade que o sol reflete em certos prédios. E claro, é humano, com um pai ainda criança, mas a fazer um papel tão bom de adulto que só mais tarde os filhos saberão agradecer.
Nas Cartas de Mário Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, o primeiro mostra ao segundo desde Paris a sua admiração e escritos poéticos em que trabalha. Sá-Carneiro conta o que vai vendo, as pessoas com quem se relaciona, os desenvolvimentos da Primeira Guerra Mundial, e a relação com o pai que lhe manda dinheiro e financia a Orpheu. À medida que o tempo vai passando, Sá-Carneiro quase que passa a suplicar a Pessoa que lhe escreva, havendo um claro distanciamento entre os dois, que é sempre encurtado por ele, dada a admiração que tinha por Pessoa. Um documento interessante para se saber mais sobre ambos.
Editado como continuação dos conteúdos do blog de Alex Johnson, Bookshelf é um livro compacto muito útil para apaixonados por bibliotecas e organização. Todas as propostas oferecidas cingem-se à pequena/média escala, e de prateleiras e móveis comercializáveis, mas as suas várias origens, bem como as soluções inventivas encontradas pelos seus designers, servem de inspiração para qualquer pessoa.
Há coisas difíceis de compreender, talvez explicadas pelo fenómenos de editoras pagarem a pessoas para fazerem ressenhas online, de modo a influenciarem a compra e criarem conversa em redor de um autor ou de um livro. No caso de Chad Harbach, que com o primeiro livro intitulado A Arte de Viver à Defesa, há uma manifesta incompatibilidade comigo. A premissa em que um jovem jogador de baseball tem um acontecimento em campo que o marcará para o resto da vida é entusiasmante, e o jovem Henry Skrimshander tem um percurso igualmente entusiasmante, chegando à faculdade. O que é impossível de tolerar é a lentidão e a absoluta imobilidade de uma escrita que demora a arrancar para não chegar a lado nenhum, ou aliás, para chegar ao acontecimento que já se sabia estar no horizonte. E o crescimento de Skrimshander? Mais valia nunca ter crescido. Há assim tanta gente a gostar de baseball em Portugal para a conversa em torno deste livro?
A fama como meio de sedução de um público iludido tem entretido as últimas décadas da existência humana, e esta atracção por Hollywood é estimulada mal as crianças nascem e são elas a desejar a fama, ao mesmo tempo que os pais querem que elas apareçam na televisão. Starsuckers é um documentário do Inglês Chris Atkins, com vários relatos de pessoas que lidaram com fama repentina, e exemplos de como é possível fazer as pessoas gostarem de famosos para consumirem tanto como eles.
As séries acessíveis da Taschen dedicadas à pintura, fotografia e cinema são um daqueles tesouros que mais tarde havemos de mencionar, dada a utilidade que tiveram para tantos jovens, e pelos preços a que permitiram tanta gente aceder a reproduções e textos de qualidades sobre nomes cimeiros das artes. No volume dedicado a Roy Lichtenstein, a biografia dele mescla-se com a pop art, que no seu sentido genérico de um século XX efervescente,tem o simples, adorado por massas, que se mistifica e ao mesmo tempo se torna acessível. Lichtenstein celebrizou-se pelo uso de uma técnica a imitar a impressão, para uma disseminação rápida, mas sendo um artista licenciado em artes quando isso não era comum, ele dominava a técnica e esta busca por uma nova linguagem foi desafiante. Amante e espectador de jazz na Nova Iorque nativa, até chegar ao estilo de banda desenhada, Lichtenstein tentou pintar de maneira mais vanguardista ou convencional, mas foi com o humor que achou a fórmula que o deixou na história.
