Inaugura-se aqui uma nova vertente do blog. Ocasionalmente, vou dar a divulgar amigos meus, e o primeiro é o Marquito/Likido de Viseu, que tem um CD acabado de sair e que pode ser comprando se lhe mandarem uma mensagem aqui. Já o conheço desde os doze ou treze anos, com muitas tardes e noites a andar de skate, e o Marco é das poucas pessoas que tenta fazer alguma coisa por Viseu, encapsulando bem os mesmo sentimentos que eu tenho pela nossa cidade nas musicas que ele produz, canta e grava, sem fundos públicos. Também como skater nunca teve apoios à medida do talento, mas continua sempre o mesmo, após tantos anos. É um orgulho lembrar-me que ainda existem pessoas como ele vindas do mesmo buraco que eu.

O que andas a fazer, em que estás envolvido, que planos tens para os próximos tempos?

Planos para os proximos tempos é continuar a fazer musica produzir para outros artistas. Tenho um projecto a sair agora em Setembro em parceria com o Cienta para a Revolusom com varios mcs de Viseu chamado "Um outro lado de Viseu".

Filmes ou albuns que recomendes?

Filmes - Vanilla Ice, 300, Mentes Brilhantes, E Tudo o Fumo Levou, Eastern Exposure

Musica - Miles Davis, Dr Dre 2000, Mos Def, Dj Shadow Private Press, Passage 4

Lembras-te de algum episódio antigo comigo?

Um épisodio contigo? Lembro-me de [censurado, isso já é mais velho que as portas da Sé ahah e ficou resolvido!], man eu não fiz nada, [...] eh eh, alem disso são skatadas e bons tempos..

Na edição datada de 1 de Setembro da Newsweek, quase totalmente dedicada ao rescaldo do problema da Geórgia, lê-se Sergey Lavror a dizer "este mês, Saakashvili (Presidente Georgiano que ordenou o ataque) escolheu alcançar a sua visão politica através da violência". O que se esqueceu, foi que a Russia andava já a preparar movimentações na área, com a mobilidade de tanques e de um regimento para a Ossétia. A Geórgia, esmagada, vê agora as suas pretensões à NATO sujeitas a nova rejeição, e depois do reconhecimento Russo dos territórios independentes, arrisca-se a arranjar uma guerra sem fim. O próximo problema poderá ser já em 2017, altura em que Crimea, na Ucrânia e com dois terços de população Russa, vê expirada a sua licença para a presença Russa, que o Kremlin já disse não querer perder.
Vem ainda uma biografia de Obama muito concisa e interessante, com opiniões dele próprio acerca da familia e da ausência do pai.
Não perder também a fotogaleria dos Jogos Olímpicos.


High Life (Internationaler Lifestyle Fur Manner) é uma revista Alemã para homens, mas acaba por ficar aquém do luxo que apregoa e torna-se uma revista de carros. De luxo, é certo, mas ainda assim apenas carros. Um homem é feito por mais que rodas.
Excelente apresentação, no entanto.


Por fim, fica a Milk, uma revista de Hong Kong Dividida em duas revistas, traz bastantes designers interessantes, acessórios, reportagens dos JO, bem como ensaios fotográficos muito interessantes. Com os caracteres Cantoneses, vêm também algumas legendas em Inglés, muito util.


Em filmes, A Canção de Lisboa de Cottinelli Telmo, do Portugal bairrista agora desaparecido mas não esquecido. Com interpretações dos mestres António Silva e Beatriz Costa, é reconhecido também como a melhor obra de Vasco Santana, aqui Leitão, um impostor para as suas tias no Norte, que faz uso do seu dinheiro a bel-prazer, indiciando um modo epicurista de viver. Existe uma nova versão no mercado distribuida na Fnac, uma oportunidade para não deixar passar esta obra fundamental do cinema.


Após o documentário Dogtown and Z-Boys de 2001, as atenções de Stacy Peralta voltaram-se para a realização deste filme galardoado, acerca das suas raizes e do grupo de amigos que vivia para o skate e surf. Reis de Dogtown é então a história de Peralta, Jay Adams e Tony Alva numa Califórnia ainda a acordar das tribulações hippie e do inicio das competições de skate e de andar em piscinas vazias, causadas pela seca na Califórnia.


