Fazendo uso de tão poucos dados e recursos, um enredo clássico de Hitchock, adaptado muito livremente dum romance homónimo, 39 Steps é uma fórmula soberba de cinema em funcionamento. Da cena da morte, para a Escócia de onde provinha a pista, Richard, um Canadiano de férias em Londres, vê-se envolvido num assassínio dentro da casa que alugava.
Injustamente acusado, Richard Hannay vê-se perseguido e incapaz de provar o assassínio que não cometeu, arrastado para o cenário rural das montanhas Escocesas, onde teve de saltar do comboio.
É muito curioso os mecanismos que servem as peças do guião em direcção 'a conclusão final, com um grande sentido literário.

Mais uma entrada na única coluna aqui mantida com alguma regularidade.

O Miguel é dos tipos que eu faço questão de ir visitar sempre que volto a casa, nem que seja porque é fácil de dar com ele na Rip Off. Já o conheço 'a mais de 7 anos e deve ser o unico da geração dele que a) não me oferece álcool b) não começa a contar histórias de alguém e só depois se lembra que eu tenho menos 10 anos que ele. É um exemplo de rectidão, nunca o vi a maltratar ninguém e continuo 'a espera do dia em que vai largar a loja por uns meses para viajarmos pelo mundo fora.

Que andas a fazer, projectos, ideias, é favor por aqui.

Continuo a tentar mudar a loja para o centro da cidade pois, estou farto de aqui estar rodeado de tristes. A batalha pelo skatepark de Viseu continua também, mas parece que é desta que a ganhamos, passados mais de 14 anos de luta com a câmara (vou ter reunião lá na próxima sexta). E agora ando a sonhar com uma casa para lá ter um mini-indoor/mini-half onde o pessoal se possa juntar para grandes patuscadas, kalinadas, gargalhadas e claro skatadas. Ah e ando a ver se vou aí ter contigo no principio do próximo ano. Tou com saudades de London e vocês. E mais uma meia dúzia de coisas pois projectos/ideias não me faltam, tipo juntar aí uma malta e fazer uma banda de jeito para representar Viseu, fazer outro filme da loja e também começar com o documentário sobre o skate/música em Viseu, etc...

Cinco álbuns e cinco filmes por quem dês a cara?

Good Riddance - Ballads From The Revolution
Texas is the Reason - Do You Know Who You Are
Beastie Boys – Check your head
A Wilhelm Scream – Carrer Suicide
Pantera - Vulgar Display of Power

Qualquer coisa pelo Dan Wolfe,
Lost in translation,
Stars wars(yeap geek!!),
Rip-Off “2001 odisseia sem espaço para skatar”
e o futuro da Rip-Off(2009)

Ultima, podes usar isto para contar uma mini-história, fazer um poema de amor ou qualquer cena que a gente tenha feito.

Aquela vez que tava a skatar no tribunal e foste lá ter comigo e sakaste da mala do teu carro os tacos e bolas de golf para ali batermos umas. Ensinaste-me a bater a bola depois de mandares uma de 100 metros a rasar os carros que passavam na rotunda acima! Ali ficamos um bocado à frente do tribunal de Viseu a mandar bolas para as silvas/carros e a arrancar a “relva do Ruas” todos contentes. Ou podia também contar sobre aquelas noites Viseenses passadas a dizermos merda e tu a aturar-nos, mas não me lembro muito bem! ahahah

Acho que foi a melhor história que contaram comigo até agora ahah! Prepara as malas que eu li a cena do Scott Bourne ir 'a Mongólia com o Reed e a gente tem de fazer uma coisa dessas.

The 20th Century Art Book é uma mini-enciclopédia da arte do século passado como o nome indica, dividida alfabeticamente por artistas, cada um com um texto, dados biográficos, semelhanças artisticas e uma obra representada. Vem ainda incluido um glossário, bem como uma lista da localização das obras mostradas.
Dá preferência aos pintores, mas também faz algumas incursões no campo da fotografia, instalação e colagens.
Portugal surge representado pela falecida Vieira da Silva, num guia eclético em termos de nacionalidades, com a arte "global" do século XX.
Existe uma versão de mesa de café e uma de bolso, que diferem apenas nas dimensões. Ao todo, reune 500 artistas.

Ficam já agora dois que não conhecia antes.


