Seguindo o formato de uma série ao seguir personagens, doze pessoas diferentes, World War II in HD é construído com imagens a cores filmadas na época. É muito focado nos combates no Pacífico, onde as frustrações, os medos das pessoas são reais ao enfrentar perigo de vida e a morte. É o melhor testamento que já vi da guerra e as pessoas descritas são de carácter assinalável, os sobreviventes e os que morreram.
Um documentário para a geração da internet, PressPausePlay mostra as mudanças na música, arte e cinema, onde com pouco dinheiro e algumas ideias, qualquer pessoa consegue concretizar uma obra, com os meios mais pequenos, apenas com a internet, ficando toda a gente a par do que se passa. As ideias quando não são pagas, propagam-se mais facilmente, mas a seriedade do criar é dissipada. Vale a pena ver.
O criador de Supersize Me teve a ideia de fazer um documentário sobre a abundância de anúncios na cidade e na internet. The Greatest Movie Ever Sold é o objectivo e o producto final, um filme só sobre product-placement, sem mais nada, onde tudo é patrocinado. É um exercício curioso que envolve a audiência na experiência desde o primeiro minuto.
Um homem foi acusado de matar o irmão, mas depois ilibado, estando a população do lado dele. Cada pessoa na comunidade tem a sua visão do suposto homicídio, e dos motivos que levaram à morte do indivíduo. A mentalidade de todos é América profunda, não sabem ler nem escrever, e usam ferramentas antigas nas quintas. O acusado, por ser mentalmente instável, foi levado a uma confissão que seria falsa, resultando Brother's Keeper, um documentário curioso.
Badlands de Terrence Malick (1973) é visualmente muito bonito e uma obra para absorver.

Uma rapariga educada nos Estados Unidos de acordo com os costumes dos pais, a ter de crescer no mesmo ambiente que os outros Americanos de Chicago. Ela não percebe o orgulho grego dos pais, e com 30 anos, uma irmã com muitos filhos, e pouca vontade de casar, serve para uma interessante análise do papel da mulher na sociedade. É a primeira mulher da familia a namorar com um não-Grego, mas mesmo assim tentam encontrar-lhe um marido. My Big Fat Greek Wedding é um filme simples e engraçado.

O primeiro livro de Marcel Proust, Os Prazeres e os Dias reúne ensaios e curtas histórias de Parisienses nas suas vidas boémias. Inicialmente ilustrado, e também acompanhado de quatro peças de piano, foi escrito antes dos vinte e cinco anos e dedicado a um amigo falecido. É um livro de grande valor, ainda assim.
Alexis de treze anos, sobrinha do Visconde de Sylvanie, que estava às portas da morte, mas era visto pelo rapaz como um ser de características admiráveis, tendo apenas trinta e cinco anos. O tio, rindo da ameaça do Visconde de Parma, vai passar umas semanas a um castelo mais movimentado, onde conhece uma jovem casada com quem se envolve, para depois regressar ao castelo dele e isolar-se ainda mais. Oferece o segundo cavalo e uma carruagem ao sobrinho, no seu aniversário seguinte, pois o tempo urge. Da impossibilidade de caminhar, passou para o perfeito estado do sistema nervoso, sendo dado como salvo. Esquecera-se das contrariedades de viver, e não queria agora retornar a isso, mas voltou a piorar, acompanhado pelo acidente da cunhada na sua propriedade. A morte nela, olhou-a de frente e enfrentou-a, destemido, mais preocupado do que com a vida dele. Ensimesmado na loucura, viu o mar e os campos uma última vez, e assim morreu, concluindo a primeira história.
Noutra, Violante, filha da Viscondessa da Estéria e do marido, subdesenvolvida, herdou as melhores qualidades de cada um, mas ficou orfã aos quinze anos. Cresceu praticamente isolada, com um preceptor no castelo. Uma tia visitou-a com Honoré, um rapaz de dezasseis anos, mas apesar dos avanços dele, ela comportou-se e ficou sozinha, não se livrando de o recordar ocasionalmente, até lhe ter escrito na véspera de ele se ausentar por quatro anos, por ser marinheiro.
Depois de sofrer um desgosto amoroso às mãos de um Inglês, Violante decide mudar para a corte da Austria. Fez sucesso entre as gentes mundanas, incluindo os vários pretendentes a casar, decidindo-se pelo Duque da Boémia, cerimónia no dia de regresso de Honoré, que fica destroçado. Ao lado do duque, ela renegou algumas das suas paixões, embrutecendo e, vencida pelo hábito, não mais regressou à terra natal.
A amante de Fabrício, que ele não queria inteligente, começa Fragmentos de Comédia Italiana, dezenas de curtas histórias, objectos que falam, considerações. A beleza das frases de Proust, sobre o snobismo, é seguida por Mundanismo, através de personagens de Flaubert que discutiam dramaturgos e compositores, num fingimento.
Duas amigas nos salões de Paris procuram conhecer homens até uma engendrar um romance obsessivo, com um músico que estava ausente e nem lhe tinha sido apresentado, provavelmente por quatro anos de viuvez, desde os vinte e um.
Por fim, poemas que retratam pintores e músicos, um exercício engraçado, que por entre os elogios, conjugam versos belíssimos. Em Confissões De Uma Jovem, um jantar fora de casa com convidados muito peculiares, tristes e embrutecidos, encerra com Mágoas e Devaneios ao ritmo do tempo.

