Dostoyevsky começa O Sonho de Um Homem Ridiculo por constatar em como é doloroso ser o único a saber a verdade, na perspectiva do narrador. Reconhecendo a condição de criatura ridícula, alivia de certo modo os temores interiores, dado que no exterior é tudo desinteressante, tudo se torna indiferente, não necessitando de pensar para existir. O homem deixa-se ficar sentado num cadeirão, a pensar, sereno na sua condição. O estado misantrópico toma lugar, até que ele toma a decisão de se suicidar com um tiro. A três de Novembro, vê um rasgo de verdade, que lhe traz uma nova vida, depois de deambular naquela além da morte.
O narrador toma contacto com o amor noutro planeta, onde não tinham desejos. Uma sociedade justa, que ao acordar, o faz querer viver a utopia que imaginou. Então, com a mentira incutida, afundando-se no individualismo, regressa ao sentimento inicial, onde a dor é beleza. Ao acordar do sonho, distancia-se dos sentimentos e promove a verdade, e apesar de continuar a ser troçado, a humildade fá-lo aceitar a verdade e não o destino. Uma rasgo de génio.
O livro traz ainda outra história mais curta, mas igualmente boa, onde ao alugar um quarto a um conhecido da cozinheira, o narrador vê-se com um novo inquilino entre mãos. Com uma forma peculiar de contar a história d'O Ladrão Honesto, o inquilino toma as rédeas e conta a história do referido ladrão, de que ambos haviam sido vitimas, procurando a misericórdia para com infelizes seres que roubam inadvertidamente, vitimas da sua condição.
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