Em 1976, Martin Scorsese teve um dos seus melhores momentos ao fazer Taxi Driver com Robert De Niro. Este último, a interpretar um ex-fuzileiro que sofre de insónias, tem um dos grandes papéis do cinema, ao vaguear pelas ruas de Nova Iorque enquanto tenta achar um significado para a vida urbana, ao deixar o tempo passar a conta-gotas. A banda sonora de Bernard Herrmann concede um toque majestoso ao filme, que pauta pelo realismo. Travis Bickle (De Niro) no final, a sorrir e a ver a cidade passar no retrovisor é fantástico. Chamem-lhe finest hour.



Estive a ver estas peças do Studio Job em pessoa e a melhor descrição é em Inglês: "absolutely sick."


Nova adição, fui eu que lhe dei a côr.

90s


A primeira vez que vi Kids terá sido por volta de 1996/97. Foi um dos filmes que mais me marcou (e entre outros factores, um dos motivos que um ou dois anos depois me levou a comprar um skate), mas consigo agora perceber que foi apenas pelo shock value, porque aquela não era a minha realidade (nem eu tão pouco me aperceberia do que realmente se passava). O filme de Larry Clark e Harmony Korine é um olhar sobre uma geração urbana perdida, mas olhando com os olhos de hoje, os primeiros 45 minutos são muito bons, mas o desenvolvimento acaba por ser "ressacante" (até porque é a única coisa que eles fazem a partir daí). Falta ritmo e a personagem da Chloë Sevigny (Jennie) é a única que dá alguma côr à história, mas em vez de reverterem para a questão da SIDA, mantém a visão do Telly.
Continua a ser um documento fantástico sobre esta era, e como curiosidade, os excessos do filme são por vezes tão verdadeiros que tanto o Justine Pierce (Casper) como o Harold Hunter já estão mortos.

RIP


Roc Raida.
Fica aqui a pare um, dois e três de um programa de rádio do Dj Eclipse e do Premier só com musicas onde ele entrava/produzia e onde muita gente começou a ligar para lá a contar histórias dele.

Realizado pela lenda do skate Stacy Peralta, Crips & Bloods: Made In America relata a história dos gangs negros de South Central em Los Angeles, lembrando o valor relativo das vidas: o facto de poderem não ter valor aos olhos do governo e depois fecharem-se numa guerra contra eles próprios.
Os mais novos não conhecem mais nada, exemplificado por aquela menção que há aos miudos que vivem em Los Angeles e nunca viram o Oceano.
As imagens de arquivo são boas, ainda que a montagem geral não seja muito apelativa, e os contributos dos ex-afiliados são interessantes. Insiste na habitual ideia de que os gangsters são violentos porque são criados em famílias desfeitas, sempre demasiado snetimental, mas penso que seja o propósito educativo do filme. A imagem das mães a chorar é um bom final. Ausentes ficam os que morreram e os que estão na prisão.
Apesar do cuidado estético, o resultado acaba por ser pouco esclarecedor. É um documentário? É um filme? As ideias principais já todos os jovens interessados no tema conhecem, mas será que o filme tem capacidade de alcançar outro tipo de audiência? Penso que não.

Realizado por Robert Wise, The Day The Earth Stood Still é uma peça fantástica de cinema de ficção científica. De 1951, apesar de os efeitos especiais não o denotarem, são até bastante convincentes, acompanhados por uma cenografia competente. Depois de um ovni aterrar em Washington DC, em vez de procurar a amizade, o Governo é hostil para com os visitantes, ao mesmo tempo que Klaatu se insere numa família e procura a ajuda de um conhecido cientista, de modo a promover a paz e parar com a proliferação de armas nucleares.
As cenas foram copiadas até à exaustão em filmes que recriam uma invasão alienígena, no entanto é pena que o comentário social e o papel dos "invasores" não seja recriado. Dada a incapacidade dos terráqueos se entenderem, de modo a promover a co-existência no universo, tivemos de ser avisados para nos entendermos.
É um dos grandes marcos do cinema, uma história muito boa, com um significado por trás, e a brilhante interpretação de Michael Rennie.


Terceiro episódio, dedicado a American Nightmare e Converge.


