Who Is Bozo Texino? de Lee Daniel é a descoberta da identidade do homem que pinta carruagens de comboios Americanas. Os hobos, outsiders, que passam a vida na estrada, cada um tem uma alcunha que vai marcando nos comboios, e enquanto alguns roubam o nome a outros com maior reputação, outros vão fazendo trabalhos ocasionais e desenvolvem os seus próprios desenhos que propagam pelos vagões. As diferenças entre os trampa que andam nos carris, mas não fazem nada por ninguém, e os hobos, que ajudam em tudo é um dos temas que os entrevistados abordam, e há um que resume a mentalidade: dá tudo a quem peça, mas não dá nada lhe exijam e por isso odeia autoridade e responsabilidade.
Há quem diga que Bozo Texino é um trabalhador dos comboios que assina, outros dão a sua localização como oposta. É incrível as voltas que uma coisa tão insignificante como uma assinatura e um boneco dá, bem como a maneira como agrega o interesse de uma cultura. A fotografia é muito bonita.

Clint Eastwood continua a realizar bons filmes. Hereafter começa com um casal Parisiense de férias que é apanhado num maremoto, passando depois para um rapaz Inglês cuja mãe tem adições e o irmão mais responsável é morto, e por fim, para um Americano que trabalha numa obra e enfrenta a ameaça de despedimentos na empresa. Cada um lida com a morte de maneira diferente, e a perda é a ligação que têm entre eles, até que ficam ligados por uma história comum. Muito bem trabalhado e competente, sem alaridos, classe.

Em 1991 foi feita uma adaptação de Naked Lunch por David Cronenberg. A partir do livro de William S Burroughs, Cronenberg consegue dar um polimento às palavras de Burroughs e tornar os ambientes mais apelativos do que seriam na realidade. O livro é conhecido por ser uma complicada trama onde um exterminador descobre que a mulher roubou o inseticida para se divertir, e com os seus problemas mentais, recebe ordens de um bicho para matar a mulher. Ela trai-o com outro escritor e ele mata-o. O mundo está populado por esses monstros que estão bastante bem incluídos no ambiente do filmes, que tornam-se a realidade onde o escritor tem de mostrar que é realmente um escritor. Muito confuso, mas uma viagem curiosa.

Factotum, adaptação do livro de Charles Bukowski, mostra o escritor sem trabalho, e a busca de uma ocupação que ele encetou. As confusões em que se encontra, geralmente por causa do álcool e por não saber lidar com mulheres provém dessa sobrevivência em trabalhos temporários para poder escrever. Podia ser bastante melhor, as interpretações são boas, mas a história devia ser mais desenvolvida, o que não quer dizer que seja um mau filme.

Desconhecendo que existia um filme com o mesmo nome do ano passado (pela sinopse não é remake, é outro assunto), isto cinge-se ao Repo Man de 1984. Um rapaz que tem problemas no emprego num minimercado é aliciado para trabalhar com uma empresa que faz dinheiro a roubar carros às pessoas que não cumprem os pagamentos. Para seu azar, os pais entregaram todo o dinheiro à igreja, tendo o filme um tipo de humor curioso.

De Jean-Jacques Annaud com Sean Connery e baseado no livro de Umberto Eco, The Name Of The Rose é passado em 1327 no norte de Itália. Do contacto entre Beneditinos e Franciscanos, um espirito maligno diz-se estar presente, e o passado de um monge que tem um aprendiz é posto em questão. A auto-punição dos monges, ou a favor da pobreza, matando por isso os ricos é o indício de que nem tudo está certo com aquela ordem, onde o comportamento dúbio dos monges ao protegerem um livro que parece matá-los levanta suspeitas. Tem momentos aterrorizadores, mas fica a impressão de que podia ter sido mais ambicioso, até por se restringir a poucas personagens.

Jovens em competição por um lugar no basket do futuro apareceram em Gunnin' For That #1 Spot, um filme sobre os milhares de talentos do secundário duas equipas são seleccionadas para treinarem juntas em campos patrocinados por marcas de sapatilhas e fazerem um jogo de basket no Harlem. Aparece um Kevin Love muito novo, Brandon Jennings, Michael Beasley, Tyreke Evans, Lance Stephenson entre outros que alcançaram a NBA. O nível do jogo é inacreditável, eles são todos realmente jogadores incríveis e para quem gostar de basket, recomenda-se este documentário.

