Prémio Nobel da Literatura em 1920, Knut Hamsun nasceu também na Noruega, onde foi aprendiz de sapateiro, antes de ir para os EUA. Regressa à pátria, e com trinta e um anos publica Fome, que inicia uma nova via para o romance, através do discurso interior.
A solidão e a fome, que o narrador sente enquanto vagueia por Kristiania (actual Oslo), são os temas centrais, que o levam a delirar. O narrador é um escritor, que no ano de 1890 devia estar a escrever, mas apenas ocasionalmente vende um artigo para um jornal. Sem enredo ou personagens, o livro é extremamente bem conduzido, até por cair no impasse de o narrador poder sair da cidade e comer, mas ele próprio define que é esse o seu destino, e por isso deseja-o, ficando o leitor sem preocupação pelas suas decisões pouco sensatas. Ele chora, tenta encontrar conhecidos que lhe dêem dinheiro, e quando isso falha, vai a lojas aleatoriamente. Uma mulher quase imaginária atravessasse-lhe no caminho, mas quando tem alguma sorte, mais uma vez volta a desperdiçá-la. Tanto é cuidadoso para com as pessoas que o interpelam, como os ofende com mudanças de humor. Mas tudo tem uma solução, basta-lhe entrar num barco e partir. Notável.