Já aqui falei várias vezes sobre uma das fases do cinema que mais me interessa, o Português da década de 40. No entanto, dois dos mais importantes filmes vieram na década anterior. De Aldeia da Roupa Branca de Chianga de Garcia ficou principalmente a interpretação de Beatriz Costa como lavadeira e as interpretações musicais que exploravam ao máximo a possibilidade de som no cinema. No entanto, a apaixonante luta pela supremacia no lavadouro entre dona Quitéria e o Tio Jacinto, que Gracinda (Beatriz Costa) tem de ir resgatar a Lisboa para ajudar no negócio, é o ponto central da história. Toda aquela algazarra para conseguir a melhor banda para a festa de aldeia parece ser interrompida pela necessidade de ter Beatriz Costa a fazer uns números musicais (de altíssima qualidade, claro), mas que são isso, intromissões. O melhor de tudo? O diálogo, tão brilhante a capturar um Portugal esquecido, apontando-lhe os holofotes para mostrar a sua beleza.
Outra das grandes interpretações, Vasco Santana em A Canção de Lisboa, realizado em 1933 por Cottinelli Telmo. A história é hilariante, com Santana a ter de enganar as tias transmontanas que já o julgam doutor, pensando elas ter empregue bem as suas fortunas. A chegada delas à capital incita uma epopeia para encobrir a vida do epicurista na capital. É um filme essencial, mais uma vez, com textos soberbos e interpretações de topo, incluindo Beatriz Costa.
A única coisa a apontar a ambos os filmes em comparação com os filmes em que António Silva tem os papéis principais, por exemplo, é que devido às canções, ficam algo previsíveis. Não que seja um mal maior, só uma preferência pessoal.
15:56 |
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1 comentários
Comments (1)
Plenamente de acordo.
São os únicos filmes que consigo ver vezes sem fim e que me fazem sempre rir.