O espectador transformado em espectáculo no filme Branca de Neve de João César Monteiro. Na primeira vez que vi, sabia o que ia ser, se não o soubesse, ia ficar chateado com o Monteiro (depois do final, talvez me fizesse uma luz e o perdoasse), mas assim é um episódio com muita piada.
Como seguidor confesso do César Monteiro, é triste ser este episódio que marcou muito o nome dele, ainda assim, pode haver melhor atitude do que pegar no dinheiro do Estado e fazer um filme sem imagem?
Os textos originais do Suiço Robert Walser são interessantes, ainda que os intérpretes não seja nada de notável, principalmente o brasileiro que faz de Príncipe Estrangeiro.
O filme em si, por um lado goza com quem não percebe que há pessoas que vêm e procuram outras coisas no cinema, e goza com os espectadores que vão encontrar algo aqui, pois não existe nada. Que não sirva isto de impeditivo para descobrir o resto da obra do melhor realizador Português de sempre, de que já falei aqui várias vezes (ainda que haja muita gente que descreva este como o filme da vida delas pelos mais variados motivos).
Quer isto dizer que, pode ser uma experiência interessante ouvir isto no escuro do cinema, é um manifesto com graça e peculiar do César Monteiro, mas não é a pólvora, nem vem abrir mundos para nada. É o que é, um filme sem imagem.
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