Prémio Nobel da Literatura em 1920, Knut Hamsun nasceu também na Noruega, onde foi aprendiz de sapateiro, antes de ir para os EUA. Regressa à pátria, e com trinta e um anos publica Fome, que inicia uma nova via para o romance, através do discurso interior.
A solidão e a fome, que o narrador sente enquanto vagueia por Kristiania (actual Oslo), são os temas centrais, que o levam a delirar. O narrador é um escritor, que no ano de 1890 devia estar a escrever, mas apenas ocasionalmente vende um artigo para um jornal. Sem enredo ou personagens, o livro é extremamente bem conduzido, até por cair no impasse de o narrador poder sair da cidade e comer, mas ele próprio define que é esse o seu destino, e por isso deseja-o, ficando o leitor sem preocupação pelas suas decisões pouco sensatas. Ele chora, tenta encontrar conhecidos que lhe dêem dinheiro, e quando isso falha, vai a lojas aleatoriamente. Uma mulher quase imaginária atravessasse-lhe no caminho, mas quando tem alguma sorte, mais uma vez volta a desperdiçá-la. Tanto é cuidadoso para com as pessoas que o interpelam, como os ofende com mudanças de humor. Mas tudo tem uma solução, basta-lhe entrar num barco e partir. Notável.

Escrito por Dan Charnas, The Big Payback é um livro colossal, com mais de 650 páginas sobre os negócios, história e anedotas de produtores e artistas, agentes, managers desde os anos 70. Organizado cronologicamente, a parte que tem mais atenção é a da génese do movimento a partir do soul e do disco, e das mais interessantes, pois o resto é do domínio público. O começo pela fundação é feito numa narrativa muito bem escrita, descaindo depois para partes mais entediantes sobre a forma de controlar as estações de rádio e da alteração das programações em prol do rap. Obviamente que com tantas páginas, muita coisa mesmo é coberta, mas é essencial para quem se interessa por saber a história por trás das batidas.

I Am Plastic, Too é um dos maiores e melhores livros sobre vinyl toys, da autoria de Paul Budnitz, o fundador da Kidrobot. Não só vinyl, mas madeira, resina e feltro são alguns dos materiais dos bonecos, com mais de 140 artistas e empresas representados, tanto com os mais populares, como com customs únicos. Tem coisas mais recentes, pois o início do movimento na Ásia já foi coberto noutros livros. Com algumas entrevistas, é indispensável a quem se interessar por vinyl toys.

Com grande ênfase no processo manual, Flux - Designer Toys mostra as criações e intenções dos artistas, com muitos exemplos do trabalho de cada. Não é um volume definitivo de nada, mas é uma colecção de artistas que tem algum interesse, com destaque dado às imagens.

Como um dos ilustradores mais importantes do skate, pelo que fez pela World Industries e Blind, Marc McKee até merecia um livro mais extenso. The Art of Marc McKee só tem uma curta entrevista no fim, sendo o resto preenchido com os gráficos cheios de um humor corrosivo que McKee ajudou as marcas a ter, sendo o principal legado delas. Tecnicamente, há vários tipos de ilustrações e alguns desenhos do processo, mas para quem se interesse por skate, é um livro essencial, dadas as tábuas icónicas que McKee desenhou ao longo de décadas.

Como o nome indica, Street Art Norway trata da arte que ocupa legal ou ilegalmente o espaço público naquele país Nórdico. Retrocede até aos anos 90, e tal como no resto do mundo, há poucas regras e muita imaginação. Há um contraste interessante nestas intervenções, pois não se limitam ao espaço urbano, sendo até as melhores, as peças que são feitas no meio das montanhas em cabanas. Os artistas são desconhecidos no resto da Europa, por isso é refrescante.

Para além de pintor, Munch foi um artista gráfico que experimentou várias técnicas de impressão, tornando-se o mais famoso artista Norueguês. Em Edvard Munch - Life and Art de Torstein Velsand, as reacções iniciais aos trabalhos, agora parte dos clássicos, são descritas como violentas, pois mulheres e doença eram representados nas mesma composições. As intromissões à biografia aparecem por imagens e comentários interessantes e relativos à obra.
Munch conhecia gente por toda a Europa, e a mãe, mais nova que o pai e que morreu cedo, deu lugar à irmã, que o apoiou para ele se desenvolver. Não é por isso de estranhar que ele tenha decidido sair de casa assim que pôde. Rodeado por doença, dedica-se à pintura, viaja, envolve-se com uma mulher casada, adopta uma vida boémia, até que o pai morre quando ele está em Paris, tornando-o mais negativo. Vicia-se no casino, e depois do escândalo que os seus quadros fazem em Berlim, muda-se para lá. Atrai problemas com mulheres e amigos, mas continuou a produzir e a beber, e o seu nome estabelece-se nas artes Nórdicas. Ficou rico e paranóico, evitando a cidade natal e comprando casas, tendo já um lugar assegurado na história.