Mais um livro da série Icon, desta vez de John Heaton acerca de Wittgenstein, intitulado Introducing Wittgenstein.
Wittengstein foi um génio, como atesta Bertrand Russell, seu professor e depois admirador, até pelo peculiar percurso (Wittengstein não acabou o curso pois foi dois anos meditar para a Noruega) Era obcecado pela morte, talvez um recalcamento dos quatro anos passados na guerra.
No seu Tractatus logico-philosophicus, Wittgenstein fala sobre o seu mundo, buscando a compreensão ao lidar com factos. Tinha a capacidade de clarificar as análises ao cingir-se às partes elementares do pensamento, e explicá-lo através de uma linguagem com códigos que todos entendemos, sem ser possível ou necessário mostrar a forma desta linguagem.
A visão que Wittengstein dá do "eu" é genial e falarei sobre isso daqui a uns tempos. A biografia é fascinante, com tudo o que ele desprezava e ignorava a contribuir para este pensador, que se dedicou aos pensamentos interiores e aquilo que extravasamos.

Só agora ao escrever esta entrada descobri que existe uma adaptação com Sandra Bollock de Premonition. Este original de Norio Tsuruta é um filme competente, com suficientes pontos de interesse. É baseado numa história manga, onde um homem consegue ver o futuro, neste caso a morte da filha, e que inicia uma série de eventos, apenas olhando para um jornal. Os efeitos especiais são muito amadores, mas até tem o seu encanto este drama psicológico.

Slavoj Zizek, o autor do ensaio Violência analisa casos particulares e sai daí com uma verdade absoluta, o que não parece ser o método mais viável para analisar os comportamentos das massas. Imagina um raciocínio à volta do tema, buscando prová-lo, quando na realidade não h´å qualquer ligação.
Os talentos de Zizek como historiador e narrador, são óbvios, bem como os conhecimentos de uma vanguarda filosófica que inclui bio-politica e comunistas liberais.
Por entre os indícios de cultura popular como poemas e filmes analisados, Slavoj Zizek foca-se em movimentos como as revoltas comunistas, o Maio de 68, os saques em New Orleans pós Katrina, a reacção a caricaturas de Maomé e o holocausto. Tem o seu interesse, mas não é essencial em nenhuma livraria.

O centenário do livro de Adolfo Coelho, uma colectânea de Contos Populares Portugueses carece de um novo volume, com uma recolha mais a norte do país, zona com maiores tradições neste campo.
As histórias, de inegável popularidade e relevo histórico, acabam por ser repetitivas nos temas, geralmente à volta de princesas e de riqueza momentânea. Há muitos outros tipos de histórias populares. Ressalta então, uma moral que se sobrepõe à história, terminando esta abruptamente, várias vezes, bem como uma crueldade invulgar, com decapitações, incesto e violência familiar a serem comuns. Tudo com o intuito de passar a boa moral, claro.

Depois da loucura desta semana, decidi dar uma hipotése a Angels & Demons com Tom Hanks. O enredo é todo demasiado acelarado em prol de um final que tem mesmo de aparecer. É um misto de O Código da Vinci com Missão Impossível, alguma acção, algumas curiosidades cientificas, algum suspense, mas nada de memorável.

As listas são sempre subjectivas, mas fica aqui uma lista dos melhores ténis da presente década de acordo com a revista Complex. Do Top10, os únicos que me parecem merecedores são os Tiffany e os Yeezy. Por uns ténis com a toebox transparente no número dois, e dar o primeiro a uma colorway má dos Jordan IV é um bocado inglório.

Mais uma investigação ligeira à alegada ligação do Jay-Z com a Maçonaria que pode ser lida aqui. Confesso que a ideia da imagética usada na Rocawear sempre me pareceu infundada, dado ser trabalho de designers gráficos que se sentem atraídos pelo simbolismo, mas aquela interpretação das letras parece-me válida e distante do fervor religioso que se abate sobre discussões do género. A ser verdade, é surpreendente, dado o passado dele na rua.

Este vídeo é da sessão onde foi montada e depois fotografada a instalação que está na capa do Blueprint 3.

OrganicAnagram.com
já está registado como domínio. A seu tempo serão revelados os projectos. Obrigado pelo apoio.



Aqui estão as três cores, o vermelho ainda não está disponível.

Não achei nada de mais, mas houve uma genialmente bem metida: "Eu pensei que esse seu passado Estalinista fosse já passado."