Barbara Kruger - Untitled (We Are Not What We Seem) (Curioso, até porque afinal é onde a Supreme veio buscar a formula mágica)



Jean-Paul Riopelle (Não muito diferente do que Mark Tobey e o Jackson Pollock faziam)

Vai e Vem é o testamento de João César Monteiro, num dos ultimos filmes por ele realizado antes de morrer. Com longos diálogos a fazerem uso dos silêncios para acentuar a monotomia, é um acertar de contas com a vida para descansar em paz.
A caracterização de Adriana é fantástica. Garantido está o usual manancial de momentos "não acredito que ela disse mesmo isto!"
A poesia dos textos de César Monteiro, ora desfasendo minutos de invulgar sobriedade, ora tornando civilizados os mais inconcebiveis momentos. Os enormes diálogos filmados numa só sequência marcam também presença, numa obra seminal do melhor realizador Português.

"Cavalheiro ou camarada?"


A Relíquia de Eça de Queirós é um tratado na forma de escrever humor elegante. A dualidade de Teodorico, hilariante, bajulando a D. Patrocinio na frente e destroçando-a em pensamento é o que comanda a narrativa, a obediência cega 'a tia, os pudores.
Enquanto espera pela morte da titi, preocupada com relaxações, pensa nas viscondessas nuas, desprendendo-se da vida de rezas que a tia lhe ambicionava.
'A medida que sobre na consideração da tia, é informado da possibilidade de ela deixar tudo para a igreja, e depois da vida pessoal começar a desabar em Lisboa, Teodorico é enviado em viagem para Jerusalém. Até 'a chegada 'a cidade santa os acontecimentos são memoráveis, mas quando a estória decai para a história do cristianismo, sofre uma quebra, amiúde os conhecimentos bíblicos de Eça. No entanto, tudo se recupera com a chegada do triunfante Teodorico a Lisboa, numa descrição da viagem já com o "vil Negrão" presente, hilariante pelo cinismo do jovem doutor Teodorico Raposo.

Lá impiedades diante de mim, não! Arrombo tudo, esborracho tudo! Em coisas de religião sou uma fera!
Uma breve entrada no 5dias.net acerca de países que alteraram as línguas, ainda que brevemente.



Fotos de Obama postadas pela equipa dele, referentes 'a noite da eleição.

Boas noticias para Viseu. Novo centro de artes na Avenida da Europa.

Para acabar ficam só dois videos. São violentos e doentios, portanto não se recomenda a pessoas mais sensíveis, mesmo. São igualmente condenáveis, tendo apenas interesse pelo extremo a que o ser humano chega. Um. Dois.

Apesar da neve a seguir, de apanhar um autocarro 'as 5.35 da manhã, nada disso importa. Foi excelente.


Fernando Dacosta consegue com o novo Os Mal-Amados, uma conversa agradável, erudita, uma lição de história moderna Portuguesa através das amizades que ele fez entre estes mal amados. Das constantes referências a Natália Correia, a Helena Vaz Silva, a Marcello Caetano, são diversas as áreas dos visados. As histórias, de Sá Carneio à irmã Lúcia podem ser curiosas, mas a certo ponto questiona-se o propósito desta obra. Do Portugal muit sofrido em África passa-se para Vasco Pulido Valente a levar o prémio para o filho da puta mais azedo que a pátria teve o azar de parir. Venda-se aos "estrangeiros", já fora da validade. Aconselha-se o salto para Manoel de Oliveira, bem mais lúcido nas críticas ou claro, Agostinho da Silva, num um dos últimos.

Por causa da Ana, tiraram-me umas fotos para este blog feito pelo pessoal da Carhartt Lisboa. Vale também pelas invejas antigas nos comentários. Risos.


Acabadas de ver as duas temporadas do Skins, seguem algumas considerações. Existem obviamente paralelos e o incremento televisivo das doses de ficção, mas a maneira como doseiam o guião é de salvaguardar. Cada episódio foca-se numa personagem em concreto, e se na primeira parte é mais linear, na segunda servem para mostrar como reagem a situações adversas. o carisma de cada actor torna a série bastante agradável, com um humor especial na medida em que se ofendem uns aos outros reciprocamente, do modo como amigos fazem na realidade, não caindo na ficcionização fácil.


