Do Norueguês Jens Lien, The Bothersome Man é uma obra solene, sobre um homem que sai de um autocarro para uma cidade, sem memória. A paisagem inicial é um momento digno de Tarkovsky, com a boa fotografia e um minimalismo refinado a serem uma constante. Ao homem, tudo é familiar, mas o mundo não tem emoções, e por não se ajustar, procura uma saída, nem que seja sentimental, para o mundo de outrora. O filme esbate as fronteiras do possível, num elegante surrealismo via século XXI.

Obviamente não se trata da saga, mas do novo livro do skater Scott H. Bourne. Eclipse tem a mesma apresentação do livro anterior, também editado pela Carhartt e do qual falei aqui. Vale a pena reler, pois este novo volume de poesia é também escrito à máquina, com erros, deixando transparecer pouca da luz de Paris, daí o eclipse. A temática volta a ser sombria, e é bom que a prosa com que Bourne tanto se ocupa, seja superior, ou a boa vontade de tanta gente que o tem apoiado talvez se esmoreça, com o fraco conteúdo poéticos das linhas que ele escreve. Para ser levado a sério, não pode escrever três vezes 'beneith' em vez de 'beneath' na mesma página. É pena, pois nota-se que ele tem algo dentro dele, como em poemas como 'A To Z' ou 'Poetry', em que alcança algo, mas tem de aprender a cortar o que não importa para que o que vale a pena sobressaia por si próprio.

Mais uma boa prenda, da junção de um duo de ilustradora e escritora nasce Akira Himekawa, o nome por trás da adaptação de Zelda: Ocarina of Time a manga. Existem algumas alterações, como Link conhecer Zelda no mercado de Hyrule, sem saber quem ela é, e achar a Epona, em vez de conquistar a égua, entre outras, ilustradas com desenhos muito bons, com um toque diferente, para demonstrar as emoções como o amor ou a excitação, ausentes do jogo, que dão uma nova dimensão a Link. A ser verdade, a revelação de Link comprar o dragão Volvagia em bebé, é brilhante. Acrecenta coisas, e Link é algo desastrado mas segue a linha do jogo, com os dois livros a trazerem duas side stories de bónus. Muito bom, até por conservar a magia, tal como o episódio seguinte, Majora's Mask, que também li e recomendo a quem tenha crescido a jogar a odisseia de Zelda.

Edição dupla da RTP, e uma excelente prenda de aniversário, A Liga Dos Últimos reúne para a posteridade mais de três horas das reportagens exibidas no programa. A força e o encanto não é obviamente por ser sobre futebol nem sobre os detalhes técnicos, mas por ser uma autópsia carinhosa ao Portugal ostracizado, mas real. Recomendável, com tremoços de preferência.

Em termos técnicos, nada há a apontar a Inception, tirando o excesso de música que atropela constantemente os efeitos sonoros. A maneira como Christopher Nolan trata visualmente a mensagem, é assinalável, mas o problema reside no guião. Não é a história nem o final, mas a maneira como chega de um ponto ao outro, reduzindo o filme a uma explicação detalhada de tudo o que estamos a ver. Dada as pretensões comerciais do filme, tem sido referida a suposta complexidade do enredo, que tirando a última cena (Caine como dominador da técnica e amigo de Di Caprio, tem a generosidade de lhe fazer uma inception para o fazer esquecer os filhos?) é todo explicado. Há pouco de desafiante em relaxar numa cadeira e ver tudo ser resumido perante os nossos olhos. A acção em excesso é desnecessária mas imperativa para as audiências se impressionarem, mas não será um filme para a história, até pelas várias referências de que não se distancia (Matrix, Shutter Island, entre muitos outros).

This Film Is Not Yet Rated, documentário de 2006, investiga a comissão que dá as pontuações etárias aos filmes, a história das recusas e a maneira como é feito, desde a fundação por um grupo de pais. Fala sobre como os realizadores recebem a noticia dos obstáculos impostos pelo comité e os critérios aparentemente aleatórios que restringem tudo o que não seja igual à norma. O problema é não saberem quem tem esta autoridade moral que perturba muitos realizadores, então contratam investigadores para descobrir quem são as pessoas. Apesar da injustiça da situação, é bem humorado, vale a pena ver.

Uma oferta da revista, Vice Guide To Travel tem vários making ofs com o fundador da publicação sobre diferentes partes do mundo, com a pobreza como termo unificador. Entre outros, são alvo as ruas do Brasil, a privação das crianças Palestinas, armas na Bulgária e David Choe em busca de um dinossauro no Congo. Tendo em conta que não chega sequer a uma hora de duração, as notas e a embalagem valem mais do que o conteúdo.

O destino é desenrolado perante o espectador de 500 Days of Summer, a duração de uma relação cujos altos e baixos se vêem aleatoriamente, sabendo que teve um fim. O casal, Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel não foi realmente talhado um para o outro, com a incredulidade dele a traí-lo por ela ser mesmo boa demais para um compromisso, quando ele procurava a mulher certa. Leve e descomprometido, tal como a personagem de Zooey.

