Realizado por Howard Hawks e baseado num musical, Gentlemen Prefer Blondes é um dos exemplos mais impressionantes da produção de Hollywood na época de ouro dos estúdios, em 1953. A história opõe Marylin Monroe e Jane Russell, começando com um admirador de uma bailarina que lhe oferece um anel após noites a admirá-la da plateia. Pela ingenuidade dela ou sorte dele, planeiam casar em França, levando uma outra bailarina na viagem. No navio vai uma equipa Olímpica, mas o noivo acaba por ficar em solo Americano. Dorothy (Jane Russell), no entanto, certifica-se que há entretenimento suficiente para a viagem, acostumando-se aos atletas e garantindo-lhe que a sua noiva está em boas mãos. Enquanto Dorothy se preocupa com o retirar cedo da equipa Olimpica para a cama, a amiga só quer saber da mina de diamantes de um idoso. A mulher de Sir Bickman traz no corpo o que parece ser a maioria da produção da mina, mas o marido não é o único homem a tentar impressionar Lourelei (Monroe). Mallone paga ao chefe de sala pela companhia das duas amigas ao jantar no navio, e fica mais próximo de Dorothy, percebendo que é estranho que duas amigas sejam de personalidades tão diferentes. Lourelei consegue que Sir Bickman lhe dê uma tiara de diamantes, o que traz problemas à chegada a Paris. Após terem gasto todo o dinheiro, Lady Bickman pede-lhe a tiara de volta. Em Paris, as duas amigas actuam e o noivo de Lourelei aparece, preocupado com a reputação com que ela ficou após o incidente do navio. Levada a tribunal, a hipótese de ser salva reside nele. Dorothy mascara-se de Lourelei e vai a tribunal, onde começa um número musical, que felizmente não são em grande quantidade durante o filme. Mallone, que é um investigador privado, vai ter com Sir Bickman e recupera a tiara que ele próprio roubara a Lourelei. Ela associa a felicidade a ter as coisas materiais, que consegue 'ser inteligente quando importa' e sempre consegue o casamento pelo dinheiro, casando Dorothy com Mallone ao mesmo tempo. Carisma, história concisa, muito bom.
Dos 34 estados Americanos em que é possível executar alguém por injecção ilegal, só 16 o fazem. Werner Herzog, como Europeu, é contra a pena capital, e para filmar Death Row foi necessário ser convidado por escrito pelo condenado e ser aceite pelo director da prisão. O primeiro episódio é focado em Hank Skinner, e 17 anos é o tempo que dura a espera de um homem que se diz inocente num triplo homicídio. A espera, o processo com os guardas faz parte da rotina, e de seguida, Herzog vai recriar o crime à cidade do Texas onde ele se deu, aparecendo algumas pessoas envolvidas nele, a história do filho que também agora tem um problema com a lei, até ao jornalista. Skinner mantém a inocência e o caso começa a virar a seu favor, depois de já ter estado na sala para ser executado. Os sonhos que ele tem lá dentro relacionados com a vida exterior esvaem-se enquanto aguarda o teste de DNA e uma possível data de execução. James Barnes em 1998 foi sentenciado pela morte da mulher, que admite como acidente, e depois confessou outro assassínio anterior. Há oito anos que não sente a chuva, e o episódio é bastante chato pela conversa ser principalmente com o advogado e pessoas ligadas ao apelo. As entrevistas com o condenado, são interessantes, principalmente pela reacção do pai dele e dos crimes inéditos que confessa. Apesar de querer a execução, ainda aguarda. O terceiro episódio começa com um jovem que morreu oito dias depois da entrevista inicial, no entanto é com Joseph Garcia que continua. No caso dele, é uma vítima do sistema judicial pela severidade das penas que levou. Ele estava numa fuga com outros sete, de uma prisão, com George Rivas como líder, igualmente com uma pilha de penas para cumprir. Rivas foi o autor de quatro tiros a um policia, crime de que se arrepende. É principalmente sobre a descrição dos passos que levaram ao homicídio numa loja que roubaram ao escapar, e sobre a maneira como lidam isso, e a pena de Garcia, ainda que não tenha disparado, pois todos os fugitivos foram condenados a prisão perpétua pelo seu envolvimento na fuga. Rivas foi executado, o que ele considerava liberdade, dadas as dezenas de penas perpétuas que tinha, incluindo por amarrar policias, e Garcia ainda espera. Trabalho digno e humano de Herzog, sempre inquisidor e não intrusivo.
