No seguimento destes dois livros, mas com melhor apresentação, Be The Worst You Can Be tem Charles Saatchi a responder a várias dezenas de perguntas enviadas por leitores. Confesso que para mim é uma relação de amor-ódio. Não pelos motivos habituais que a personalidade dele desperta, mas porque acredito que ele realmente consegue ser inteligente e engraçado, mas convence-se a si próprio que por vezes é demasiado trabalhoso fazer algo. As perguntas vão desde as informações sobre arte e a personalidade dele, até questões abstractas que procuram uma resposta filosófica, mas raramente a encontram. De uma figura realmente especial, mas inconstante, o que é pena.
Nunca escrevo aqui sobre revistas, no entanto este número da Germânica Mono Kultur dedicado a Chris Ware é mais entre o folheto e a monografia do que uma revista. Excelente apresentação, incluindo a maneira como é desdobrável, diferentes extractos do trabalho do cartoonista ao longo dos anos e uma entrevista por Urs Bellermann. É absolutamente digno do primor das edições do próprio Chris Ware, e só isso atesta a qualidade do producto final.
Lançado em 2011, Being Elmo A Puppeteer's Journey é sobre a personagem dos marretas e o homem por trás dele actualmente, Kevin Clash. O trajecto da vida dele levou-o a um trabalho para o qual é difícil alguém preparar-se, no entanto, no caso de Clash, parece natural ter sido esse o seu destino. A mistura de raças dos habitantes na Rua Sésamo e o encanto das personagens maravilhou-o e ele começou a fazer as suas próprias marionetas. O espectador aprende sobre a manufactura dos bonecos, os exercícios para preparar os movimentos, as audições e testemunha o sucesso do boneco do Elmo. Kevin conhece presidentes, tem de lidar com a morte do criador dos Marretas e continuar com o resto da equipa a representar o seu legado. É uma história bonita, com um transmissor à altura, de dedicação a uma obsessão de criança.
Na era do presidente Bush, um trapaceiro que chegou muito perto dos governantes mais altos da América, pode ser um exemplo exótico ou um exemplo do que o sistema permite. O acesso à influência depende de dinheiro, e Jack Abramoff, que nasceu em 1959 e converteu-se ao Judaismo como rebelião aos pais, conseguiu-o. O espectador vê o percurso de Jack nas diversas associações políticas desde os tempos da universidade, até se tornar no que os colegas definem como um lobbyista. A aventura de Casino Jack And The United States of Money não se restringe ao país, pois ele produziu um filme, envolveu-se na questão Angolana com Savimbi, fábricas nas ilhas Marianas com empregados presos por contratos e senadores Americanos a irem lá pagos para verem que não havia nada, os casinos dos Índios, limites das campanhas deles e dos amigos, os restaurantes que geria em que continuava a fazer política, entre outras coisas. O fim, é incrivelmente justo. Acabaram por ir todos presos com penas curtas, e o documentário, apesar de bem realizado, não tem um bom desenvolvimento da história, é mais uma exposição de factos que outra coisa.
Como todos os livros que se dedicam a analisar um tema tão largo como os autocolantes de marcas de skate ao longo de décadas, Skateboard Stickers tem alguma informação útil, e contraria as expectativas dos leitores que procuram ali uma validação ao seu próprio conhecimento, e só vêm as falhas. No entanto, o livro de Mark Munson e Steve Cardwell tem, ao longo de 140 páginas, muitos estilos cobertos, movimentos, algumas colecções particulares, histórias sobre quem estava por trás das ideias e claro, muitas imagens.
Primeira vez em muitos, muitos anos, que vi uma sala de cinema cheia. Movidos pelo valor nostálgico mas com as devidas distâncias, o que se buscava era entretenimento, e foi isso que se conseguiu com American Pie: Reunion. Podia dizer que era bastante mau, mas se fosse diferente do que é, não era tão bom.
I Hate, subtítulo The Art of Tod Bratrud reúne um conjunto de ilustrações do artista responsável por algumas das tábuas mais icónicas de marcas de skate como Consolidated, Flip, Enjoi ou Creature. É num formato conciso, muito bem apresentado, e com poucas palavras, e imagens de muito boa resolução. Mais um a acrescentar a quem construa uma biblioteca de livros de skate.
tinha visto este filme, sem lhe dedicar a devida atenção. Uma experiência algo exagerada traduziu-se numa nova apreciação por Enter The Void de Gaspar Noé. Se a temática só me causa repugnação, acho que acertei na combinação ideal para o poder apreciar: a melhor companhia, e a testar os limites da tolerância, vê-lo num cinema depois da meia-noite e depois de ver outro filme longo. Não é algo que planeie repetir (tirando a companhia, claro), mas é uma experiência que me vai ficar para sempre marcada. Desde o já referido genérico, até ao arrastar das cenas finais, é realmente uma obra única.
Do Britânico Steve McQueen, Shame é sobre a relação de Brandon (Michael Fassbender, óptimo) com as mulheres, que ele vê como objecto, incluíndo a irmã (Carey Mulligan). Vivendo na ambiguidade de ser vítima ou o agressor, a sua posição no mundo está indefinida, sendo ele quem mais sofre com isso. Estéticamente é muito bem conseguido, a nível de argumento a referência óbvia é American Psycho, e se é um filme muito explícito, deve-o à entrega de Fassbender, aos silêncios e à cidade.