A Huck é uma revista Inglesa que cruza maioritariamente skate com cultura urbana, mas onde há também espaço para snowboard, surf e lifestyle. Neste ultimo número (Vol 03 Edição #11), o tema de capa é o imperdível Scott Bourne, skater Americano sulista radicado em Paris após se desencantar com a pátria. Debruça-se sobre o livro de poemas (limitado a mil cópias) editado pela Carhartt, bem como da sua visão negativista do mundo.
A revista é mesmo muito interessante, e resume-se a pessoas que inspiram, de diversos quadrantes e com projectos de diferentes dimensões.
É possível ainda apanhar o Scott Bourne nestas datas a ler partes do livro de poemas.


Também com direito a uma exposição em Londres está Little People, que também lançou um livro que pode ser adquirido aqui.

Por fim, Richie Jackson. Ver para crer.


Se tiverem muita paciência, este On The Road do Jack Kerouac pode entreter, mas as suas desventuras através da América soam como ouvir musica só com um headphone, a essência está lá, mas falta o outro para amplificar a experiência. Já foi discorrido sobre literatura de viagens neste blog, e há opções bem melhores. A fama não é tudo.
A estrada começa com Nova Iorque, com destino a São Francisco, por paragem por Denver, mas depois com os saltos temporais inconstantes, a narrativa perde-se.

Fica também este artigo do Lil Wayne, 10 memobrable quotes. Tem de ser levado com leviandade, pois em metade do tempo ele não sabe o que diz, mas tem piada.

Toda a gente sabe que Woody Allen filmou Londres tão pessoal como Nova Iorque. Toda a gente sabe que Scarlett Johansson pode ser muito-possivelmente-estão-a-brincar-comigo-claro-que-é o sex symbol para a geração de 90, o que nem toda a gente sabe é que Match Point até é um filme bom. O ténis dissipa-se aos vinte minutos e depois entra-se numas intrigas comedidas e outras mais debochadas, que não é mais do que um tipo taralhoco e desorientado por ter a Scarlett diante dele. E o final? É mesmo o fim.

Serve isto para anunciar uma nova localização para as incursões fotográficas do Anagrama Orgânico. Alojado no Flickr, guardem nos favoritos http://flickr.com/photos/organic_anagram/

Esta mentecapta continua a vender. Dedico-lhe pois uma brevíssima nota.

Ser Margarida. Podia ser Rosa, mas sou Margarida. Fizeram-me Margarida, hoje, queria ser pessoa com maiúscula. Penso que ele escrevia bem, o da Maiúscula. Disseram-me que era bom, provavelmente numa noite de devassidão e descalabro, acostada a uma cabeceira iluminada por um candelabro. Creio que assim foi. Alguém o quis, disseram-me.
Subi a escadaria, o desejo impetuoso de por em tinta as minhas ideias. Mas quem teve a ideia de por as minhas em tinta?
Pensando, hesitante, conjurando fortemente. Puxo de um cigarro, precisava de um forte. Só tenho Suave. Consta que é Português. Empreendido o freguês, impinge-se ao povinho. Pequenino e contido, como se quer, acéfalo mesquinho.
Liga-se o gravador outra vez. Para que o desliguei, questiono-me. Sinto que me estou a repetir. Mas toda a gente sabe que os grandes escritores se repetem. Sou uma grande escritora.

Por hoje fica a revisão de dois filmes alternativos que esburacaram para o mainstream. Sobre Pulp Fiction de Tarantino, nada falta dizer, a parelha Samuel L. Jackson e Travolta entrosa-se como partes opostas da mesma moeda.

Impulsionador de um estilo de vida, The Big Lebownski dos irmãos Cohen é avassalador, a comédia non-sense perfeita. Possivelmente o unico filme onde Steve Buscemi assenta, e isso é dizer muito acerca do nível estratosférico onde o filme se encontra. As linhas memoráveis são incontáveis, e esta dupla, The Dude e o indivíduo com o pior génio de sempre, não tem peso para moeda, sendo contrafacções baratas de notas de um dólar. Com muita classe.