Como Varg Vikernes avisa, Sorcery and Religion In Ancient Scandinavia não é um texto académico, daí a sua estrutura mais livre. O que não faz com que deixe de ser um livro muito interessante e bem apresentado. Nos vários temas que aborda, começa com a aprendizagem do homem da Idade da Pedra acerca do sol, da fertilidade, das estações, e da sua compreensão do mundo que o rodeava. O papel dos feiticeiros nesta evolução, numa época em que o mundo tinha uma religião comum, ocupa um misto de realidade , passando estes a ser padres, e de mito, pois os espíritos da natureza da antiguidade passaram a ser Deuses. As sociedades matriarcais em vigor na época, devido à (acreditava-se) exclusão do homem no nascimento de um filho, serve para introduzir a vida em sociedade, onde reis e rainhas tinham de ser os mais capazes, e por isso, anualmente haviam testes que precisavam de superar ou arriscavam-se a ser substituídos tanto no trono como no matrimónio. O calendário, que tinha então quatro semanas do mês (uma para cada fase da lua) e o primeiro dia do ano no Halloween, que era o fim do Verão e dia dos mortos, tinha muitas datas especiais para uma população maioritariamente agrícola, e que obedecia às condições meteorológicas, sem saber o que esperar. Por fim, as runas ocupam uma grande parte do livro, os 24 símbolos e respectivos poemas e explicações dedicados aos três tipos existentes. Em jeito de conclusão, a história original da Cinderela é um dos exemplos mais latentes da apropriação de lendas desta cultura anciã.
My Week With Marilyn Em 1956, Marilyn Monroe foi com Laurence Olivier fazer um filme para Inglaterra, e Colin Clark, um rapaz, escreveu um diário sobre esse momento, que foi também o seu primeiro trabalho, a ajudar na produção. Em My Week With Marilyn, os conflitos interiores e com a produção da actriz, à medida que as suas fragilidades são expostas e a relação com Clark progride, diminui a sua aura e cresce a fantasia do filme. Casada três vezes, Marilyn é o centro de um mundo que nem consegue ver. Ela e Clark envolvem-se, de nada servindo para a sua auto-estima, e tal como diziam, ele fica com o coração partido. Acaba por parecer tudo muito rápido, o que é pena, pois era certamente meritório de um filme de outra dimensão, como demonstram as belíssimas cenas de Windsor. E claro, há ainda coisas totalmente irreais, que nem no melhor sonho que este é suposto ser, poderiam acontecer.
Depois da mãe falecer, um rapaz tem de andar com a família a vender drogas e outras actividades ilegais. J tem 17 anos e em caem corpos em seu redor, tornando-se uma questão de sobrevivência a coexistência com a família. A namorada morreu com uma overdose quando ele acabou com ela, induzida pelo tio dele, e durante o filme de David Michôd, não há momento algum em que se julgue que há esperança para as personagens. A montagem e sonoplastia de Animal Kingdom é bastante boa neste filme negro com actores Australianos de grande calibre.
Um músico esquecido por quase todos, com 57 anos e sem dinheiro, Bad Blake só tem a reputação e um problema com o álcool. Ele vai tocando onde o chamam, com músicos locais, e vive entre procurar amor e trabalho. Depois de um acidente, são-lhe ditos os efeitos que o álcool e os cigarros tiveram e muda-se para casa de uma jornalista, tendo uma vida normal em casa. Após isso, Crazy Heart fica sem desenvoltura e acaba por ficar para a história pelo papel de Jeff Bridges.
Começando com uma série de músicos ídolos de muito boa gente a prestarem homenagem a Chuck Berry, Hail Hail Rock n Roll é rico em histórias, com filmagens ao vivo de um concerto especial em torno do qual é rodado o documentário. Sem banda, só com uma guitarra na estrada, Berry pede uma banda em cada sítio que toca, no entanto esta produção é o oposto dessas décadas na estrada, onde todo o carisma, talento e mau-feitio dele surgem rodeados por Bruce Springsteen, Keith Richards, Eric Clapton, entre outros.
Construído por um luthier num campo de concentração, The Auschwitz Violin determinou o seu destino através desta empreitada. Nos dias de hoje, o violino pertence a uma sobrevivente que conta a história. A escrita de Maria Angels Anglada visita alguns lugares comuns: o destino do luthier, a salvação inesperada do campo de concentração, o reconhecer o violino pelo som ou a história contada pela filha adoptada, no entanto é uma história bonita e convincente.
A funcional marca Sueca e acessível de mobiliário por montar ter um livro não é devia ser motivo de surpresa, dada a qualidade do seu fundo de catálogo. Em Ikea The Book, forma, função e preço são determinantes para os vários dos designers envolvidos nas cinco décadas da empresa. Através dos catálogos e arquivos, busca episódios curiosos da história da marca e dos seus produtos, sendo um livro grande e com muitas fotografias, e com algum humor, a falar dos plágios.
