Desde que me mudei para o sítio onde vivo, e paralelamente à atitude que eu defendo de não idolatrar ninguém, principalmente celebridades que nada têm para dizer, tenho tomado contacto com algumas pessoas que se podem considerar influentes. O dinheiro nunca é importante para eles, e ajuda-me a ter as coisas em perspectiva. Uma coisa que me surpreende, é a forma como pessoas que fazem milhões (e estou a falar literalmente) me recebem, ficam excitadas por me mostrar os trabalhos que fazem, coisas brilhantes que criam. Vou mostrar também os exemplos de alguns trabalhos que eles fazem.
O primeiro, Danny Lane, é um artista Norte-Americano que vive em Londres há pelo menos duas décadas. A melhor forma para o descrever é intenso. Assim que me recebeu, começámos a falar da feijoada que o restaurante Português ao lado do estúdio dele fazia. Como todos os génios, tem uma personalidade bastante extrovertida, pergunta, faz rir, mas quando é preciso falar de ideias, aparece aquele brilho nos olhos, tal como quando vê um pedaço de vidro para trabalhar.
O nível técnico dele é algo que o mundo ainda tem de correr atrás. As peças, como esta de vidro em baixo são coisas únicas. Os efeitos de luz e reflexo alcançado são autênticos prodígios da engenharia. Contrabalançando toda essa inovação, o que ele consegue fazer com um martelo e vidro é sublime. Comigo, ele pegou num pedaço de vidro grosso, literalmente atirou-o para cima de uma mesa, começou a martelar e em segundos tinha uma peça que nenhuma máquina conseguia reproduzir, até por ter ficado cheia de sangue dele, enquanto se ria.
Voltando aquilo que eu disse acerca das pessoas que admiram celebridades e perdem tempo a mitificar pessoas pela côr dos olhos. O Danny, a falar do trabalho dele de há alguns anos, falava do Ron Arad como se fosse amigo dele, a questão é que é mesmo. Apesar de ter nascido em Israel, foi em Londres que se popularizou, e a recente exposição Restless no Barbican Center tem sido um sucesso tremendo.
Para além de designer, o Ron Arad é também arquitecto, e os projectos dele são obras únicas que eu aconselho a explorarem se gostam de arquitectura. Só para dar uma ideia, ele pôs um restaurante giratório numa montanha de neve, com a particularidade que o restaurante está na ponta de um braço que tem um eixo, que faz o braço todo ser giratório. Se alguém é capaz disto, imaginem o que acontece com uma cadeira.
Ele teve mesmo muitas fases, todas igualmente fascinantes, desde o metal das cadeiras moldado com um martelo, até ao que faz hoje em dia. Tal como o Danny Lane, ele é tão tecnicamente avançado, que estes tipos têm de ter uma sociedade secreta com pactos alienígenas para perceberem estas coisas. Há coisas mesmo surreais, e inclusivamente posso dar um exemplo, que sem a imagem não tem o mesmo impacto, mas exemplifica. Vi uma cadeira que era banal, em que qualquer pessoa que se sentasse nem reparava no que ela era. Ao lado dela, estava um sample de produção, preta, mas toda anotada com as alterações que tinham de ser feitas. Não era um esboço, era já um sample, e não estou a exagerar se disser que tinha pelo menos 15 marcas a giz com linhas que tinham de ser baixadas, sobreposições da madeira que tinham de haver para se segurar na cadeira, entre outras coisas. Isto num sample de produção. Falem-me de se ser bom.
Por fim, ontem tive a oportunidade de estar umas horas com outro designer chamado Fred Baier. Como podem ver pelo site, é um tipo bastante excêntrico e as histórias dele dos anos 60 e 70 são o género de coisas que nos faz pensar "este tipo viveu mesmo tudo e viveu para contar".
Mais uma vez, com o Fred Baier repete-se a história. Tem idade para ser meu avô, fez coisas que eu nem tenho cabeça para compreender, quanto mais para as pensar, e mesmo assim fala comigo durante horas como se eu tivesse alguma coisa para lhe ensinar. A maneira dele existir é paralela à nossa realidade. Os objectos que cria, a maneira como persegue cada ideia que tem, são uma autêntica loucura. A história e o dinheiro envolvido para fazer esta última imagem, são irreais. Ninguém, a menos que seja mesmo fiel a uma linha artística, gastava £1700 para alugar um camião para transportar um tronco de uma árvore para ser cortado, sem saber se é possível executar o projecto sequer.