O Romeno Andrei Ujica fez um filme muito curioso com The Autobiography of Nicolae Ceausescu em 2010. Partindo de imagens de arquivo da televisão estatal do seu país, o filme entrega ao ditador toda mobilidade para oferecer uma versão da sua vida no partido Comunista Romeno. Começa com a reação dele às acusações de vinte e cinco anos de opressão, e, sem qualquer tipo de narração sonora, o filme sustém-se. É uma experiência curiosa, ainda assim, as mais de duas horas e meia de filme constituem um teste. Mesmo que fosse a mesma peça adaptada à realidade Portuguesa, era longo demais.
Street Thief de 2006 é Kaspar Carr, sobre ladrões profissionais. O estilo documental, mas ficcional é das piores ideias de sempre. Bastante chato e sem desenvolvimentos.
A primeira incursão de Hype Williams (famoso pelos videoclips como realizador de uma longa metragem, Belly tinha em Nas e DMX as personagens principais e o atractivo do filme. Depois de subirem na vida em assaltos, intrusões em casa, confusões com mulheres diferentes, tráfico de droga, o previsível, ambos resolvem mudar de caminho. Um quer mudar-se para África, outro decide juntar-se à Nação do Islão. Os ângulos de câmera são uma tentativa de inovar, sendo algo de muito genial ou muito mal feito. Quanto ao desenvolvimento, é bastante fraco, acaba tudo aos tiros, como expectável.
No seguimento da tradição Americana dos reality shows, Mob Wives é um óptimo e é um péssimo programa. Óptimo para quem gostar de maus programas. Péssimo, porque é isso mesmo. As conjugues de membros da máfia, sejam eles os pais ou maridos encarcerados, vivem uma vida descomplicada, ditada por avanços e recuos nas suas relações. O tipo de educação que tiveram e a maneira como foram ensinadas a falar levam a inúmeros desentendidos entre elas, avanços e recuos, mudanças de opinião relativamente a amigas, e estalos distribuídos a quem recebe abraços também.
Não sendo apaixonado do género, após a visibilidade que os livros de Game Of Thrones tiveram, resolvi dar uma chance à série, e confesso que as expectativas foram defraudadas. A trama assenta na luta pelo poder num reino fantasioso onde membros de famílias nobres têm ainda de conter avanços vindos de paragens estrangeiras. Nada de novo, portanto, mas também Rome e Tudors não o eram, e na minha humilde opinião eram mais interessantes.
De acordo com a aclimatização da última década por parte de Tim Burton, uma passagem de alguns mistérios das margens para o assumidamente popular, um filme como Sombras da Noite é hoje em dia recebido por um público diferente do que se tivesse sido lançado noutro período do realizador. Daí, que seja algo acomodado, correndo poucos riscos, o que não descura o seu valor intrínseco, principalmente manifestado no lado cómico da história adaptada na série de televisão que durou cinco anos a partir de 1966. Barnabas Collins, Johnny Depp, é um vampiro que ficou duzentos anos preso por não obedecer ao chamamentos de Angelique Bouchard, Eva Green, que com Michelle Pfeiffer fecha um trio de actuações fantásticas. De regresso ao mundo, Barnabas vê a mansão ocupada pelos descendentes incapazes de sustentar os custos na vila que a sua família fundou e decide reavivar o negócio da exploração do peixe. Entre eles, a população e a sua antiga paixão/cruz, muito se desenvolve, ainda que não plena e conclusivamente. No geral, não se vai tornar no filme mais admirado de Burton, mas é bastante divertido e com um estilo visual que podemos tomar como garantido, mas que é delicioso.
American Modern reúne o trabalho de três fotógrafos icónicos da América a preto-e-branco, reúnidos para uma exposição e aqui catalogados. Berenice Abbot, Margaret Bourke-White e Walk Evans fixaram os anos 30 em imagens para a posteridade num estilo documental, tendo em comum o gosto pelos edifícios e as vidas dos mais carenciados. Esta edição muito bem apresentada tem ainda um forte enquadramento histórico proveniente dos textos auxiliares.