Não partilho da admiração que a maior parte das pessoas parece ter (melhor skater de sempre é rísivel), no entanto é notória a contribuição que o Paul Rodriguez tem tido para elevar o skate em termos de presença nos media. Este é o anúncio aos P-Rod III, provavelmente "demasiado bom para" uma equipa de skate, mas quando se tem a Nike por trás, fica tudo mais fácil.
Já tive as três colourways na mão, que vão ser lançadas no final do mês. Amanhã deixo fotografias.

I just want to see a streetfight.

Falando de uma coisa mais positiva, o Michael Jordan entrou para o Hall of Fame da NBA neste 11 de Setembro. Não entendo como é que se conceptualiza um Hall of Fame sem ele. Quem cresceu nos anos 90, como eu, enchia as paredes do quarto de posters de coisas que gostava, raparigas, futebolistas, músicos. O único que eu tinha nessa altura era o Jordan. Não havia mais ninguém, para mim.

Já agora fica aqui uma das minhas últimas aquisições. Valia até só pelos ténis.

Us

Como prometido, aqui fica o roteiro do mês de Agosto, dezanove depósitos de gasolina e oito mil milhas de estrada. As abreviaturas são as mudanças de estado.


31/ Seattle (WA), Tacoma, Mount St. Helens 1/ Portland (OR), Salem, Lincoln City, Newport, Waldport, Florence, Coos Bay, Bandon 2/ Brookings Harbor, Crescent City (CA), Trinidad, Eureka, Mendocino, San Francisco 3/ San Francisco, Oakland, San Jose, Manteca 4/ Sonora, Lake Don Pedro, Yosemite National Park, Fresno, Paso Robles 5/ San Simeon, San Luis Obispo, Ventura, Los Angeles, Santa Monica, Iglewood, Compton, Venice, Long Beach, Huntington Beach 6/ Orange, Anaheim Disney 7/ Laguna Woods, Laguna Hills, Carlsbad, Encinitas, San Diego, Chula Vista 8/ National City, San Diego, Chula Vista 9/ Newport Beach, Sunset Beach, Redondo Beach, Venice Beach, Los Angeles, Burbank, Glendale, Pasadena, Primm 10/ Las Vegas 11/ Las Vegas


12/ Mesquite (AR) St George (UT), Cedar City, Touquersville, Mt. Zion, Washington City, Las Vegas (AR), Tompesgate, Wickenbourg (AZ) 13/ Sun City, Peoria, Phoenix, Tucson, Silver City (NM), Las Cruces, El Paso (TX), Van Horn 14/ Fort Stockton, Fredericksburg, Johnson City, Austin, Brenham 15/ Beaumont, Sulphur (LA), Lake Charles, Laffayete, Baton Rouge 16/ Gonzalez, New Orleans, Magnolia (MS), Jackson, Oxford, Tupelo 17/ Oxford, Memphis (TN), Jackson (TN) 18/ Nashville, Birmingham (AL) 19/ Birmingham, Atlanta (GE), Augusta, North Augusta (SC), Columbia, Charleston 20/ Lumberton (NC) Halifax, Stony Creek (VA), Richmond, Washington (DC), Baltimore (MD), Essex 21/ Baltimore, Harbor County, Wilmington (DE), Philadelphia (PA) 22/ Philadelphia, Jersey City (NJ), New York (NY), Greenwhich (CT), Stamford, South Norwalk, Westport, West Haven 23/ New Haven, Mystic, Providence (RI), Boston (MA), Vernon (CT) 24/31 New York City (NY) 1/ Dublin/London

















Para ver as fotografias com boa resolução, basta clickar nelas. Em alternativa, estão, juntamente com outras, no meu Flickr.

O design, como matéria artística tem o início na viragem do século XX, em Inglaterra. O movimento designado por Arts & Crafts surge por volta de 1880, como resposta a uma passagem alarmante de um país rico para uma nação industrializada. Com as pessoas a abandonarem as comunidades rurais e as cidades a aumentarem a diáspora, carentes de trabalhadores para as fábricas, a paisagem alterou-se também por via dessas mudanças, nomeadamente com a extensão das linhas de caminhos de ferro.
Toda a tecnologia e máquinas devem-se então à revolução industrial. Com o dinheiro que ganharam, os senhores ricos tiveram interesse em investi-lo nas casas, embelezando o ambiente em que viviam, pois agora podiam passar mais tempo nelas. É razoável que ao receberem convidados rodeados de objectos com estilo, a ideia de uma familia com tradição passasse.