De Robert Darnton, possuidor de uma carreira invejável nas instituições bibliotecárias Americanas, The Case For Books é realmente obra de alguém que percebe e se interessa por livros e bibliotecas, e como apresentar os seus conteúdos, servindo a humanidade. O iluminismo e o Google Books Search são os principais temas, e por ser uma colectânea de artigos, há alguma repetição dos dados.
A preocupação pelo monopólio da Google, a acessibilidade aos textos, a dificuldade em publicar dissertações de doutoramento hoje em dia e a destruição de livros e jornais ao fazer cópias em micro-filme (que o tempo provou ser uma má troca), são outros dos problemas debatidos por Darnton. Tal como o trabalho que ele desenvolve nesse campo, algumas das melhores linhas são relativas ao que foi o negócio dos livros noutros tempos, objecto da sua investigação.

Do século XX, foram reunidos 100 Artists' Manifestos, começando com o balístico manifesto do futurismo e abraçando diversas correntes estéticas e teóricas. Esse primeiro manifesto modernista, de Marinetti, vai buscar a uma tradição d'O Manifesto Comunista, iniciando esse período de influências, onde muitos manifestos reagem mais calma ou intempestivamente aos precedentes. Organizados por ordem cronológica, para se entender esse diálogo entre eles, muitos dos manifestos estavam inéditos em Inglês, outros são novas traduções, tendo este livro uma existência e relevância assegurada por muitos anos. Cada texto é precedido por uma explicação do manifesto e do seu contexto, bem como uma curta biografia do autor.

Apesar da quantidade de erros de Português (não fosse O Bibliófilo Aprendiz ser uma edição colonial), é um livro curioso, com pequenos textos de Rubens Borba de Moraes sobre diferentes aspectos do coleccionismo de livros, e a cultura em volta de bibliotecas. Histórias pessoais em busca de exemplares e outros elementos.

Rilke, poeta, e Woolf, romancista, fazem sugestões opostas a jovens poetas, em Cartas A Jovens Poetas. Cartas em águas separadas, pois os autores nunca se encontraram nem leram, complementadas por uma extensa introdução de Francisco Vale. Não são sugestões directas, mas correspondência, curioso, mas pouco mais.

Subtítulo A Biografia de Luiz Pacheco, Puta Que Os Pariu da autoria de João Pedro George passa por relatar a fama de escritor maldito deste, cuja importância editorila é abafada pela própria vida, que suplantou a obra. Das origens burguesas no exército e nas letras, com um pai "falhado" das estatísticas, a mãe uma doméstica que "endoideceu e via o diabo," apesar de os pais não leram, deram-lhe acesso à biblioteca da casa, e Pacheco, solitário, aprendeu a gostar de ler. Das violação em criança até à relação com os professores e mestres do Liceu Camões, tudo está descrito, numa pesquisa exaustiva por George. Lidando com os nomes mais sonantes, Pacheco não acaba o curso e torna-se funcionário público, seguindo-se uma vida errante com violações, gravidez de menores e várias passagens pela prisão, fome e miséria, e uma grande vontade de agitar a vida cultural do país. Confuso nalguns momentos, é um livro que fica como a documentação definitiva da vida de Luiz Pacheco, com um grande trabalho de pesquisa por trás.

Para o romancista Don DeLillo, uma peça de teatro foge ao seu domínio, no entanto, Valparaíso é sobre um homem que vai a essa localidade em negócios e conta o episódio a uma entrevistadora, pois na dúvida de ter de encontrar o cliente nessa cidade de Indiana ou de Miami, levanta outras questões. Deu 140 entrevistas, e parece tudo muito aleatório, surreal. O destino acaba por ser Santiago do Chile, e a mulher engravidou de outro homem. O poder dos media, e o que é realmente verdadeiro são os temas centrais, ficando incerto se o personagem principal morre, ou se até já teria morrido. É uma forma de mostrar que algumas pessoas só existem no plano mediático e a vitalidade delas está ligada ao aparecerem.