Após isto, ainda passava a ser um blog dedicado ao Rambo! Em First Blood Part II, depois de ser encarcerado pelo que fez no primeiro filme, é-lhe oferecida a possibilidade de sair da prisão para regressar ao exército numa missão. Lá anda ele pela selva a resgatar os objectivos, é abandonado pelo exército e capturado pelos Russos. Rambo arranja uma mulher por 10 segundos, até ela ser morta, e, libertando-se dos Russos, é altura de vingar a traição do exército. Rouba helicópteros, estoira com outros, o expectável. Rambo III Na Tailândia em vez de ter regressado aos Estados Unidos, voltam os problemas interiores, as lutas com os Soviéticos é levado para o Afeganistão para a guerra tem um sidekick que é um miúdo, salvam-se mutuamente explosões de veículos do costume Rambo IV Continua na Tailândia e agora dedica-se 'as cobras um grupo de missionários pede-lhe ajuda para subir o rio para entrarem no Burma para entregarem provisões aos locais, mas é uma zona de guerra leva-os e depois de um susto inicial, convence-os a regressar a casa, mas eles desaparecem e Rambo é contactado para levar um grupo de mercenários que os pode encontrar tirando talvez o primeiro, é o melhor de todos pela história, pela fotografia, pelo desenrolar o mais violento, e no fundo, o melhor dos 4.
Narrado por várias personagens que querem aproveitar a vida, O Duelo de Anton Tchékhov foi escrito em 1891. Dois amigos relaxam no mar e um confessa já não amar a mulher, pelo que precisa de ajuda para a deixar, pois conhece outra. É-lhe dito que mais que amor, passados uns anos, é preciso paciência. No Caucaso, procuram todos o inédito, que lhes traga alguma agitação. Em casa do mais sensato, que não demovia o amigo dos sentimentos odiosos pela actual mulher, comiam um diácono e um zoólogo. Este último odeia o ausente por dezenas de motivos. A mulher que tentara deixar estava também envolvida com outro homem, ainda que se arrependesse, e todas as personagens se juntam num piquenique, que obviamente não corre bem. As desconfiaças existem também no lado das mulheres. Na iminência do corte de várias relações e partidas, o homem no centro de tudo tem um ataque de histeria e vira-se contra o amigo que lhe ia emprestar o dinheiro para voltar a São Petersburgo, mas exalta-se e propõe um duelo, que o zoólogo aceita de imediato, sem ter nada a ver com o assunto, e apenas movido pelo ódio. Daí surge uma boa lição da natureza humana. Tchékhov não é extravagante, antes controlado e com uma excelente noção de ritmo.
Realizado por Sidney Pollack a convite do próprio Gehry, que rejeitou outros documentários sobre ele, Sketches of Frank Gehry é principalmente sobre o processo de conceptualização e o trabalho manual do arquitecto. Pela familiaridade entre ambos, há temas como a infância, a mudança do nome Judaico, a admiração por Alvar Aalto e pelo hóquei no gelo, o trabalho de equipa, a ida do Canada para Los Angeles, as críticas negativas, que são acessíveis e discutidos. As raízes modernistas e a tentativa de se expressar através dos materiais, até uma cisão completa com todas as regras e estilos surgem também num registo muito pessoal e íntimo. Grande parte do foco está no museu Guggenheim de Bilbao, com contribuições interessantes das pessoas envolvidas, havendo vários testemunhos de artistas e arquitectos ao longo do documentário.
Com uma montagem muito amadora, The Pervert's Guide To Cinema é narrado e escrito por Slavoj Zizek. O filósofo defende que o cinema é a arte dos pervertidos, pois não dá o que desejamos, diz-nos o que desejar. Dividido em três capítulos, analisa vários filmes de diferentes eras do cinema no seu Inglês macarrónico como Matrix, Os Pássaros, Psycho, filmes dos Irmãos Marx, O Exorcista, O Testamento do Dr Mabuse, Alien, O Ditador, Mullholand Drive, Dr Strangelove, Fight Club, Vertigo, Solaris, Persona, Eyes Wide Shut, A Pianista, Dogville, ou seja, tudo de topo. As considerações que o Esloveno faz são muito aleatórias (a ligação entre o sorriso do gato de Alice que perdura quando ele desaparece e o desejo de dançar materializados nos sapatos de The Red Shoes? Flores serem proibidas a crianças?), indo aos sítios onde as cenas são passadas no filme. Outros dos temas lançados são por exemplo os níveis do espaço ou da relação entre as personagens, a serem o id, ego e superego, a voz nos filmes sem corpo, a imortalidade das figuras masculinas de Lynch e ideias Freudianas. Claro que vale a pena por ser uma discussão de filmes bastante interessantes, e Zizek diz que para compreender a realidade de hoje em dia é preciso o cinema.
