Uma banda desenhada baseada na vida do filósofo Bertand Russell, Logicomix é sobre a busca pela verdade que dominou o pensamento dele, nas explorações que fez pela matemática, em redor da lógica.
Pelo meio da narrativa, vemos as dúvidas dos autores, enquanto Bertand Russell encontra filósofos (alguns eventos relatos não chegaram a acontecer) e vive os altos e baixos da vida dele. Os desenhos são muito bons, e a maturidade e profundidade com que os autores tratam o tema, conseguindo transpô-lo para quadradinhos sem perder o interesse pela narrativa, fazem deste um livro com o qual vale a pena perder algum tempo.

Originalmente publicado em 1965 no Japão, Take Ivy é sobre o estilo universitário, com fotografias de quatro Japoneses que foram às universidades Americanas de topo, a designada Ivy League. Para além do valor nostálgico que entretanto adquiriram, as fotografias conservam um estilo que se mantém actual, da vida no campus.

De Paul Arden, Whatever You Think, Think The Opposite reúne histórias de pessoas que por fazerem as coisas de maneira diferente, inovaram e estabeleceram novos standards. Alguns exemplos são o modelo dos livros Penguin, ou como fazer o salto em altura de costas abriu um novo horizonte na modalidade. O discurso positivo de Arden, realça o pode das nossas decisões e a importância de seguir os instintos, com confiança para enfrentar riscos, tudo de uma maneira relaxada.

Threadless regista a história do popular site de t-shirts, portanto, obviamente que tem muitos gráficos, entrevistas com os designers e histórias reunidas ao longo dos 10 anos, com muitas fotografias.

Apenas alguns poemas/considerações sobre a vida acompanham Instant Light, as polaróides do realizador Russo Andrey Tarkovsky, com cores celestiais e oceânicas, fruto de um manusear cuidadoso da luz. As sessenta imagens reunidas remontam ao período de 1979 até 1984, sendo a família e a natureza os temas proeminentes. Como seria de esperar, são sublimes.

Matthew Frederick começa por dizer que há pouco de concreto para aprender em cursos de arquitectura por ser um campo aberto, dado isso enumera 101 Things I Learned In Architecture School. Os pontos a partir dos quais é possível trabalhar para criar algo, vêm da experiência dele como professor, e denotam uma pesquisa sóbria. As boas ideias, como mostrar que uma vista quase ocultada pode ser mais estimulante que um painel de vidros, o valor dos desenhos em sombra para salientar o espaço em prol daqueles em linha, entre outras, são inteligentes e um bom ponto de referência.

The Best Years Of Our Lives
As três horas de duração podem inibir, mas The Best Years Of Our Lives é mais que um filme, na maneira em como define o pós-guerra. O exército, de regresso a casa para as famílias, encontra uma nova sociedade em ordem, e ao querer reencontrar-se com a civilização, os soldados percebem que muita coisa mudou, alguns mudaram eles próprios, com traumas ou com boas ofertas de emprego. É possível imaginar o impacto que esta história teve na população americana, tendo sido lançado logo em 1946, no fim da guerra.

Um livro colossal no tamanho que serve de retrospectiva a quase 15 anos da marca Francesa Cliché, Résumé assinala uma história única de sucesso, a intromissão de uma marca gerida a partir de Lyon, no conglomerado de marcas Californianas. É realmente um livro fantástico para quem gosta de skate, criando uma nova barreira de qualidade nos livros do género.

É sabido que Thomas Pynchon é um escritor particularmente reclusivo. A Journey Into The Mind of P é um documentário que reconstrói a vida do escritor através dos momentos mais marcantes da época dele e da possível influência que tiveram na obra. Os métodos de exclusão, os bloqueios por que ele passava ao escrever a noite toda, as experiências com LSD, há lugar para tudo, e teorias para os labirintos que são os livros, e a busca pela identidade dele, com muitos académicos a promoverem teorias da conspiração, incluindo uma busca ofensiva para lhe conseguir tirar uma fotografia. Dado o carácter misterioso do escritor, é interessante para os apreciadores dele, darem uma olhada.

No meio do autêntico frenesim que existe para editar livros sobre tudo o que seja street art, até já existe espaço editorial para livros como Street Studio, dedicado a artista de Melbourne, dez deles, para ser preciso. O livro é bem composto, com um formato grande, reproduções de alta qualidade das peças, bem como entrevistas extensivas com cada um deles. Todos são talentosos, ainda que dificilmente algum dia consigam ser mais do que uma curiosidade para o resto do mundo.

