A Antologia Poética de Rodrigo Emílio foi-me gentilmente oferecida por um dos filhos do falecido poeta, depois de eu demonstrar interesse em saber mais. O nome surge associado a polémica, nomeadamente pelo cariz contestatário de alguns poemas (que o levaram ao exílio em Espanha), no entanto, o amor à Pátria e aos valores tradicionais, é transcrito ao longo de várias décadas aqui reunidas, com grande subtileza e sensibilidade. Descendente do Viseense Tomás Ribeiro, depois do 25 de Abril, Rodrigo Emílio passa a ter uma voz mais revoltada, contra os que calcaram o país ideal dele. A antologia reúne quatro décadas, dos livros publicados a inéditos.
Deve a inspiração aos ascendentes familiares, mas o estilo é original. Na parte mais militante, é sarcástico, com um ritmo/musicalidade surpreendentes, e muito bons jogos de palavras. Saudosista, que com o exílio, olha para o país como algo perdido, que lhe foi roubado. A experiência em Moçambique na guerra também o marca, mas para mim, a fase inicial, sem agenda política, do fascínio com o mundo e sem lutas a travar, é realmente fantástica e ombreia com os melhores.