Narrado por Sean Penn, Dogtown and Z Boys de 2001 foi o documentário que antecedeu o filme acerca do início do skate na California. Dogtown era South Santa Monica, Venice e Ocean Park e o documentário explica as aspirações para a área no início do século e aquilo em que se transformou com a imigração a cultura dos locais. Com muitas filmagens antigas, bom acompanhamento musical. A historia de como os cortes de água contribuíram para o esvaziamento de piscinas e assim ficar completa a transição do surf para o skate, com o mesmo estilo, vale a pena ser vista. Muito bem montado e interessante até para quem não se interesse por skate, pois é mais cultura popular do que um documentário para os entusiastas.

Se procuram uma experiência nova de cinema, vejam Dasepo Naughty Girls. O professor de Inglês apanhou uma STD e toda a turma percebe que estava directa ou indirectamente ligada a ele pelas relações que mantinham entre si. A partir daí, seguem-se quase 3 horas de uma comédia musical Sul-Coreana cheia de letras para acompanhar. É uma realidade onde todas as pessoas têm devassidões que exploram em privado, acabando por ser muitas vezes apanhados, e as partes cantadas são muito más e todo o dramatismo oriental fingido é entediante, mas não há duvida que é um esforço notável e que é uma experiência de ecrã única, cheia de cor.

Bold Native é um filme que apela à nossa compaixão pela liberdade dos animais. A missão da Animal Liberation Front é libertar os animais da prisão e revelar os factos ao público, sem magoar ninguém. Não é um documentário, é uma ficcionalização, o que tem a estética que é difícil disfarçar, falsa, que ilustra a luta das empresas em chamar terroristas ao activistas e de os julgar de acordo com esse estatuto.

Um filme de Hollywood à antiga, com uma pintura de abertura só com música clássica a tocar que é mostrada durante quatro minutos, For Whom The Bell Tolls é baseado no livro de Hemingway e tem Gary Cooper e Ingrid Bergman nos papéis principais, ou seja, coisa séria.
Começa em Espanha em 1937, num clima de guerra, com o movimento de resistência. É muito bem feito, mas não deixa de ser um filme tipicamente de Hollywood para o bem e para o mal, é plástico na maneira como põe Americanos a fazerem-se de heróis em Espanha, mas é uma produção assinalável pela quantidade de gente envolvida. Pelo meio intromete-se a necessária história de amor e fica toda a gente bem servida.

Num clima sombrio de tortura e com constantes efeitos sonoros tenebrosos, Gaspar Noé construiu Irreversível, celebrizado pelas prestações de Monica Bellucci e Vincent Cassel. A meu ver, a violência servida por si só é entediante, sendo este um filme uni-dimensional.

Um correspondente de guerra do NY Times no Cambodja, tem a ajuda de um local, que depois acaba por ser abandonado, até ao reencontro final. Passou a amar e a odiar o país com as coisas que viu na guerra que se expandiu do Vietname. The Killing Fields é um filme bastante calmo e algo entediante, ainda que perceba que há quem veja aqui algo de muito belo. De 1973, é um filme Ingês de Roland Joffé, muito bem dirigido.
O Cambodja não é o melhor sítio para estabelecer amizades, mas até em guerras há-de haver histórias felizes como a retratada no filme , e mais do que a história dos conflitos, é a dignidade humana que está em análise.

Em Julien Donkey Boy de Harmony Korine, o dito Julien trabalho como assistente de cegos numa escola. Os efeitos da esquizofrenia numa família tomam conta do ecrã, e a maneira como é filmado é igualmente confusa. Percebo a visão, só não compreendo o interesse.

Adaptado de um livro, por Martin Scorsese The Last Temptation of Christ é um filme muito pouco convincente, que dura umas penosas duas horas e quarenta minutos. Não tenho especial prazer em dizer mal das coisas, mas no caso deste filme, tudo soa estranhamente falso. A pronuncia cerrada Americana claro que tira algum misticismo a uma história com 2000 anos, mas entre tantos outros épicos bíblicos, já foi provado que é possível realizar filmes com alguma credibilidade e uma estética convincente. Neste caso, isso não acontece. Uma má gestão do tempo de cada personagem, um Jesus Cristo pouco convincente e uma história torturante.

Uma longa entrevista com o boxista Mike Tyson dá lugar a cenas dos combates e à análise ao que se passava fora das arenas de uma personalidade tão extrema. Tyson parece uma pessoa que sabe reconhecer os erros do passado e este documentário de 2009 é decente, informativo e com uma boa montagem.