Por agora já toda a gente sabe sobre o que é The Social Network. Para além da história intrusiva que passa, é muito limitado, cujo valor está apenas em saber-se a dimensão que os passos adquiriram. As interpretações são boas e o final abrupto, e em 10 anos, o filme vai ser ignorado e incompreensível, no entanto, é bom entretenimento nos dias que correm.

Oito episódios de uma hora compõem a série Power of Art, muito boa por sinal, com cada um dedicado a um artista, começando com Caravaggio e acabando em Rothko. As recriações de cenas histórias eram dispensáveis, mas como é feito para um canal generalista, percebe-se que torna mais acessível, ainda que o apresentador e guionista, Simon Schama, talvez por pressões para suavizar a mensagem, soe por vezes demasiado folclórico, uma posição estranha para um professor de história e história de arte que já ensinou em Columbia, Harvard, Oxford e Cambridge. Claro que comparando com 99% da televisão, esta série é ouro.

Uma produção cinematográfica assinalável, Confucius a biografia do filósofo e visionário Chinês, que vê a emergência de três famílias, é em certa medida desapontante. A perspectiva em que tão nobre figura é analisada não é a melhor, e se o valor dele, que reside nas ideias que sobreviveram mais de dois milénios, no filme há uma maior preocupação com os actos físicos. A quem se interessar por filosofia oriental e pré-Socrática, o filme vai parecer uma desonra ao nome de Confucius, e quem não perceber o impacto que ele teve, também não é com o filme que fica a perceber. No meio disto, é possivelmente o filme com melhor cinematografia e fotografia deste ano.

Como extensão do site, Derelict London, pelo fundador Paul Talling, é um guia ilustrado de diferentes tipos de edifícios abandonados da cidade. Infelizmente, não é possível usá-lo como referência, pois estão constantemente a ser renovados e os terrenos vendidos para novas construções, ainda assim é interessante ler as histórias bem pesquisadas de alguns edifícios com um passado glorioso, que em alguma altura estiveram entregues ao abandono, desde restaurantes e pubs, até fábricas ou banhos públicos.

Adam Lindemann, o editor responsável por Collecting Contemporary Art, começa por descrever como ganhou interesse por arte, e sem hipocrisias, explica alguns truques do mercado. As sete componentes que ele identifica têm os seus representantes, do crítico de arte e artista aos coleccionadores e curadores, sendo eles os responsáveis pelas respostas às perguntas que ele coloca. Interessante para quem nunca teve contacto com o lado do coleccionador, e com boas imagens das obras faladas.

Nacido y Criado, do Argentino Pablo Trapero tem os seus méritos, e é por isso que custa ver a oportunidade a ser desperdiçada. Começa com a vida em comum de um casal jovem em Buenos Aires, com uma filha que morre num acidente de viação. Com isso, o espectador recebe um novo ambiente, em que o pai vive na Patagónia sozinho, ficando sem saber se a família sobreviveu e o que levou o homem a mudar-se para tão hostil território. É então na Patagónia, que apesar de algumas cenas de inegável beleza, o filme se transforma, arrastando-se até ao fim.

Russell Brand faz de rockstar esquecida em Get Him To The Greek, que se apropria de vários elementos e meios verdadeiros da cultura pop. Um executivo pode ressuscitar a carreira dele e fica encarregue disso pessoalmente, sendo o filme carregado de piadas inesperadas, e para quem gosta de filmes de humor moderno (ou seja, muito ligeiro) com referências pop, é um filme acima da média, afinal não é todos os dias que se fala dos Mars Volta num filme.

Baseado numa história real de Frank Lucas, responsável pela inundação da droga em Harlem, e do detective que vê a sua captura como uma vingança pessoal, American Gangster de Ridley Scott pareceu-me desinteressante, tão e apenas isso.

Aquele Querido Mês de Agosto de Miguel Gomes tem a duração de duas horas e meia, com filmagens do Portugal das festas das aldeias adentro, dos rios, dos negócios regionais. Não tem uma voz, mas mostra diferentes aspectos da vida no campo em 2006, em Arganil, e outras terras do centro de Portugal. Esse olhar descomprometido é refrescante, ainda que acabe por ser minado. Mais valia não terem tentado meter a tal história que tinha sido escrita no guião, e deixarem o filme correr de acordo com os recortes que iam filmando.