O primeiro, Danny Lane, é um artista Norte-Americano que vive em Londres há pelo menos duas décadas. A melhor forma para o descrever é intenso. Assim que me recebeu, começámos a falar da feijoada que o restaurante Português ao lado do estúdio dele fazia. Como todos os génios, tem uma personalidade bastante extrovertida, pergunta, faz rir, mas quando é preciso falar de ideias, aparece aquele brilho nos olhos, tal como quando vê um pedaço de vidro para trabalhar.
O nível técnico dele é algo que o mundo ainda tem de correr atrás. As peças, como esta de vidro em baixo são coisas únicas. Os efeitos de luz e reflexo alcançado são autênticos prodígios da engenharia. Contrabalançando toda essa inovação, o que ele consegue fazer com um martelo e vidro é sublime. Comigo, ele pegou num pedaço de vidro grosso, literalmente atirou-o para cima de uma mesa, começou a martelar e em segundos tinha uma peça que nenhuma máquina conseguia reproduzir, até por ter ficado cheia de sangue dele, enquanto se ria.
Voltando aquilo que eu disse acerca das pessoas que admiram celebridades e perdem tempo a mitificar pessoas pela côr dos olhos. O Danny, a falar do trabalho dele de há alguns anos, falava do Ron Arad como se fosse amigo dele, a questão é que é mesmo. Apesar de ter nascido em Israel, foi em Londres que se popularizou, e a recente exposição Restless no Barbican Center tem sido um sucesso tremendo.
Para além de designer, o Ron Arad é também arquitecto, e os projectos dele são obras únicas que eu aconselho a explorarem se gostam de arquitectura. Só para dar uma ideia, ele pôs um restaurante giratório numa montanha de neve, com a particularidade que o restaurante está na ponta de um braço que tem um eixo, que faz o braço todo ser giratório. Se alguém é capaz disto, imaginem o que acontece com uma cadeira.
Ele teve mesmo muitas fases, todas igualmente fascinantes, desde o metal das cadeiras moldado com um martelo, até ao que faz hoje em dia. Tal como o Danny Lane, ele é tão tecnicamente avançado, que estes tipos têm de ter uma sociedade secreta com pactos alienígenas para perceberem estas coisas. Há coisas mesmo surreais, e inclusivamente posso dar um exemplo, que sem a imagem não tem o mesmo impacto, mas exemplifica. Vi uma cadeira que era banal, em que qualquer pessoa que se sentasse nem reparava no que ela era. Ao lado dela, estava um sample de produção, preta, mas toda anotada com as alterações que tinham de ser feitas. Não era um esboço, era já um sample, e não estou a exagerar se disser que tinha pelo menos 15 marcas a giz com linhas que tinham de ser baixadas, sobreposições da madeira que tinham de haver para se segurar na cadeira, entre outras coisas. Isto num sample de produção. Falem-me de se ser bom.
Por fim, ontem tive a oportunidade de estar umas horas com outro designer chamado Fred Baier. Como podem ver pelo site, é um tipo bastante excêntrico e as histórias dele dos anos 60 e 70 são o género de coisas que nos faz pensar "este tipo viveu mesmo tudo e viveu para contar".
Mais uma vez, com o Fred Baier repete-se a história. Tem idade para ser meu avô, fez coisas que eu nem tenho cabeça para compreender, quanto mais para as pensar, e mesmo assim fala comigo durante horas como se eu tivesse alguma coisa para lhe ensinar. A maneira dele existir é paralela à nossa realidade. Os objectos que cria, a maneira como persegue cada ideia que tem, são uma autêntica loucura. A história e o dinheiro envolvido para fazer esta última imagem, são irreais. Ninguém, a menos que seja mesmo fiel a uma linha artística, gastava £1700 para alugar um camião para transportar um tronco de uma árvore para ser cortado, sem saber se é possível executar o projecto sequer.
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