Esta entrada era para algo mais pessoal. O meu livro Slaughter/Memória está agora disponível juntamente com um livro de fotografia e duas zines de oferta na loja em organicanagram.com/
Recentemente também escrevi a minha primeira capa para uma revista nacional. Agora estou ocupado com outros projectos, mas em breve vou voltar a escrever algo mais sério. Queria pedir uma coisa aos leitores deste blog. Se tiverem a possibilidade de me arranjar algo sério relativamente a workshops, conferências, aparições, Q&As, o que quer que seja, peçam-me o CV e vamos tentar facilitar algo. Tudo o que esteja relacionado com arte, design (posso enviar o que for preciso sobre os temas em que me especializo), literatura, falar sobre a minha marca, sobre o que escrevo, eu estou disponível, qualquer que seja a audiência, desde crianças a precisarem de ser motivadas a grupos de estudantes superiores. O email é anagramorganic [at] gmail.com, por isso é só entrarem em contacto. Qualquer outro tipo de proposta que envolva escrever, também agradeço!
Por fim, quem quiser aparecer no dia 18 de Maio na Faculdade de Belas Artes do Porto, vai haver uma Feira da Publicação Independente, e uma das bancas vai ser das Organic Anagram Industries. 
Com mais de uma década em cima, On The Way To Work é um livro fundamental para compreender o entrevistado, Damien Hirst, e o negócio/conceito da arte contemporânea no novo milénio. Sempre desconheci da existência deste livro de entrevistas de Gordon Burn ao artista Inglês, mas após folheá-lo, e surpreendido por um preço irrisório, percebi que era algo que me ia entreter. E é esse o elemento central destas doze entrevistas. Se os conceitos de morte e decadência são o que mais facilmente extravasa das obras de Hirst, a sua aproximação teórica assenta na diversão e numa jovial disposição para encarar os números que lhe surgem embutidos. A personalidade de Hirst leva a que de tempos a tempos se deixe assomar pela necessidade de chocar e ofender, ainda assim, depois de ler os seus argumentos ao longo de um livro tão extenso, que cobre vários anos da sua ascensão (1992 a 2000), é difícil não querer acreditar nas ideias que ele vende. E há o querer, e é inegável que o controlo que ele exerce sobre o mercado se destina ao processo de venda. Mas isso é assumido, e nesse objectivo sincero há tanta beleza poética como há vida nas suas obras como A Thousand Years ou Away From The Flock. A vida esteve lá, os títulos são magníficos, e o que os nossos olhos vêm (neste caso, lêem), inspiram o leitor e levam-no a olhar para si e a crer fazer melhor. Alguns dos temas são a admiração de Hirst por Francis Bacon, as suas exposições colectivas iniciais, o crescer em Leeds, a fama e dinheiro, Charles Saatchi e artistas da sua época. Há várias contradições, mas a forma destemida como se entrega a cada explicação é impressionante, e o melhor são mesmo as suas opiniões sobre a arte que ele próprio faz. Lê-lo a falar sobre as Dot Paintings só pode fazer o leitor acreditar que sim, aquilo é efectivamente uma fórmula soberba que merece ser continuamente explorada. E é nessa venda de ideias que se acaba de ler um livro cuidado, com uma apresentação fantástica, pronta a figurar em galerias e museus de todo o mundo, com a sensação que esse é um dos objectos mais pessoais, com que se pode dialogar.
Escrito a partir do contacto de um professor de economia com o mercado da arte, principalmente das feiras e dos leilões, The $12 Million Stuffed Shark parte de uma posição humilde em questionar muitos dos negócios de quadros, esculturas e instalações que se fazem no mercado de arte moderna. Por vezes falta alguma fluidez ao texto, mas o raciocínio é perceptível ao longo dos diferentes capítulos em que Don Thompson relata mitos das salas de leilões, passa informação sobre vendas entre-portas e explora os meandros dos negócios das galerias, agentes e artistas. Há uma vertente de economia, há outra de psicologia, mas no meio de tantos comportamentos que não parecem ter nexo, mesmo o leitor mais afastado da arte, consegue perceber o desejo e sentimento que algumas obras de arte exprimem, ao ponto de fazer os coleccionadores gastar sucessivamente mais dinheiro no mesmo artista. O principal conceito, é o de criação de uma marca que venda, seja o nome do artista, seja um valor acrescentado a um quadro por ser vendido por determinada leiloeira, por ser perseguido por algum museu, ou por já ter pertencido a algum coleccionador, prova que no meio de todo o abstraccionismo, são as relações humanas o que ainda mais importa. Thompson deixa-se fascinar por muitos dos mitos que abundam na arte moderna, no entanto, o livro contém bastante informação, e eu recomendava-o, ainda que com alguma cautela no seu todo, a quem se interesse pelos números por trás do mercado secundário de arte.
Art & Sole, para além de um título muito bom, dá o nome a um projecto muito interessante, que explora um cruzamento dos ténis e da arte sobre a qual é difícil encontrar informação concreta. Esta edição de bolso mantém o conteúdo do original de 2008, totalmente desenhado e arranjado pela Intercity, onde em 240 páginas se destacam principalmente as colaborações das marcas de ténis com artistas, mas também outros elementos como a influência destes no trabalho de alguns artistas contemporâneos. Tudo bem montado, óptimas imagens e bons textos, em suma, essencial para qualquer biblioteca sobre streetwear ou arte contemporânea.