Sendo um fanático das bandas desenhadas de Hergé, e por até apreciar as versões animadas para a televisão das histórias, era com alguma ansiedade que esperava há alguns anos pela adaptação de Steven Spielberg e Peter Jackson d'As Aventuras de Tintin ao cinema. O que mais tinha medo, a parte visual, não desaponta. As cores de Hergé não são replicadas nesta versão, mas as substitutas são agradáveis e é criado um universo que, em 3D, tem imagens magníficas. Quanto ao argumento, a base sabia-se que é O Segredo do Licorne, nem de perto nem de longe a melhor história de Tintin, mas se as adições de pormenores de outras histórias são bem-vindas, as alterações ao enredo original custam-me a compreender. Não que seja adverso a mudanças, mas porquê fazê-lo?
A título de exemplo, será que Nestor seria visto da mesma forma ao longo dos anos, se não soubéssemos da introdução dele a Tintin e Haddock, que no filme foi suprimida e a sua posição alterada? Porque surge Rackam, o Terrível, com uma venda? Porque aparece Castafiore (a cantar bem), e não o Professor Girassol? Respondendo a esta pergunta, é óbvio que o próximo filme vai ter como base O Tesouro de Rackam, o Terrível, dada a cena final, e por isso ter Girassol como uma personagem central. Mas podia ser acrescentado.
Por fim, é impossível não notar em duas influências claras dos videojogos em cenas que foram acrescentadas. Na parte de Marrocos, Assassin's Creed, e na parte do porto, GTA IV. Não sendo um falhanço, pois o filme tem pormenores magníficos, as aventuras de Tintin no cinema provavelmente sofreram alterações necessárias para o grande público ficar agarrado à história, mas o problema deve ser meu, que não sou adepto de mudanças e amo os livros de Hergé. Dando crédito a quem merece, a sequência de apresentação é possivelmente a melhor do cinema.
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