Uma criação semi-biográfica do genial Vincent Gallo que também compõe parte da banda sonora, rodado com um aspecto sujo remetendo para um espaço temporal incerto, em linha com o vaguear desencontrado e constante de Gallo pelo ecran.
Perdido e saído da prisão, Gallo incita o caos por onde passa sem meias-medidas. Algures entre a sátira e o humor, queda-se num espaço muito pessoal, neurótico e desenfreado, impondo-se a todos. Convencido, faz de Christina Ricci o que quer, até na vida real, ao ponto de ela se recusar a trabalhar com ele desde 1998, o lançamento de Buffalo 66.
Para citações memoráveis deste Nova Iorquino, ver aqui.

Coppola é capaz do melhor e do pior, e este Apocalypse Now Redux encontra-se pelo meio. Um capitão enloquecido torna-se o mercenário ideal para acabar com um dissidente a mando do exército. Coppola perde-se no verde das Filipinas que fizeram o Vietname, e se saltarem capítulos, vão reparar que quase todos começam com o mesmo plano facial do capitão. É excessivamente longo, com quase quatro horas nesta versão Redux, e a menos que sejam ex-combatentes nacionalistas Americanos, vai ser muito difícil aguentá-las.

Ok


Começou como um blog Holandês feito pela equipa de designers OK Parking, e agora é uma publicação bi-anual entre o formato livro e revista. A ultima edição, excelentemente apresentada, versa sobre coleccionismo, desde tiras de plástico até gnomos de jardim. Para além de colecções físicas, é também apresentada esta colecção online de desenhos antigos que é simplesmente soberba. Serviço publico.



Fica também uma página histórica para quem se quer sentir um magnata.

Os promotores Don't Panic fizeram uma lista de seis fotógrafos que roçam a pornografia. Não curiosamente, são os maiores nomes da actualidade. Ver aqui.

Toda a gente nascida na década de 80 se lembrará de Eduardo Mãos de Tesoura, só que passadas quase duas décadas (1991), o filme não tem o mesmo impacto. Primeiro, porque os espectadores cresceram (não sendo isso desculpa, vários filmes de criança continuam a impressionar ainda hoje). Segundo, porque Tim Burton já ampliou as emoções e receios espelhados no filme (não anda ele sempre a filmar o mesmo 'a vinte anos?), em obras de maior dimensão. Eduardo Mãos de Tesoura serve apenas pelo exercício de nostalgia, pois em termos de cenários parece excessivamente despido e com o passar dos anos a energia desvaneceu-se como a alma do inventor de Eduardo.

Ficam ainda dois blogs, o primeiro do meu homónimo, que tem o desplante de me dedicar palavras bastante honrosas no ultimo post, ainda está a começar, mas esperem musica e fotografia. O segundo, em que a minha amiga Niesche colabora, um blog para raparigas constantemente actualizado e muito interessante.

Não é o Roma, Cidade Aberta de Rossellini, mas Roma de Federico Fellini. Uma busca pela cidade ao longo dos tempos, um conglomerado de antagonismos, a desordem e a paz, a dicotomia do neo-realismo e o clássico misturados no olhar cinematográfico único de Fellini, entre a rua suja pela poluição automóvel e o homem suado que a lava com uma mangueira, a algazarra e o após só com cães a vaguearem pela rua deserta. Roma é um filme que só sabe ser italiano, nos sorrisos, na gastronomia, nas conversas e risos.

Brincadeira. É mesmo Most Official Bitches. E saiu a nova colecção de Outono.
Só para raparigas, o resto pode ser visto aqui.
Uma das questões que me põem acerca do blog é o motivo de eu não falar de musica, dado ser a área onde tenho mais conhecimentos (e investimentos, risos).
Talvez vá mudar isso nos próximos tempos, mas o principal motivo é mesmo o volume que consumo, pois se vejo um filme de dois em dois dias, por dia oiço vários albuns, e muito poucos me marcam ao ponto de serem dignos de menção.
Este, como tem uma história, nem sempre lhe atribuo a devida importância, mas fica aqui o meu reconhecimento.

