É das pessoas mais faladas por aqui, e apesar das ilegalidades com que não compactuo, o Luiz Pacheco pertence ao grupo do 'já não há homens assim'.
Nasceu num berço de ouro e assumiu-se como o libertino, um verdadeiro estarola. Ao editar Natália Correia, Mário Cesariny e Herberto Hélder antes de alguém saber quem eles eram, escreveu uma bela página na literatura do século vinte. Depois, passou o resto da vida a tratar de apagá-la e a lançar os seus próprios textos, bem como traduções de Voltaire ou Dostoievsky enquanto vivia na miséria. É basicamente o melhor filho da puta da história da literatura, o melhor deles todos a impingir, a cobrar, a não pagar e a engravidar (a criar filhos é que não fica nos melhores).
Com o espólio recentemente adquirido pela Biblioteca Nacional, seguiu-se uma exposição, que ocupa uma sala adjacente à entrada. Mostra algumas raridades das edições da Contraponto, mas o livro/catálogo editado pela D. Quixote é bem mais completo.
Uma preciosa metade das 350 páginas de Luiz Pacheco - Um Homem Dividido Vale Por Dois é a bibliografia da Contraponto, quase uma centena de capas de livros, postais e cartazes que ilustram a história da editora, bem como umas completas notas bibliográficas para ter tudo arrumado.
A outra parte é composta por vários textos de homenagem, fotografias, bem como uma selecção inédita de cartas a Jaime Aires Pereira que Pacheco deu a publicar. Completa-se com as capas da bibliografia do Pacheco autor.
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