O Inominável de Samuel Beckett é um livro inqualificável. Serve de folha de rascunho sobre a concepção da vida, avanços e recuos, devaneios sobre as saidas, conclusões sobre as portas de entrada. É certo que se pode ter como simples a tarefa de escrever a informação deste livro em duas frases, sendo por isso impressionante a forma como Beckett o transporta ao longo de 200 páginas.
Indo ao encontro do que não é passível de ser explicado por palavras, Beckett organiza frases que se revestem de uma camada, que tem de ser lida lentamente para compreender o significado. Um livro sem tempo também, dado que não tem acção, não tem localização, apenas paira, e há-de continuar assim por muitos anos, manifestando lentamente o seu encanto.
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