Deliver Us From Evil começa com uma descendente de Irlandeses que casou com um Japonês, os pais de uma rapariga violada. Oliver O'Grady, a pessoa no centro do documentário, é um padre pedófilo, que expõe a sua história, tal como se registam os testemunhos, o reconhecimento dessas tendências como uma anomalia, a história das vitimas, no que parece uma realidade alterada e uma luta de décadas. O'Grady ia sendo mudando de paróquias por a igreja não admitir que ele era pedófilo, e continuava sempre a abusar crianças, a confiança das pessoas na igreja, numa amostra do tamanho da perversão do padre. Há arrependimento da parte dele, na ideia de que aquilo não devia ter acontecido, e por parte dos pais e vitimas, a ideia de que há forças maiores que encobriram o caso, terminando o documentário com acusações ao actual Papa, supostamente o encarregado maior deste tipo de casos.

Dois documentários contra Michael Moore para provar em como ele odeia a América, sem nada mostrar. Michael Moore Hates America (2004)é risível, em como ainda existem pessoas com uma mente tão fechada, os mesmos de quem Moore se ri quando se junta com outras pessoas que têm uma visão não alterada dos factos. O segundo, Manufacturing Dissent (2007) não tão estapafúrdio, é mais calmo e sobre o problema que ele representa para a direita, traçando o passado dele, bem pesquisado e comprovado, o que na realidade permite as pessoas ponderarem sobre a veracidade de algumas coisas.

Arthur Power, um amigo pessoal do escritor, também Irlandês e crítico de arte, começa Conversations With James Joyce com a história curiosa da ida para Paris, e depois as conversas feitas a partir das notas que escrevinhava quando chegava a casa no anos 20. É texto corrido, com as memórias dele e algumas opiniões de Joyce, como o desinteresse quase total dele por outras artes, e relatos da maneira discreta como se comportava em público, atribuída a uma grande sensibilidade e alguma inibição. Paralelamente, é possível absorver um pouco do que era a vida cultural de Paris na época.
Como curiosidade, as únicas três coisas por que Joyce demonstrava alguma excitação eram Ibsen, a ópera Carmen e bons restaurantes.

Depois da morte dos dois irmãos, Eileen Yaghoobian foi introduzida ao site gigposters.com e encontrou um novo mundo com que se identificava. Died Young Stayed Pretty foi o documentário-testemunho desse fascinio. Procurei bastante por este lançamento, e felizmente encontrei-o por acaso a um preço acessível, para quem se interessa por prints é um olhar interessante. Os artistas entrevistados não são propriamente populares, focando-se nos prints de concertos, o que só valoriza, dada a originalidade presente. Complementado por este livro, são duas boas maneiras de tomar contacto com esta cultura.

Originalmente editado em 500 cópias, o livro Light Boxes de Shane Jones foi depois promovido por Spike Jonze, que pensou num filme baseado no livro, e depois relançado pela Penguin.
Num mundo de papagaios, árvores, crianças e cores, o mês de Fevereiro é a desgraça. Um pai perde uma filha, e um grupo de conspiradores decide começar uma guerra com Fevereiro, fingindo ser Verão, e uma série de outras medidas que não os leva a lado algum. As pequenas histórias sucessivas de uma página são engraçadas, num primeiro livro bem conseguido.

Compilado por King Adz, Street Knowledge é um livro dedicado a diferentes aspectos da cultura de rua, que ele ordena por ordem alfabética. É uma história pessoal com várias entradas dedicadas ao círculo de amigos dele, o que torna o livro algo redundante. Se há algumas personalidades que têm de ser incluídas e estão lá, a ausência de outras é sentida, principalmente quando aparecem writers ou cantoras em início de carreira, de quem nunca ninguém ouviu falar, quanto mais serem influentes. O forte estará na maneira em como revela alguns talentos de países como África do Sul, Israel ou Austrália, mas existem guias muito mais completos para quem precisar de uma luzes sobre o assunto.

Um spin-off do filme, This Is England 86, com quatro episódios, é passado três anos depois, e a personagem principal é Lol. As personagens são muito bem exploradas, numa fase Mod e não tão apegadas ao movimento skinhead, compondo uma visão negra e miserável do ano do desemprego e de quando a Inglaterra foi eliminada do Mundial pela mão de Deus, em busca de amor, amizade ou apenas cuidando dos seus próprios interesses.