Com um óptimo cuidado estético, Format Perspective é um documentário sobre pessoas envolvidas no skate na Suécia, Irlanda do Norte, Irlanda, Londres (com o editor da revista Kingpin), Alemanha e Espanha. Em vez dos skaters, são os fotógrafos a falarem sobre as cenas locais. A edição, com muito trabalho em cima, faz com que tenha uma fotografia nostálgica, como um filme que parece queimado pelo sol. Os diferentes fotógrafos falam das motivações, no trabalho de colegas que lhes interessa e no que buscam nas imagens que tiram. Uma voz independente e um produto muito bem executado.
Baseado no livro de Kathryn Stockett, The Help tem como personagem principal uma mulher negra que ao crescer já sabia que iria ser empregada doméstica. Cuida de crianças brancas enquanto as dela crescem com outras pessoas, e essas crianças brancas têm os próprios filhos, e uma delas quer escrever um livro sobre a perspectiva das amas negras. Inicialmente relutantes, após algumas tragédias, muitas aceitam falar. A descriminação para com quem criava as filhas, que não podia usar as mesmas casas-de-banho que as crianças brancas é o pólo que comanda todos os sentimentos das diferentes personagens. Os cenários são magníficos, das grandes casas do Sul, bem como os interiores, num filme feito para os Óscares, com grandes valias.
O designer Mathieu Lehanneur, cujas criações têm um forte carácter biológico e científico patente nas inúmeros peças que tem desenhado em conjunto com cientistas, tem um livro dedicado às peças, bem como às imagens que o inspiraram para cada peça, e o processo. O resultado final é quase sempre deslumbrante.
Sem dúvida dos projectos mais estranhos, Anna Nicole é um filme da peça/ópera sobre a vida de Anna Nicole Smith. Talvez seja uma adaptação dos tempos modernos de muitas tragédias, o que é certo é que é uma produção muito elaborada, com mais de 40 cantores em palco, idealizada por Mark-Anthony Turnage. Se houvessem poucos motivos para duvidar desta ópera, acrescente-se o facto de ser uma produção Inglesa. Confesso que não conheço nenhum libreto moderno, mas os cenários apesar de obviamente modernos, são muito bonitos. Ainda assim, parece uma piada que se esgota rapidamente, sendo os seios da falecida actriz o ponto central de todo o primeiro acto, sendo o segundo reservado para o marido idoso e o filho Daniel, que morreu antes dela.
Barthes, que segundo o próprio não tem paciência para ser amador da fotografia sequer, procura definir pelas suas palavras a força que certas fotografias têm. E é nas suas palavras que reside o problema da sua expressão. Reconheço-lhe o génio e a escola, mas a forma de escrevem em dez linhas o que podia ser dito em uma é exasperante. Sei que dizer isto de uma figura dadas palavras como Barthes parece provocante, mas a minha incompatibilidade é de há muito. A imagem fotográfica e o pêndulo entre a vida e a morte são dois interessantes conceitos mentais de A Câmara Clara. Quantos às fotografia, muito bem escolhidas, com comentários acertados que denotam um bom olhar, finalizando com uma teoria sobre a nossa memória colectiva e a morte, através de uma fotografia da mãe, o que fica sempre bem.