Desde o final do século XIX (última década), a nova luz e conflito pela mudança marcaram os movimentos de vanguarda. As diferentes alterações nas artes em diferentes países foram revistas por Chris Rodrigues e Chris Garrett em Modernism: A Graphic Guide, que como o nome indica, auxilia-se de ilustrações para narrar a história. Não só os avanços modernos da arte, mas também os sociais, filosóficos e tecnológicos que levaram ao modernismo, são bem explorados, sendo um livro muito abrangente e racional, tudo bem explicado.

Da autoria de Clément Chéroux, Henri Cartier-Bresson, tem, para além das fotografias do Francês, uma biografia como ponto central, auxiliada por imagens e artigos dele. As histórias acabam por revelar a sensibilidade dele, desde a ama Inglesa que o educou segundo a tradição dela, e o tio pintor que o influenciou, tal como a fortuna da família feita no algodão e linhas. As viagens por África e América, o regresso à Europa para trabalhar com Jean Renoir, a captura pelos Alemães durante três anos na Segunda Guerra, e por fim, a criação da agência Magnum e o controlo desta. Acrescenta ainda várias coisas sobre a sua visão da fotografia e estilo, com natural destaque para a ligação à Leica, tudo bem contextualizado e ainda com artigos, entrevistas e opiniões do próprio Cartier-Bresson, como extras.

Um livro muito curioso, Front Desk/Back Office propõe-se a mostrar o mundo secreto de galerias de arte em trinta e nove imagens e dois textos. O lucro, a homogeneidade das colecções são algumas das coisas que esta edição tenta combater, por algumas delas serem mais que galerias, e outras mais parecerem museus.
As fotografias tiradas ao longo de cinco anos por todo o mundo mostram a recepção e o escritório de várias galerias, tiradas sem permissão. Ambos os textos são interessantes.

Da mesma série deste livro, Ian Wright é dedicado ao ilustrador Inglês, que mostra os diferentes meios e materiais que explora numa obra muito curiosa, desenvolvida ao longo de mais de trinta anos. Sendo já um cinquentenário, a linguagem é ainda assim moderna, com muito trabalho por trás de cada peça. Os trabalhos são muito interessantes, com um aspecto artesanal, ainda que sejam maioritariamente para clientes comerciais.

Na forma de DVD, o artista Italiano Blu juntou todos os videos em stop-motion e desenhos que tem feito ao longo dos anos. Sketch Note-Book é um projecto quase independente e é bom conseguir ver as animações que ele cria, numa televisão. Para quem se interessar por este tipo de intervenções urbanas, recomendo.

Stéphane Hessel, um dos redactores da Declaração Universal dos Direitos Humanos fez um discurso que foi transcrito por uma jornalista Francesa, vendendo mais de 2 milhões de exemplares naquele país. Indignai-vos é um breve manifesto sobre questões que hoje permitimos, mas que não fazem sentido existirem, vistas por um homem de 93 anos que nasceu na Alemanha e fugiu dos campos de concentração. As diferenças entre pobres e ricos, o impacto ambiental e os direitos dos imigrantes na questão Palestina são os temas centrai, e Hessel acaba por dizer o que as pessoas pensam e sentem, numa chamada para os cidadãos serem mais activos e procurarem uma mudança. Acaba por ser uma visão com as ideias que fundaram a Europa moderna, ainda presentes, contra a indiferença, a violência, e a favor da esperança.

O filho muda-se para casa do pai de quem sempre esteve afastado, e acaba por se lhe juntar o irmão e a sogra também, envolvendo-se na vida do bairro. Shit My Dad Says tem a génese no twitter de Justin, e nos comentários do pai dele. A série tem um ambiente dos anos 90, por isso apela a pessoas mais saudosistas, e o humor é simples mas efectivo.
Nota-se que houve alguma experimentação na direcção da série, que à medida que progride, melhora nas piadas. Eu não sei se na realidade o pai do autor se apaixonava e afins, mas suponho que a certa altura, a série se tenha tornado ficção. Não é para toda a gente, mas há quem vá apreciar a sua sensibilidade.