Não sendo o maior conhecedor da música dos Rolling Stones, Life, a celebrada biografia do guitarrista Keith Richards incentiva o leitor a descobrir mais. Se o ponto de venda do livro é o 'choque' que Richards provocou durante décadas pelo estilo de vida de sexo, drogas e rock n' roll, para a minha geração isso é já um dado adquirido, ainda que ele seja mais homem de família nas duas últimas décadas do que aquilo que o mito diz ser. Bem escrito (obviamente com um ghostwritter), segue a ordem cronológica desde o seu nascimento em Inglaterra, até ao regime de concertos actual que leva o circo dos Rolling Stones a estádios. O mais interessante para mim é o período inicial de deslumbramento com o blues e o jazz, em que tentam montar uma banda de tributo aos cantores Americanos que apreciavam, no entanto vários episódios com drogas, a sua relação com Mick Jagger, os exílios pela Europa e América, os acidentes e as alegrias, mantém o interesse do leitor ao longo do livro.
Baseado n'A Singular Vida de Albert Nobbs' do Irlandês George Moore, também passado nessa ilha, o filme remete para o duelo interior e com o exterior de um mordomo que trabalha num hotel de Dublin, enganando toda a gente quanto ao seu sexo, excepto uma pintora de interiores, que faz um pequeno trabalho no hotel e afinal sofre das mesmas dúvidas e na mesma condição. Nobbs, tenta endireitar a vida indo atrás de uma jovem criada (Mia Wasikowska muito fraquinha), que está grávida de um jovem que pretende ir para a América. Hubert, o pintor de interiores (brilhante Janet McTeer) tem a vida que Nobbs ambiciona, no entanto a febre tifóide leva-lhe a companheira da relação perfeita, bem como muita gente na cidade. Nobbs (Glenn Close, papel de uma vida, se bem que pedia um filme superior), tem sonhos, mas isso parece ser sempre interrompido por alguma de circunstância ou presente há décadas. A postura impecável e correcta que mantém no trabalho não lhe alveja nenhuma sorte, deixando a jovem criada já com um filho à mercê da caridade de Hubert, que recebe trabalho por causa de uma herança que lhe é querida.
Com um foco especial em cada edição, a McSeeney's começou em 1998 como um jornal literário, sendo hoje em dia uma editora célebre pelo aspecto visual das suas edições. Art Of McSweeney's é um livro de mesa que recorda as inovações que eles tentam incutir em cada edição, com o fundador Dave Eggers à cabeça. Muitas entrevistas com colaboradores, alguns deles de renome, e uma grande lição de bom gosto nestas páginas.
Tal como o nome indica, Another Book About Promotion & Sales Material reúne trabalhos de Stefan Sagmeister nesta área. Inicialmente concebido como catálogo para uma exposição desses trabalhos num ambiente de galeria, a popularidade do designer gráfico justificou a aposta, onde brilham os cartazes de promoção, técnicas de composição e comportamento dos consumidores. Apesar de não ser editado por ele, mas por um antigo interno, o livro é bom e não repete conteúdos de livros anteriores.
Dos editores da revista Popular Mechanics, The Wonderful Future That Never Was é um livro para os apreciadores do retro-futurismo, onde carros voadores, naves sem motor e outras idealizações não-realizadas como sinais em balões ilustram as cidades do futuro, num livro esteticamente muito bonito, que funciona como uma espécie de história das previsões muito optimistas.
Baseado no livro de Camilo Castelo Branco, Mistérios de Lisboa foi o canto do cisne de Raul Ruiz em 2010. Nele, João dizia-se que era filho do padre (curiosamente, outro escritor Português viria a igualar isto na vida real), e não tinha férias nem prendas. O pai está morto e a mãe vive com outro homem, e o criado deles vai visitá-lo ao lar e revela-lhe que a mãe nunca se esquece dele. O padre entrega-lhe uma carta da mãe, que conta a história de como ela teve de abdicar do filho. Eles reencontram-se e ele evita menções ao pai para não magoar a mãe, que vê no suicídio uma solução para resolver o passado. Afinal ele chama-se Pedro da Silva e é mesmo filho de um matrimónio ilegítimo. Seguindo uma condessa, um homem de negócios e Pedro da Silva, passa-se na altura de D. Pedro, num clima de guerra, por vários países da Europa e no Brasil, numa história da fidalguia Portuguesa à época. A fotografia é muito bonita, bem como os cenários e o guarda-roupa, o filme tem planos belíssimos, mas as interpretações são algo inconsequentes. Pena parecerem esquecer-se da banda sonora durante o filme, que é excessivamente grande, em que a segunda parte é quase toda em Francês por algum motivo.