Imaginemos o século XVII. Uma humanidade a acordar para outros valores, diferentes interesses a atingirem camadas da sociedade que até então estavam alienadas, tendo prazer apenas em actos de violência, e eis que em Inglaterra um cego dita por via oral doze livros que dissecam a relação entre homem e Deus, as vias entre ambos e a sua relação com o mal, numa poesia inqualificável na sua beleza e profundidade. Paradise Lost de John Milton é isso.
A minha leitura do livro foi muito leviana, pois a analisar isto como qualquer outro livro levaria anos. A particularidade é que é mesmo um livro único.


Lembro-me de ter lido uma história da humanidade escrita por H.G. Wells quando era novo, mas teria ficado deliciado se por volta dos 15 anos me tivessem oferecido A Little History of the World por E.H. Gombrich.
Gombrich foi um historiador famoso pelo livro The Story of Art, que ele dizia não ser passível de ser entendido por crianças, mas antes disso escreveu esta história da humanidade a começar pela civilização Egípcia. Como ele próprio diz, o importante não são as datas dos acontecimentos, mas os acontecimentos em si e a forma como se desenvolveram uns nos outros. Recomendo mesmo que ofereçam isto a membros mais novos da família, agora com o natal por perto. A escrita é bastante acessível e numa narrativa entusiasmante, que apesar das lacunas que um Austríaco a escrever sobre o mundo alcança, é uma história sintetizada dos acontecimentos mais importantes que esta raça auto-destruidora alcançou.

A cerca de um mês, na Fnac Viseu.

Walt Whitman viveu durante quase todo o século XIX e fez os Estados Unidos transbordarem para as linhas da poesia. Mais uma edição da Biblioteca Editores Independentes, Canto de Mim Mesmo, tem Whitman de peito aberto, a revelar-se a quem o lê sem preocupações, estabelecendo uma relação de intimidade com o leitor por lhe permitir aceder a tão diversas preocupações que ele expressa, bem como respostas que tenta dar, com uma posição constante a tentar estabelecer os padrões da vida.
Uma palavra acerca da forma desta edição, pois vem com o original em Inglês nas páginas da esquerda e a correspondente tradução Portuguesa de José Agostinho Baptista 'a direita. Os próprios poemas também são de versos mais longos que o costume, como uma métrica pouco convencional, mas acessível.

Ismos por Stephen Little é um livro de formato "quase-bolso" muito bem apresentado, que divide os movimentos artísticos de a renascença. Uma introdução de um parágrafo é sucedida de uma listagem dos pintores a quem se reconhece pertença de determinado movimento, palavras chave e uma analise um pouco mais extensa. Dividido por cores e contendo impressões de alta qualidade dos quadros, é bastante útil para "arrumar" cronologicamente ideias, para quem tenha duvidas. Introduz também movimentos que eu nunca tinha ouvido falar, como o gestualismo ou emocionalismo.

A Estrada de Federico Fellini começa com a cena da mãe a contar a Gelsomina que foi vendida, e dinheiro daí proveniente será util na remodelação da casa. O comprador, Zampano, é um artista ambulante para quem a estrada já perdeu a magia, que ganha a vida a rebentar correntes com o peito em praças publicas. Desde logo, tenta juntar a impressionável Gelsomina ao seu número.
Abusada em privado, a graciosidade dela floresce diante de um publico. Anthony Quinn é magnifico como Zampano, podendo apontar-se a falha da dobragem, pois ou a faixa do som ficou muito danificada e teve de ser regravada, ou ele não falava mesmo Italiano no original. Compensa pelo porte que cede 'a personagem.




Na ultima edição da Nylon, publicada em Nova Iorque, a capa é da Zooey Deschanel. Boas noticias, portanto.



E este miúdo é o tipo mais fixe da escola de certeza. Mudou o nome para "Captain Fantastic Faster Than Superman Spiderman Batman Wolverine Hulk And The Flash Combined."

Contemporary Fiction : The Novel Since 1990 por Pamela Bickley começa por analisar as várias mortes atribuidas a esta forma literária no século XX, enquanto produto original e susceptivel de levantar questões. A importância dos prémios literários e o facto de num mundo em constante mudança, os livros se manterem na mesma forma, encerram a primeira parte. Depois segue-se uma listagem das ingluências, como as novas perspectivas trazidas por imigrantes e refugiados, bem como as correntes, a importância do pós-modernismo, novelas biográficas e o femininismo, por exemplo. A maior parte do livro é dispensada a analisar perspectivas usadas em obras que se tornaram famosas e a pegar nos pontos de inovação.