Um padre larga a vida dele e deixa-se ser infectado, passando a viver num centro para isso, até que morre. Ressuscita e passa a ser o único sobrevivente dos 50 voluntários, e as pessoas passam a ir ter com ele. Thirst de Chan-wook Park pode parecer algo excêntrico no tema, mas quanto a filmografia e fotografia, muito boas.

O regresso de Danny Boyle depois de Slumdog Millionaire, 127 Hours tem James Franco no papel principal, de um aventureiro que escalava. No geral, é muito bem filmado, mas ao fim de 15 minutos começam as 127 horas que ele esteve preso numa rocha enquanto escalava. É ainda mais parado que Buried. Para poupar trabalho: exactamente uma hora até ele cortar o braço. Claro que é uma história incrível, mas em cinema não funciona.

Um documentário sobre um desporto em cadeira de rodas que é uma espécie de rugby misturado com lutas de gladiadores, Murderball mostra os praticantes, que apesar de terem problemas físicos, não mexerem alguns membros, entre outros impedimentos, são realmente avariados da cabeça. Entre as 12 nações que competem nos torneios de quadraplégicos, o treinador canadiano é a antiga estrela americana, que por ter sido afastado pela idade, revoltou-se e foi treinar o Canadá. Ele vence os EUA, quebrando a hegemonia, e depois há a história de cada um, por trás das lesões, mais curiosa.

True Grit de 2010 dificilmente se vai tornar num dos filmes memoráveis dos irmãos Coen, até por ser um remake dispensável. Uma rapariga tem de vingar o pai assassinado, e é a actriz o que realmente se destaca em todo o filme.

Blissfully Yours é composto por paisagens bonitas e médicos. Requere muita paciência, pois a selva onde o relacionamento entre um casal se desenvolve, não é propriamente um lugar excitante. Um ladrão rouba-lhes a mota, e o homem tenta ir atrás dele, desaparecendo. O que daí vem, cada um há-de entender.

Baseado na novela gráfica Scott Pilgrim vs The World, o filme tem um ambiente similar a Kick-Ass. Scott Pilgrim tem uma banda e sonha com uma rapariga chamada Ramona, ainda que exista outra rapariga obcecada por ele. Para andar com ela, tem de derrotar os 7 ex-namorados, sendo um filme para menores de idade.

Nunca ponho aqui filmes de skate, mas tinha estes comentários guardados há muito tempo, e para não ficarem perdidos, ficam aqui para a posteridade.

Westgate: que suícida, joder!
Herman: tipo anos 2000, mas limpo e com hardflips de partir a cabeça.
Marquis: que pézinhos, parece o liedson, levezinho. Shove it feeble e aqueles varial heelflips partem-me.
Spanky: estilo animal de levar tudo 'a frente. o frontisde 5-0 até me faz desculpar a música de merda.
Provost: com a suavidade, parece que não anda no chão, mas a pairar, mas dá com cada uma que até parecem nollie hardflip (que é como quem diz, duas).
Tancowny: nunca ouvi falar deste tipo, mas aquele overcrooked faz-me gostar dele. E aquele hardflip da escada + o ollie no double set? Parece o Chamakh com uma bola nos pés!
Suski: mesmo de rato do esgoto, manobras 'a malandro e o estilo desajeitado de ser gigante, mas tipo bom.
Szafranski: é tipo Metallica nos primeiros quatro albuns, parolos, mas bons como o caralho. prometo que não volto a mencionar hardflips, mas nollie 180 hardflip em 16 escadas a cair 'as cegas?
Justin Figueroa: por acaso não ingeri muitos líquidos, mas se tivesse de ir descarregar as águas, era aqui. Rails e mais rails, incluindo skate stoppers a serem lavrados. e um g'anda ollie num double step a assobiar aos rails.
Hsu: switch. txau laura, olé. rei dos bails e grunhidos também.
Leo Romero: tive um AVC depois da primeira manobra. o que me lembro de ver depois foi um abuso, só para não dar a ideia que só se manda abaixo de rails, também os sobe. Melhor música. e aquele lipslide?
Reynolds: devagar se vai ao longe. noseslide 360 shove it out? E o switch flip nas escadas? E o backside flip nas outras? e o 360? e o varial heelflip? caem que nem tordos!
Heath: emerica, desbloqueiem lá isso no youtube.