Sempre com Cindy Sherman na composição, The Complete Untitled Film Stills reúne 69 fotografias a preto e branco, feitas nos últimos três anos da década de 70. São posições femininas inspiradas pelo cinema, que refletem a influência do cinema em nós e das nossas aspirações à pose e ao cinemático. Sherman começou esta série com 23 anos e os resultados ficaram com ela ao longo dos anos. É desafiante, mas recompensante.
Por ocasião do quinto aniversário da devastação do furacão Katrina, Richard Misrach publicou Destroy This Memory, em que registou fotograficamente as marcas nas paredes de New Orleans pós-Katrina, onde a spray se marcavam o número de mortos, prestavam homenagens ou se diziam que assaltantes iam ser abatidos a tiro. Sem pessoas, só destroços, uma beleza trágica e algum humor ainda assim. As fotografias foram tiradas por uma câmera de bolso de 4 megapixeis entre Outubro e Dezembro de 2005.
Não sendo capaz de seguir programas de televisão dada a necessidade de estar em frente ao monitor a determinada hora, isso não quer dizer que não os veja depois ao meu ritmo. Com muitas semelhanças, ambos estes programas são acerca de lojas de penhores. No caso de Hardcore Pawn, em Detroit. As histórias aparentam ser reais, mas é tudo escrito, o que é pena, tornando-se algo repetitivo, mas o motivo que eu considero este melhor do que o seguinte deve-se aos clientes. Em quase todos os episódios, o pior de Detroit vem ao de cima e há sempre algum espectáculo lastimável para observarmos ou um objecto excêntrico que aparece na loja. Claro que isto torna-se quase intolerável devido a uma agonizante linha de enredo que opõe os dois irmãos e herdeiros da loja. No entanto o pai, os seguranças e os outros empregados claramente justificam o sacrifício, e claro, a tragi-comédia que são os clientes.
Por seu lado, Pawn Stars foi o formato original e assenta também na repetição exaustiva do mesmo conceito, ainda que neste caso, com diferenças. Não há lutas, não há muitos objectos estranhos, e eles têm o irritante hábito de avaliar peças em frente ao cliente, acabando por comprar sempre acima do que o cliente pede, o que é um modelo de negócio estranho para uma loja de penhores. O programa centra-se unicamente no avô, no pai que gere a loja, no filho e no seu melhor amigo, Chum-Lee, um perfeito idiota. Compram muitas coisas para arranjar, e recebem muitos objectos de qualidade superior ao programa rival, nomeadamente aqueles ligados à história Americana, com real valor.
Do ano transacto, do baixista e vocalista dos Motorhead, Lemmy The Movie, mais do que para os admiradores, é um bom documentário para o próprio ver. Começa por aparecer a jogar na consola e a fazer batatas fritas, mas rapidamente muda para a indumentária de estrela do rock, onde pululam os fãs que o adoram e o circo mediático em seu redor, onde aparecem várias pessoas a acrescentar à lenda dele, com episódios relatados por amigos como Dave Grohl, bem como o filho e os que lhe conhecem a rotina quando longe dos palcos.