Cheating on The Metronome é o livro de poesia do skater Scott Bourne, natural da Carolina do Sul e a viver em Paris, editado pela Carhartt, numa edição de 1000 cópias com encadernamento de luxo.
Bourne tem talento, naturalmente, tendo à pouco tempo concluido a sua primeira novela, mas esta colecção de poemas motivados por um desgosto amoroso que o levou a deixar São Francisco, e um desinteresse pela humanidade ainda maior, sofre com a opção de Bourne deixar passar os erros. As páginas são todas escritas à máquina e com várias adições à mão, mas ele justifica os incontáveis (e inqualificáveis) erros, como uma forma de aproximar o leitor da essência da obra. Os erros são muitas vezes sucessivos e amadores, que só denigrem uma obra até interessante pelo seu psicotismo. Scott Bourne tem ideias bastante interessantes que explora nos poemas e divagações, e até pela raridade do livro, acaba por ser uma boa compra, permitindo entrar no universo do skater.

O Inominável de Samuel Beckett é um livro inqualificável. Serve de folha de rascunho sobre a concepção da vida, avanços e recuos, devaneios sobre as saidas, conclusões sobre as portas de entrada. É certo que se pode ter como simples a tarefa de escrever a informação deste livro em duas frases, sendo por isso impressionante a forma como Beckett o transporta ao longo de 200 páginas.
Indo ao encontro do que não é passível de ser explicado por palavras, Beckett organiza frases que se revestem de uma camada, que tem de ser lida lentamente para compreender o significado. Um livro sem tempo também, dado que não tem acção, não tem localização, apenas paira, e há-de continuar assim por muitos anos, manifestando lentamente o seu encanto.

Em Treehouse of Horror, as comemorações dos The Simpsons em todos os Halloweens, encontram-se os episódios especiais para esta data do folclore Americano. A diferença dos episódios é que os Simpsons ficam mais sádicos, Lisa ameaça arrancar os olhos a Homer, pontapeiam-se cães, Bart fica com o estômago cortado, Martin morre petrificado, Willie corre em chamas, e por ai fora.
Um dos episódios é muito engraçado a brincar com o conceito de divindade, com Lisa a ser a personagem principal.

A série The Raging Planet produzida pelo Discovery Channel encontra-se disponível a preço reduzido. A caixa com os 8 episódios com duração média de 50 minutos divides-se por temas, entre os quais volcões, avalanches, tempestades e outras demonstrações de força da natureza. Perante a violência a que assistimos, o unico senão que estraga o tom documental é o exagero Americano que os locutores insistem em fazer notar, sendo o desconhecido sempre apocalíptico, catastrófico.

Picasso publicado pela Taschen consiste em dois volumes dedicados ao artista Espanhol. Um formato que mistura textos com as fases da sua vida, com os quadros e periodos por ordem cronológica serve de tábua para analisar a multidisciplinaridade de Pablo Picasso, dos adulterados desenhos infantis até 'a profusão de cores contrastado com o preto e branco de algumas das suas obras mais famosas, até ao cubismo.

The Highest Tide de Jim Lynch também padece do mesmo problema que o livro anterior, a imprensa considera-o o livro tão bom que eu só o consigo achar vazio. Fala do mar. Fala das correntes e marés. Fala de ser sensível 'as vibrações. E por aí fora. Catalogação : livros maus.

A julgar pelos elogios da contra-capa, Double Fault de Lionel Shriver é "a great read with horrifying twists and turns", "the most excruciating, thought-provoking book I've read in years", etc. No entanto, eu nunca vi nenhum livro de Dostoievski com nada parecido no verso. Este Double Fault é um Match Point mas menos Scarlett Johansson e muito menos intriga, compensado com mais bolas, rede, relva, enfim, mais ténis.

A Cidade e as Serras de Eça de Queirós, apesar de não ser comparável a'Os Maias, é um livro interessante, que acompanha Jacinto e Zé Fernandes por Paris, sofrendo as influências que toda uma geração Portuguesa sentiu. Vale a pena reler, apesar de ser de dificil digestão.

Num filme que contrapõe os opostos de Winona Ryder e Angelina Jolie, Girl, Interrupted, já com oito anos é um olhar sobre a reflexão que Susanna (Winona) exerce ao aceitar ser internada num hospital psiquiátrico. Os diálogos são bastante inteligentes e a pureza constrastante com a austeridade das personalidades de cada uma das internadas confere uma aura unica ao filme.