Sound of Science - Anthology dos Beastie Boys saiu em 1999, um album duplo com uma capa de cartão. (Posteriormente saiu uma em plástico) Eu ouvi num ponto de escuta e gostei da musica, pois era bem mais energética do que aquilo a que estava habituado. A curiosidade é que eu não passei da primeira musica, mas antes, fiquei insistentemente a puxar para o inicio da primeira, não ouvi mais nada. A musica era a "Beastie Boys". Quem me conhece sabe que anos mais tarde eu iria ser bastante influenciado pelo hardcore, incluindo o Polly Wog Stew Ep dos Beastie Boys. Decidi comprar o album e ouvi em casa, mas fiquei espantado porque o resto do album era um hibrido hip hop, country e rock de N.Y. Fiquei a adorar e a conhecer todas as musicas, e não sendo as minhas referências nem um dos meus grupos favoritos, influenciaram-me bastante e penso que é importante dar uma ouvidela a este Best Of para se compreender a importância destes três ao longo dos anos. Claro que as voltas não se ficaram por aí, pois mesmo já mais velho a descobrir que os Beastie Boys foram influenciados pelos Bad Brains e Black Flag, que eu então idolatrava, vim a saber da afiliação do Mix Master Mike aos Beastie Boys, que foi um dos motivos para eu comprar dois pratos de vinyl e uma mesa de mistura. Mundo pequeno.

Aquando a viragem do novo século, Spielberg realizou A.I. em 2001, que devia ainda bastante a Kubrick, mas no ano seguinte surgiu Relatório Minoritário, uma adaptação brilhante de ficção cientifica, originalmente uma história de Philip K. Dick. Fazendo uso da tecnologia da Dreamworks a nivel visual apoiada na dimensão social que a justiça e a impunidade criminal traziam no lançamento do filme, após os ataques em solo Americano de Setembro, Relatório Minoritário é uma obra de um cineasta negro, que eleva a arte do cinema ao domínio do perceptível mas incalculável, o futuro. Tom Cruise é um agente de uma brigada de Pré-crime, que tem a responsabilidade de actuar ao aviso de sinopses de três pre-cogs que têm capacidade de ver o futuro, mas também vidas passadas.

Reading Myself and Others é uma coleção de artigos de jornal e de palestras dadas por Philip Roth maioritariamente nos anos 70. Também incluidas estão algumas entrevistas interessantes, versando principalmente nos primeiros livros. O unico contra será o engrandecimento do mito judaico, mas dada a preponderância do assunto no perfil do escritor, perdoa-se. Serve para ficar a conhecer melhor Roth, que desde que vive em New England vive para escrever quase em reclusão total.

Para Michael Howe, a genialidade é um conceito aleatório, que independentemente das aspirações é apenas concedida pelos outros, no geral, vários anos após a morte. Ninguém nasce com características especiais, mas a maneira como são estimulados é que permite algumas pessoas de atingirem patamares de desenvolvimento intelectual que ultrapassam a maioria da população. Em Genius Explained ele analisa personalidades que são tidas como génios como Darwin, Einstein e Mozart, fazendo ver que mais do que uma predisposição natural, eles foram inclinados e tiveram, isso sim, uma grande dedicação. A memória quando usada em algo com que somos familiares é muito mais efectiva. Para além de conseguir provar o ponto, Howe tem também mérito como biografo.

Capitalismo criativo. Que medo, paira o temor da mancha vermelha. Mas não é disso que se trata, mas sim de uma das propostas da Bill & Melinda Gates Foundation, difundida na Time da semana passada. Ler aqui, bastante interessante, com os precedentes deste conceito que faz por mostrar 'as empresas que existem mercados não explorados, que por entre a caridade, estão boas oportunidades de negócio, dando exemplos como a campanha (Red) ou o micro-crédito, tão em voga no Oeste, mas que começou no Bangladesh 'a trinta anos. Para os mais desleixados, podem recostar-se na cadeira e ver uma entrevista do editor da Time a Bill Gates sobre o assunto.

Broken Blossoms de D.W. Griffith é uma das obras primas do cinema. Lançado em 1919, começa com navegadores Americanos, forasteiros que contrastam com a cultura Chinesa pacifica.
O Homem Amarelo, que visita o tempo de Buddha antes de iniciar a sua viagem está certo que o mundo Ocidental precisa dos seus ensinamentos. Ao mudar-se para Londres como um lojista, recebe a crueldade das grandes cidades, ao mesmo tempo que se refugia nos hangares nocturnos onde orientais revivem pedaços de casa. Desviado pelo ópio, encontra-se com Lucy, White Blossom, uma rapariga tristonha que muda tudo.
Estonteante, belissimo nos detalhes e arrojos cénicos. Um drama que sobe progressivamente, apenas com um contra, a sonorização é muito fraca, apenas com um trecho musical a repetir.