Tendo ficado a faltar o The Paris Review Interviews Vol. 1, há inúmeros pontos de interesse, como em todos os outros volumes. A vida triste de Dorothy Parker, que é camuflada nos poemas, mas que sobressaía nas histórias, trabalhando quase por acaso na Vogue, Vanity Fair e Life, pela necessidade de ter dinheiro, aliado à falta de humoristas à época. Outros tempos, definitivamente. Truman Capote e o seu controlo, a clareza e dedicação de Hemingway, T.S. Eliot e os encontros com Ezra Pound e o seu percurso académico, bem como inspiração helénica para as peças e depois os poemas. No meio dessa constelação dos grandes nomes do século passado, há também a busca pelas respostas perfeitas de Saul Bellow, Jorge Luis Borges e o interesse pelos épicos e línguas antigas, Kurt Vonnegut na Segunda Guerra e as piadas da vida académica, na química, e a ensinar literatura. O editor Robert Gottlieb responde a alguns dos autores dos inúmeros livros que editou, num diálogo muito interessante, que mostra a reverência com que a sua autoridade era olhada.
Por fim, Billy Wilder começou como argumentista e decidiu realizar para ver as suas ideias levadas até ao fim, e fala sobre Hollywood e as pessoas que lá trabalham, entre outros.

Realizado por Sean Penn, A Promessa é um filme policial com Jack Nicholson quase a aposentar-se, mas a fazer uma última missão sem receber ordens. Uma rapariga desapareceu e ele promete à mãe ir encontrá-la, pondo a vida em risco, mas também a estabilidade emocional. O suposto autor do crime, suicida-se, perdendo-se o rasto para a solução do crime, mas ele persiste. É bastante competente.

Num mercado onde cada vez mais jornais fecham, a queda dos anunciantes leva a uma buscar por novas formas de chegar ao público, que corta com a comunicação dos jornais. Page One - Inside The New York Times mostra a influência do jornal que foi decaindo, à medida que a distribuição do jornal deixou de ser tão influente, e de como foram vistas as divulgações da Wikileaks. Os dados da Wikileaks estão no centro da discussão, pois colaboraram com o NY Times na divulgação dos dados.
A responsabilidade do jornal, cuja credibilidade é afectada pelas histórias mal contadas, é narrada por um dos membros da equipa, e leva-nos a pensar sobre a importância destes meios que produzem informação e de como são importantes para criar conteúdos originais. Não é assim tão entusiasmaste, pois não há quase nada acerca do jornal a ser feito, sendo mais focado nas disputas internas, ainda assim, vale a pena a quem se interessar por este diálogo das novas formas de informação.

Um remake de 2007 feito por Rob Zombie, Halloween é onde Michael Myers, depois de 17 anos preso numa instituição mental, vai em busca da irmã mais nova, semeando o terror por onde passa. Não é nenhuma obra prima, mas é suficiente emocionante e consegue prender a atenção.

Realizado por John Huston, The Man Who Would Be King é uma adaptação da pequena história de Rudyard Kipling com o mesmo nome, onde dois soldados do exército Indiano acabam como reis numa terra longínqua. O tipo de fotografia usado é hoje muito fora de moda, mas até é um filme bem conseguido, dentro do que era feito na época.

Cada episódio de South Park é escrito e gravado em seis dias, e é um desses processos de criação que é registado em The Making of South Park - 6 Days To Air. É igualmente feito com poucos artifícios, ainda que concedendo um olhar sobre os bastidores.

Nada de novo desta parelha autor/editora, Short Movies são esboços que nunca mereciam ser publicados. São assim postos na rua, e engrossam uma obra que se encherá de superlativos em tempo de ponderação (setecentos livros em vinte anos! Magnífico!). Sessenta histórias em 150 páginas, e com letra enorme, a malandrice do costume. De acordo com o nome, pequenas histórias com uma linguagem visual e descritiva de uma cena de um filme que não durará cinco segundos.

D'O Meu Pipi, Sermões é um regresso, oito anos depois do primeiro livro. No fundo, conversa fiada com asneirada pelo meio, que enrola e não dá em nada, nem tendo a graça do primeiro livro, apesar da inspiração curiosa.