Em 2003, Louis Theroux vai ter com famílias Americanas que vive em comunidade com valores racistas de extrema direita, descendentes do KKK. Nas questões que faz tenta impor a visão dele em vez de deixar as câmaras fazerem o relato, o que é algo incomodativo, bem como as perguntas disparatadas que faz, como pedir para dormir na casa de uma pessoa que acabou de conhecer, Tom Metzger, famoso pela actividade como orador e escritor dentro dessa temática é o ponto central da história. O agente dele desperta uma curiosidade no narrador, pois já esteve preso por tráfico de cocaína, e um dos organizadores de um evento onde Metzger vai falar convida-o para ir ver a casa uns dias antes do evento, decorada com várias insígnias nazis, com vários filhos. Em Louis and the Nazis, a estupidez leva-o a levantar a suspeita sobre ele próprio ser Judeu, levando a uma discussão em casa das pessoas que ficam reticentes quanto a eles e que se expõem como aquilo que são. Chegado o dia do evento, há muita gente lá reunida, incluindo Lamb & Lynx, que são o alvo do segundo documentário. Preparadas pela mãe para serem um duo, estudam em casa com a mãe que as educa. O avô foi o responsável pelo tipo de ideologia da família, e uma das cinco filhas de Tom era responsável pela Liga Ariana Feminina. Entretanto, Metzger, o agente e Louis vão até ao México, tirando Louis da sua posição confortável, e o que começam a fazer lá é tão estranho que tem imensa graça. Louis ofende Metzger, o que por piores que sejam as ideologias dele, não é o seu papel. Quatro anos depois, volta a estar com Lamb & Lynx, que mantém a carreira musical, num documentário mais curto chamado Nazi Pop Twins, mas muito mais bem executado, até por ter menos tempo de Theroux em frente à câmara. Num ano na vida delas, em que têm de viver com ameaças de morte, e estão a querer ficar mais independentes, há várias mudanças. Os protestos contra a mãe aumentam com a mudança para o Montana, tanto dos residentes, como das raparigas, sendo o documentário interrompido e ficando a ideia de um objecto incompleto.
Conhecidos como o melhor e o pior do futebol na America, os New York Cosmos foram uma equipa de estrelas. Once In A Lifetime é um documentário onde a história do clube em 1977 se cruza com o começo do futebol nos EUA. Aquela que foi a primeira equipa decente do país e a adaptação dos Americanos a este desporto, num tempo de ingenuidade em que até os investidores desconheciam o futebol, acabou por dar frutos. As histórias aparecem contadas pelos antigos jogadores, treinadores e pessoas envolvidas com os Cosmos e o futebol na América, incluíndo a mítica dupla de atacantes. É um documentário muito completo e bem montado.
Realizado pelo filho de William Colby, um agente da CIA, The Man Nobody Knew - In Search of My Father inicia com o percurso no exército e por todo o mundo em treinos e missões de Guerra contra os Nazis. Em Itália conhece a mãe do realizador enquanto faz diferentes missões, bem como no Saigão, Vietname e Cuba. Durante a administração Kennedy fez parte de uma das épocas mais decisivas do século XX e esteve presente em vários dos pontos onde os Estados Unidos estiveram activos. Importante foi também o relacionamento com a mãe (não fosse isto realizado pelo filho do casal) e o papel dela ao lado dele, inverso à complexidade de todas as relações que ele tinha, que o levaram a comandar a CIA, e depois a ser afastado. Com muitas imagens da época e relatos de familiares e colegas é um filme com uma perspectiva única e com bastante material. A busca não é dada por finalizada, pois a morte de Colby numa canoa no rio que gostava não parece fazer sentido.
Uma produção conjunta da Finlândia, Alemanha e Austrália (?), Iron Sky não pode ser julgado pelo mesmo padrão dos filmes de ficção-científica de Hollywood. Com animações péssimas e efeitos especiais ainda piores que o humor, a premissa de que havia Nazis na lua, que se preparam para regressar à Terra, e por isso aprendem os costumes dos Terráqueos, é engraçada. O astronauta que eles capturam é negro, e tal como todos os terráqueos, é um idiota. A missão dele é permitir aos nazis extraterrestres falarem com a presidente Americana, mas claro que a chegada à Terra corre mal. Há coisas com piada como a influência do Ditador de Chaplin ou Sarah Palin como presidente, ainda assim, fica bastante aquém.
Cem artistas, na sua maioria latinos, foram convidados a interpretar Qees de oito polegadas. Não são customizadores habituais, mas alguns aplicam técnicas interessantes, sendo Swab Toyz uma colecção boa, com o propósito de ajudar a luta contra a SIDA.
Chanel - Collections and Creations não é a monografia em formato de mesa de café que a casa Parisiense merecia, ainda assim é um livro que vale a pena ler, escrito por alguém exterior à marca. O perfume N.5, os princípios seguidos por Coco e as homenagens dos criadores que se seguiram são alguns dos focos, bem como o preto e branco que, obviamente, marca a estética.
