O design, como matéria artística tem o início na viragem do século XX, em Inglaterra. O movimento designado por Arts & Crafts surge por volta de 1880, como resposta a uma passagem alarmante de um país rico para uma nação industrializada. Com as pessoas a abandonarem as comunidades rurais e as cidades a aumentarem a diáspora, carentes de trabalhadores para as fábricas, a paisagem alterou-se também por via dessas mudanças, nomeadamente com a extensão das linhas de caminhos de ferro.
Toda a tecnologia e máquinas devem-se então à revolução industrial. Com o dinheiro que ganharam, os senhores ricos tiveram interesse em investi-lo nas casas, embelezando o ambiente em que viviam, pois agora podiam passar mais tempo nelas. É razoável que ao receberem convidados rodeados de objectos com estilo, a ideia de uma familia com tradição passasse.
Os interiores passaram então a ser inspirados pelos séculos antecedentes, com objectos que transparecessem a riqueza através da ornamentação. Com as novas máquinas, era possível manufacturar, mas também produzir em pequenas séries, objectos com alguma individualidade e que com uma supervisão mínima, asseguravam o lucro.
Apesar de não terem havido mudanças de um modo organizado, vários indivíduos confluíram na mesma direcção, muito activos.
Estilisticamente, pode-se dizer que as peças do Arts & Crafts fossem maioritariamente simples, mas com detalhes de construção como as cunhas em borboleta e a inspiração das tríades dos carros de bois nas mesas que aperfeiçoavam os objectos, bem como alguns puramente estéticos, como a inclusão de cortes na madeira ou rendilhados nesta.
O principal impulsionador foi então William Morris, um teólogo que aplicou princípios da filosofia socialista no seu trabalho, tanto no desenho como na concepção das peças. Ele desenhava, mas também estava envolvido no processo físico de criação, imprimindo (ficou mais conhecido pelos seus papéis de parede) ou cortando blocos de madeira. O outro grande impulsionador, foi John Ruskin, tal como Morris, interessado em muitas outras coisas. O trabalho crítico e os seus textos e ideais, permitiram que a geração que se seguiu estabelecesse as fundações do Arts & Crafts.
A maioria dos grandes nomes do movimento pautava-se pela interdisciplinaridade, desde a arquitectura à crítica, sendo bastante versáteis e trabalhando nas peças uns dos outros. Alguns dos nomes principais são C.R. Ashbee (The Guild and School of Handicraft) e Ernest e Sidney Barnsley e Ernest Gimson (The Cotswolds School).
Indo contra as tendências industriais, a pureza destes artigos trabalhados em madeira cativou e deixou a marca numa geração de artistas que trabalharam artesanalmente.
As grande mudanças são então o afastamento da cidade (e consequente industrialização) para o campo e a promoção do artesanato, como trabalhos manuais, em que a mesma pessoa que desenhava, podia ser a que executava o projecto. Essa integridade era passada para o objecto, que ao estar decorado minimalmente, podia ser mostrado na casa, aliando um design eficaz (uma fantástica construção) à funcionalidade. O estilo era elaborado, mas não necessariamente perfeito, com elementos da natureza como principais adereços.
Roadmarton Manor no Gloucestershire é um dos locais indicados para se apreciar as obras do Cotswolds Arts & Crafts, feita por artesãos locais segundo os princípios do movimento, usando mão-de-obra e materiais locais. Demorou 20 anos a ser construída, e para além de peças de Peter Waals, Sidney e Edward Barnsley ou Alfred e Louise Powell, o melhor serão os jardins soberbos, desenhados por Ernest Barnsley.
Não muito longe fica uma colecção muito boa, na Cheltenham Art Gallery and Museum, onde estão peças de muitos criadores acima referidos, que ilustram esta entrada.
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