Da autoria do jornalista Joaquim Magalhães de Castro, radicado em Macau, Viagem ao Tecto do Mundo assinala uma viagem de dois mil kilómetros ao longo de mês e meio ao Ngari no Tibete, que fica a semana e meia de Lhasa, sem transportes regulares. O local, isolado até ao século XVII, revelado por exploradores Portugueses em Goa, inspirou Magalhães de Castro, território explorado em outras viagens à zona de que o autor é conhecedor, incluindo bons apontamentos históricos.
É bem escrito no âmbito da literatura de viagens, se bem que a atitude do autor não seja a mais perspicaz. Por irem de boleia, sujeitam-se a péssimas condições. Ainda que o autor critique os turistas ocidentais que pagam milhares de dólares para visitar a região, os constantes subornos e favores pagos, essenciais naquela parte da China, fazem-me ter pouca vontade de me submeter aos humores dos locais. Basicamente, ele gosta de ser explorado por camionistas que o levam ao frio, não vendo nem encontrando mais do que os turistas normais e com a particularidade de, pelas aventuras, se chatear com o companheiro de viagem, naquela acção Portuguesa que é acompanhar o amigo até encontrar uma estrangeira e isolar-se assim dele. Vale a pena a leitura, até pelas personagens que encontram pela estrada.