Reprodução conjunta dos quatro números de Newton's Illustrated, cada um dedicado a um tema como a fama ou nudez. Fotografias belíssimas a preto e branco (exceptuando algumas do último número), encenadas, que traduzem requinte e luxúria.
Into The Abyss é o projecto final de Werner Herzog, relativo a Death Row, lançado em 2011, elabora nas entrevistas e acrescenta muitas outras filmagens e entrevistas com pessoas envolvidas no processo de tirar a vida a um homem, com Herzog sempre inquisitivo. O realizador considera que os seres humanos não devem ser executados, ainda que imagens do crime de Michael Perry, de como a casa ficou após o homícido e uma reconstrução por parte do xerife mostrem a crueldade dos crimes. Para passar a noção da gravidade do crime, entrevista o irmão de uma das vítimas, a irmã e filha de outra e várias outras pessoas que contribuem imensamente para a história, numa perspectiva apaziguadora e com um final em vista.
O primeiro filme de Wong Kar Wai em Inglês é uma ocidentalização de muitos momentos e sentimentos orientais para a óptica das massas. Em My Blueberry Nights, uma rapariga (curiosamente um símbolo dessa transposição, filha da Ravi Shankar, mais conhecida por Norah Jones) tenta reencontrar uma pessoa num bar onde o dono lhe diz que as sobremesas acabam sempre quase todas, menos a tarte de mirtilos. Ela muda-se de cidade para esquecer o rapaz, e encontra um policia em Memphis que tem um hábito de beber após o divórcio. Apesar de ser muito simpático para ela, é abusivo para com a ex-mulher, que também tem problemas com o álcool. O filme acaba por se extremamente lento e entediante por causa desse ciclo. Para o quebrar, a amizade com a nova rapariga que aparece (Natalie Portman, muito bem), é despachada a toda a pressa. Mantém-se em contacto com o dono do bar em Nova Iorque e o seguimento da amizade deles é uma carga de clichés.
Acontece eu não saber que tipo de filme me é apresentado. E também acontece que eu queira ver filmes que vão ser maus. Em Pasadena, um rapaz vai ter uma casa para ele e os amigos, onde organizam uma festa para as pessoas da escola. No entanto, ninguém conhece a pessoa que faz anos, o que não impede que aparece muita gente. As músicas tocam alto, partem-se coisas, e o Project X é o trabalho de uma das personagens, que está sempre a gravar um vídeo. Parece um longo videoclip, sendo a ênfase mais nas musicas do que na história, que é apenas uma sequência de cenas aleatórias. Uma espécie de American Pie para os mais novos.
Há livros que não recebem nenhum destaque, mas que acabam por ser as mais-valias nas bibliotecas. Full Bleed é um exemplo latente de como até com grandes nomes (e um trabalho a esse nível), as teias da distribuição podem salvar muitas carreiras, e renegar outros livros ao esquecimento. E é exactamente contra esse esquecimento que as muitas fotografias (304 páginas) lutam. Cingindo-se ao espaço físico de Nova Iorque, há no entanto três décadas diferentes de fotografias de mais de quarenta fotógrafos, a maior parte nomes cimeiros e com grande representatividade no que toca ao skate. Soberbo não só o exercício nostálgico para alguns, o revisitamento histórico para outros, mas igualmente um fantástico livro de fotografia técnica, não fosse o skate pioneiro em inúmeras técnicas de registo fotográfico e fílmico. Não se pode dizer que ou os fotógrafos ou os skaters tenham mais destaque no livro, pois é claro que a grande inspiração é a rugosidade da cidade Norte-Americana, cujas ruas são retratadas com grande reverência e beleza neste conjunto de fotografias.
Andy Warhol Giant Size é um daqueles esforços hercúleos que faz a ponte entre o catalogue raisonné e a porta introdutória para um artista a ser usada por um público mais vasto. A posição de Warhol na arte moderna mantém-se aquela que sempre desejou, e se as duas mil imagens divididas pelos sete quilos deste livro parecem um número absurdo, é certo que com a produção da sua Factory dava para encher bastantes vezes este número. Muitas das obras que marcaram a pop art, muitos objectos pessoais e mundanos, fotografias privadas, alguns textos críticos e um pesado emblema para a sala de estar que atesta a vanguarda dos habitantes.