A cultura das celebridades pelas revistas Americanas leva a que o actor de Vince da série Entourage, a quem acontece o mesmo na vida real e na série, comece a seguir um rapaz que toda a gente conhece como Teenage Paparazzo. Os paparazzi não pedem permissão para tirar fotografias ao contrário das pessoas que lhe pedem o mesmo, e numa dessas ocasiões, há um rapaz que lhe está a tirar fotografias. Tem 13 anos e chama-se Austin. Cresceu em Hollywood com uma mãe que o apoia e ele é o ponto de partida para se ver a maneira de os outros paparazzi se movimentarem. Algumas celebridades dão dicas aos paparazzi, mas os principais motores são seguranças, empregados de discotecas, que passam a ver Adrien regularmente com os paparazzis, e depois a falar com os editores que compram as fotografias para tentar compreender a dinâmica por trás deste negócio que os envolvidos reconhecem como fútil. A psicologia por trás da adoração das pessoas pela fama, o uso dos primeiros nomes das celebridades que leva as pessoas a sentirem-se parte de algo, por já não explorarem as suas próprias amizades são pontos interessantes, no entanto, Austin começa a tornar-se uma celebridade à medida que surgem reportagens, e as pessoas o reconhecem. Estuda em casa e não convive com crianças saudáveis o que o torna numa criança horrível, que persegue pessoas. O papel de Adrien é de louvar pois, tal como o pai, tenta interessá-lo com fotojornalismo, mas a mentalidade de Austin já estava alterada. Tanto que com a fama que Austin conquistou, já não tinha tempo nem paciência para Adrien, a celebridade. Tal como este nota, já existem mais pessoas a filmar e a fotografar Austin, no entanto, está toda a gente a fotografar-se e nada a acontecer. E a personalidade de Austin torna-se cada vez mais vazia, mesquinha e desprezível. Felizmente acaba em bom tom, um ano depois.
Em Up In Smoke, dupla de hippies amante de drogas leves Cheech and Chong vai-se encontrando com várias personagens enquanto buscam por erva. Tem piada, mas é preciso estar num certo estado mental para o apreciar devidamente.
De 15, 20 e 25 minutos respectivamente, os filmes de João Salaviza foram editados conjuntamente. Arena é o quarto de um rapaz em prisão domiciliária que faz tatuagens em si próprio para passar o tempo. É assaltado e espancado por uns miúdos insatisfeitos com o trabalho que fez num deles. As cenas em que ele os reencontra são filmadas em ângulos muito bons, de vistoso efeito e o melhor e mais cativante. Cerro Negro é sobre imigrantes, o pai na prisão e a mãe a trabalhar até de manhã, a criança a crescer sozinha enquanto a mãe visita a prisão, também sozinha. Vê-se a solidão em cada um, à vez, com o pai a sofrer dentro das grades. Rafa tem a mãe na polícia e vai de mota para Lisboa durante a madrugada para a ir buscar à prisão depois de ela ter espatifado o carro do namorado. Apesar de ser feito com mais meios e experiência, achei o mais desinteressantes dos Três. São curtas, o que a mim não me diz muito, mas bem feitas. Como temas agregadores: situações de precariedade em bairros sociais, os jovens homens com condicionantes à liberdade e actores com bons desempenhos.
Sendo um admirador confesso de Sacha Baron-Cohen, até pela oposição da sua personagem real e em cena, aguardava O Ditador desde as primeiras imagens que apareceram, com as devidas expectativas. No primeiro filme com guião desde Ali-G, sem as situações provocadas dos filmes anteriores, que tentavam levar até ao limite a expectativa da reacção dos intervenientes de acordo com as situações em que eram postos, este é um bom filme de comédia para a era moderna. Não se possa dizer que é realmente inteligente, no campo de uns Irmãos Marx ou Buster Keaton, mas é físico, e funciona. Sem ser nenhum portento, é um valor seguro.
No bairro Geylang em Singapura onde bordéis e locais de culto convivem no mesmo espaço urbano, várias histórias confluem num misto de documentário e ficção. Pleasure Factory de 2007, realizado por Ekachai Uekrongtham, apesar da inovação de destacar temas como a prostituição e relações homossexuais, pouco comuns no cinema asiático, é bastante entediante, com latentes quebras de ritmo. A última cena é bonita, no entanto.
O registo da exposição de Paulo Nozolino em 2005 em Serralves, Far Cry, vem com dois textos de anexo e uma bibliografia do fotógrafo, que se cinge ao preto e branco, com tudo muito sombria e apesar dos detalhes, pouco contraste. Tiradas por todo o mundo em diferentes espaços públicos, o livro reúne diferentes períodos do seu trabalho.