Terceiro Blueprint? Não que o Kingdom Come e o American Gangster sejam maus, mas não é a mesma coisa. E enquanto o Kanye for só produtor sem abrir a boca, a coisa não descarrila.

Ao dormir no quarto onde Guy Fawkes nasceu em York, deparei-me com dois textos muito interessantes. The First Ten Books de Confucius, um pequeno volume em dez capitulos, onde este explora a filosofia chinesa que pode ser descrita no dever de o homem se importar com ele próprio e o conhecimento, para a criação de um ser humano melhor, e não para servir a Deus e pensar numa vida futura. O segundo, de Michel de Montaigne, que iniciou o formato de dissertação, é uma ode 'a libertação e 'a igualdade chamada On Friendship, onde clama pela união e respeito nos diferentes niveis de relacionamentos, incluindo extra-humanos.

Escrito para ele próprio, o Livro do Desassossego é um monólogo com anotações dos clássicos por um romancista. Os anos de excelência que Pessoa leva em avanço aos escritores do mundano, fazem desta obra, essencial no canone lusitano. A validade (e sanidade) de algumas ideias aqui contidas devem ser questionadas, mas contas feitas e a balança pende para o lado de génio.

A publicação deste Diário Remendado de Luiz Pacheco,, vinha já a ser cozinhada em 1974, como algo para ganhar dinheiro. Existem títulos 'a volta deste gigante Português bem mais interessantes, mas o seu amâgo é aqui reproduzido em doses menores. As aventuras pelos editores a cobrar dinheiro, as desventuras homossexuais, as brincadeiras com o filho Paulocas, as ideias de exilio, as desintoxicações, os ódios, as personnas non grata, estão cá todos.
O clima de revolução torna-o quase paranóico com o falhanço do impacto de Pacheco versus Cesariny , que lhe tomou tanto tempo a preparar, mas alivia-lhe o problema das contas, se antes a electricidade e o gás lhe eram cortados por falta de pagamentos, com o emaranhado de 74, os serviços funcionam mal e Pacheco não tem agora necessidade de penhorar relógios.
Não será a melhor introdução, pois Pacheco no seu melhor é espicaçado em entrevistas, mas constitui um documento sobre esta figura que se pôs 'a margem de tudo e trilhou o seu próprio caminho.

Uma das grandes obras da ficção cientifca, We, do Russo Yevgeny Zamyatin foi a inspiração de Orwell para 1984. Essa, publicada em 1948 foi precedida pela obra de Zamyatin, escrita durante vários anos e que ficou finalizada em 1922, ano em que se iniciou a publicação de várias traduções nomeadamente na Republica Checa e Austria, chamando a atenção a vários académicos que levaram We para os seus países e fizeram a tradução. Com a censura soviética acaba por ser irónico que a peça na língua em que foi escrita, foi apenas publicada em 1988.
Os principios que Orwell fez uso estão aqui todos, um poder centralizador que conjuga em si todos os poderes e elimina as pretensões individuais. Num cenário em que olhando séculos para trás, é possível analisar os despojos da nossa sociedade actual, estudada pela arqueologia.
As personagens, todas reconhecidas por números interligam-se entre si, suscitando duvidas perante a autoridade do Installer, a máquina central. Uma obra notável, ainda para mais tendo sido escrita 'a quase cem anos numa Russia comunista.

Escrito com o coração, mas não com a cabeça de Roth que é capaz de encadeamentos lógícos aqui descurados em prol de manifestações de afecto e exercicios de memória, Património é ainda assim uma obra avassaladora. Gélida, sobretudo no final, relata a história do seu pai Herman Roth, desde que lhe é descoberto um tumor, rebobinando até 'as raizes do Judaismo na América. A partir de certo momento, é possível ver que este livro não é uma catárse, mas está a ser escrito consoante o passar dos dias, em tempo real, com as quedas e regressos 'a pista de Herman. Percebe-se assim o abrupto final, cerca de dez páginas apenas, que passam desde o dia que ele morre e são escritos em retrospectiva.