Os interiores passaram então a ser inspirados pelos séculos antecedentes, com objectos que transparecessem a riqueza através da ornamentação. Com as novas máquinas, era possível manufacturar, mas também produzir em pequenas séries, objectos com alguma individualidade e que com uma supervisão mínima, asseguravam o lucro.
Apesar de não terem havido mudanças de um modo organizado, vários indivíduos confluíram na mesma direcção, muito activos.
Estilisticamente, pode-se dizer que as peças do Arts & Crafts fossem maioritariamente simples, mas com detalhes de construção como as cunhas em borboleta e a inspiração das tríades dos carros de bois nas mesas que aperfeiçoavam os objectos, bem como alguns puramente estéticos, como a inclusão de cortes na madeira ou rendilhados nesta.
O principal impulsionador foi então William Morris, um teólogo que aplicou princípios da filosofia socialista no seu trabalho, tanto no desenho como na concepção das peças. Ele desenhava, mas também estava envolvido no processo físico de criação, imprimindo (ficou mais conhecido pelos seus papéis de parede) ou cortando blocos de madeira. O outro grande impulsionador, foi John Ruskin, tal como Morris, interessado em muitas outras coisas. O trabalho crítico e os seus textos e ideais, permitiram que a geração que se seguiu estabelecesse as fundações do Arts & Crafts.

A maioria dos grandes nomes do movimento pautava-se pela interdisciplinaridade, desde a arquitectura à crítica, sendo bastante versáteis e trabalhando nas peças uns dos outros. Alguns dos nomes principais são C.R. Ashbee (The Guild and School of Handicraft) e Ernest e Sidney Barnsley e Ernest Gimson (The Cotswolds School).
Indo contra as tendências industriais, a pureza destes artigos trabalhados em madeira cativou e deixou a marca numa geração de artistas que trabalharam artesanalmente.
As grande mudanças são então o afastamento da cidade (e consequente industrialização) para o campo e a promoção do artesanato, como trabalhos manuais, em que a mesma pessoa que desenhava, podia ser a que executava o projecto. Essa integridade era passada para o objecto, que ao estar decorado minimalmente, podia ser mostrado na casa, aliando um design eficaz (uma fantástica construção) à funcionalidade. O estilo era elaborado, mas não necessariamente perfeito, com elementos da natureza como principais adereços.


Roadmarton Manor no Gloucestershire é um dos locais indicados para se apreciar as obras do Cotswolds Arts & Crafts, feita por artesãos locais segundo os princípios do movimento, usando mão-de-obra e materiais locais. Demorou 20 anos a ser construída, e para além de peças de Peter Waals, Sidney e Edward Barnsley ou Alfred e Louise Powell, o melhor serão os jardins soberbos, desenhados por Ernest Barnsley.
Não muito longe fica uma colecção muito boa, na Cheltenham Art Gallery and Museum, onde estão peças de muitos criadores acima referidos, que ilustram esta entrada.

Um dos meus blogs favoritos, o BibliOdyssey fez um post fantástico sobre o Lorenz Stöer (c.1537-c.1621) que vale a pena ler.

Em última instância, Inglorious Basterds é um filme de humor requintado, que tem a felicidade de alcançar as massas dado ao subtítulo Tarantino.
Tem "homenagens" descaradas a vários filmes, como é habitual e compreendo que seja melhor que quase tudo o que sai no circuito comercial, ainda assim, não é nada de brilhante. Brad Pitt serve bem no papel de líder, mas para liderar é preciso ter alguém que o siga, e os Judeus são destituídos de carisma.
A divisão por capítulos não beneficia o ritmo do filme, havendo até um momento central em que o público se esquece dos Basterds, talvez a cena central do filme, na cave. O fecho dessa cena, bem como o final, talvez sejam apelativos para um público mais carente por violência e sangue, mas vistos a sangue-frio (propositado), poderia ser melhor.
A inclusão da piscadela de olho Italiana com a sala de cinema, bem como a personagem de Mélanie Laurent (Shosanna Dreyfus) dá outro ambiente ao filme, mas Hans Landa por Christoph Waltz acaba por ser o expoente máximo de um filme que sobrevive graças ao carácter de personagens inventadas ou histórias.
Um comentário final, seria destinado história de Perrier LaPadite daria um fantástico spin off do filme, que ao que parece, vai ter uma prequela.