Um dos mais pequenos jogadores da NBA, Allen Iverson ganhou a fama de egoísta pelas suas decisões fora do campo. Narrado por um conterrâneo, o documentário No Crossover - The Trial Of Allen Iverson da ESPN é muito bem montado. Iverson começou a dar nas vistas no futebol Americano, mas foram as reacções desmesuradas a problemas raciais que o levaram várias vezes a tribunais, com penas exageradas provavelmente por causa da personalidade dele. Não tem quase nada de basket, focando-se nas batalhas judiciais, mas para fãs de basket, é uma história que vale a pena conhecer.

As habituais tensões raciais de Spike Lee aparecem em Do The Right Thing , onde um entregador de pizzas negro trabalha para uma pizzaria de Italo-Americanos. Percebe-se que seja uma alegoria, mas tal como nos outros filmes de Spike Lee, os constantes estereótipos e acusações são mais que dispensáveis. A policia mata um negro e, no meio de todos os estereótipos desnecessários, Spike Lee nem ajuda a sua própria causa, pois as respostas são idiotas e denegridoras. É um filme previsível, chato, com um final que melhora um bocado as coisas, mas ainda assim, é uma luta estranha esta a de Spike Lee. A musica é boa, ao menos.

Wild Style é visualmente cativante pela quantidade de MCs captados em fita, no entanto como filme é montado de maneira deficiente. Foi um veículo importante de promoção do hip hop, que assim chegava a sítios pouco urbanos mas com uma televisão, e fascinou pessoas que haviam de estar envolvidas no movimento durante gerações. O argumento não é bem desenvolvido e as actuações não são competentes, no entanto é um documento histórico que fez imenso pela cultura de rua. Vale muito a pena ver o extenso segmento a seguir aos créditos só com imagem e música.

No popular documentário Super Size Me, um homem só comia produtos vendidos pelo McDonalds, três refeições por dia. A obesidade, os tamanhos exagerados são obviamente assunto recorrente, bem como a máquina de propaganda por trás da promoção da marca. Interessante.

Vencedor da Palma de Ouro em 2005, L'Enfant é uma co-produção Franco-Belga onde um jovem casal com um bebé passeia-o pela cidade e pouco acontece.

Nas presidenciais de 2004 John Kerry estava à frente de Bush nas primárias para o partido Republicano e os apoiantes de Bush propagaram rumores sobre ele. Essa e outras tácticas levaram a que personalidades Americanas alterarassem o rumo das eleições, e Slacker Uprising é o testamento de Michael Moore sobre esses dias. Apela principalmente a jovens que não votavam, e a questão de apoiar as tropas ao querer que elas venham para casa. O esforço não foi em vão, apesar de Bush ter sido reeleito pela menor margem da história, Kerry ganhou o votou dos jovens.

Como mudaram os nossos hábitos alimentares nas últimas décadas é uma das maiores transformações sociais com efeitos directos no modo de vida. A comida ser produzida em fábricas e não quintas, factos como o milho por ser barato e engordar os animais, não só alimenta espécies herbívoras, como está presente em quase todos os alimentos são alguns dos assuntos de Food Inc., bem como as condições dos animais e das pessoas que trabalham na industria, que acabam por ser escravos das grandes empresas e como tudo pertence a poucos conglomerados que controlam tudo. É um excelente documentário que deve ser visto por todas as idades.

Mark 'Gator' Rogowski era um dos skaters mais famoso no final dos anos 80, que matou uma rapariga e arrependeu-se prontamente, associando isso à sua fragilidade mental já então evidente. Stoked: The Rise And Fall of Gator é um documentário de Helen Stickler, com muitas imagens antigas onde se vê a admiração que Gator recebia de toda a gente. Pelos entrevistados, acaba por ser uma história da era de maiores excessos do skate, que depois da passagem ao street, desapareceu e deixou pessoas como o Gator, órfãs da fama.

Inside Job é um documentário que procura explicar a queda da economia em 2008
começa pelo exemplo da privação dos bancos Islandeses que concediam empréstimos. Daí, vemos uma sucessão de passos que levou a uma recessão global, a privatização dos bancos americanos e os milhões que começaram a ser ganhos por uma classe expansiva de trabalhadores, mais do que os necessários, incluindo os que se escondem por trás de cargos académicos para ganharem fortunas como conselheiros. As multas que os bancos levaram por serem corruptos, sabendo o que estavam a fazer, empréstimos para compra da casa, entre outras coisas, explica tudo bem com várias opiniões de especialistas financeiros e gráficos, ilustrando um cenário repugnante de modo convincente.

Woody Allen de 1997, versão dramática em Deconstructing Harry, gritos, berros, o estado neurótico de Allen que acaba por ficar no meio de todos os problemas, como de costume, bem como as alegorias e analogias habituais, na vida de um encenador inusitado que programou vidas.