Da dupla Benrik Ltd., A Book For People Who Want To Become Stinking Rich But Aren't Quite Sure How é uma lista de ideias de negócios possíveis, com bastante humor, cujas combinações só podem dar certo. Ao todo, são reunidas 150 ideias, como sal e pimenta já misturados, linhas de resposta automática a deprimidos ou uma companhia aérea que deixe saltar de para-quedas quando o avião sobrevoar a nossa casa, tudo com ilustrações e exemplos de variantes para potencializar o negócio.

Preston Sturges realizou em 1941 Sullivan's Travels, sobre um realizador que luta com o estúdio para fazer o filme que ele quer, um drama depois de uma série de êxitos de comédia. Eles acham-no uma mais valia nesse campo, e o novo projecto demasiado ambicioso para as suas capacidades. Dado o tema que quer tratar, vai numa expedição para ver a miséria, para saber o que é, e em seguida fazer um filme. Por entre as amarguras que vive, encontra a personagem de Veronica Lake, agora a companheira de viagem, até ele perder a memória e ser preso, não antes de ser supostamente encontrado morto. Está claro que quem morreu foi o seu agressor, que ficou debaixo de um comboio, mas é nessa oportunidade, de ter de provar que ainda está vivo, que ele se apercebe que é mais benéfico realizar uma comédia. Muito bom.

Terry Gilliam, o Monty Python que não nasceu no Reino Unido, realizou Brazil (Love Conquers All) em 1985. É basicamente uma amálgama de cores, um cruzamento de espionagem e ficção científica, passado num regime totalitário, em que um homem busca uma mulher que lhe aparece nos sonhos. Ângulos de câmera muito estranhos e um guião que eu acho demasiado confuso, não jogam a favor da popularidade do filme.

Aparentemente existem várias identidades sobre o nome Mandingo, mas neste caso refere-se ao documentário da Vice deste ano. Fui a uma projecção especial dele num pub, por isso não sei se está disponível no site. Com cerca de 50 minutos de duração, o grupo de negros liderados por Art Hammer mostra alguns dos eventos em que participam, numa profissão que se limita a satisfazer mulheres brancas, na sua maioria divorciadas, em festas white trash. O narrador acaba por os acompanhar e ver que o estilo de vida destes acompanhantes está longe de ser luxuoso, sendo dele as partes com mais piada.

Filme Belga de 1991, Toto The Hero de Jaco Van Dormael é a história de um homem que sente que lhe foi roubada a vida, que não viveu e a quem nada lhe aconteceu. O filme é passado no futuro, e os pensamentos que o remetem para a vivência infantil visitam a imaginação que ele tinha, culpando outro bebé nascido no mesmo dia do seu infortúnio, o alvo da vingança que ele planeia agora no fim da vida. Suficientemente sinuoso para requerer uma atenção redobrada.

Um filme com uma hora de duração que se tinha perdido antes das possibilidades da internet, The Amazing Mr Bickford contém várias animações de Bruce Bickford, com diferentes histórias com personagens em barro. O chamativo está no acompanhamento musical da autoria de Frank Zappa, que expande as narrativas surreais para outras paragens.

Por um amigo meu me ter falado bem de The Warriors (1979), adiei a visualização durante uns tempos. Acho que o facto de não ter visto este filme em mais novo fez-me achá-lo bastante datado, talvez pela banda sonora original, bem como pelo machismo fora de uso, dos diferentes gangs urbanos que lutam pela supremacia em Nova Iorque. Se as cenas requerem algum engenho para compactar tantos actores num ecrã, creio que as falhas estão a nível do guião.

Filme de terror do campo Americano, I Spit On Your Grave de 1978 foi relançado (o nome original consta na capa da imagem). Uma escritora Nova Iorquina passa o tempo a tentar escrever o primeiro romance, num sítio onde os locais lhe acabam com a paz. É violada, e planeia depois uma vingança sobre eles.
Maus actores, a sonoplastia é horrível, as vozes parece que foram (e devem ter sido) gravadas em estúdio posteriormente, e por isso, o filme é quase todo em silêncio, com bons cenários. Limita-se a ser sobre as violações na floresta, apenas para fãs de filmes de horror.