A vida de um professor de literatura é moldada pela família disfuncional que almeja alguma normalidade, deixando-o na desgraça. Sem grandes atributos mas com actores experientes que deixam Smart People bem entregue.

O medo do compromisso assola o dono de uma loja de discos em High Fidelity de Stephen Frear, adaptando o livro de Nick Hornby. A música pop formou-lhe o espírito depressivo e vive com desgostos amorosos, toldando as suas relações pessoais. É um filme despretensioso, que podia ter mais alguma vitalidade, que nem Jack Black consegue incutir, ainda que tenha bons diálogos.
Já agora, como muita gente que visita este blog, gosta de hardcore, quando o Jack Black rejeita vender uma cópia de I Just Called To Say I Love You, existe uma caveira de Integrity atrás.

Uma prenda, o livro Mundos Paralelos de Michio Kaku apresenta a escassez de dados com que se depara a cosmologia e o pouco que sabemos sobre o universo. As principais são o que terá sido o big bang e o que será o big freeze, começando com as grandes mudanças com Newton e depois Einstein ou Edwin Hubble. Se o primeiro terço do livro é fácil de seguir, as partes seguintes como a inflação de universos paralelos ou a teoria de cordas, requer concentração. É bem escrito, com a informação de forma sucinta, ainda que bom muita teoria, mas com hipóteses retiradas das ficção científica, principalmente no que toca a formular opções sobre a passagem da humanidade para outro universo. Como é perceptível, há que ter alguma fé (na ciência) para acreditar em tudo isto, mas é uma proposta desafiante.

Contra o US Chamber of Commerce existem os Yes Men, enaltecendo o problema dos lobbyists que tem ganhado voz popular em artigos da imprensa como a Time. Fazendo-se passar por executivos de empresas que não gostam, por métodos bem engenhosos e elaborados, confrontam o establishment. As intenções honrosas e coragem suficiente para mudarem por eles próprios as coisas, talvez com reduzido impacto a longo termo, mas como movimento, é curioso. A edição de The Yes Men Fix The World é fraca, mas pouco importa para o propósito.

Um auto-intitulado Shockumentary do grupo Insane Clown Posse, documenta a realidade muito distorcida dos seguidores do horrível grupo, maioritariamente white trash do Midwest Americano e com uma queda para actividades decadentes. Está disponível online, para os mais curiosos.

O realizador de Style Wars, Henry Chalfant, um pioneiro e personagem influente no registo do hip hop ao longo de várias décadas, principalmente através da sua objectiva, captando momentos únicos do graffiti e breakdance lançou o catálogo de 10 Years: 1977-1987. Uma amostra de algumas das fotografias mais icónicas que foram publicadas e exibidas há 3 anos, pela Maharishi.

Tal como o nome indica, The Ghost é um ghost writer que depois de escrever a autobiografia de um mágico, é testado para a de um politico, apesar de não seguir politica. Essa pessoa acaba por ser o primeiro-ministro Inglês, imerso em secretismo e segurança. Acontece que a integridade do primeiro-ministro é posta em causa e Ewan McGregor (de classe superior) vê-se envolvido em assuntos maiores do que consegue compreender, pois pendem acusações de auxilio a terrorismo, por supostas guerras ilegais. As referências da vida real são óbvias, e é pena que os maiores crimes sejam cometidos sem haver culpados, no entanto, como entretenimento que o cinema é, The Ghostwriter é um bom filme, de Roman Polanski.

Publicado em 1939, o ano em que Joseph Roth morreu, tal como o protagonista, de tanto beber, The Legend of the Holy Drinker é um pequeno livro com a história de Andreas. Depois de viver debaixo de pontes, Andreas tem uma mudança na vida. Num túnel em Paris, um recém-convertido dá-lhe 200 francos e ele decide mudar de vida. Claro que apesar de ser um trabalhador honesto, gasta o dinheiro em bebida, alternando a existência entre miséria e milagres. O livro é um exercício sólido, escrito quase sem revisões (o que não era habitual em Joseph Roth) que espelha o desespero porque ele próprio passava.

O seguimento da série Britânica The Thick of It, In The Loop traz a sátira esperada sobre os bastidores de Downing Street. Um cruzamento de The Office com West Wing carregado de humor e que explora o absurdo das relações políticas Anglo-Americanas, com muitas asneiras e piadas de subir as paredes. Um delírio de guião, com actores que dominam o género.

No regresso de Sam Mendes, um casal recebe uma gravidez que não tinha sido planeada, e os avós vão mudar-se para Antuérpia um mês antes do nascimento, durante dois anos. Away We Go é um filme simples, de uma história simples, que se vai relevando com as pessoas com quem eles se encontram, fantásticas. Por isso acaba por crescer, num ambiente de antecipação que é sempre bem controlado, até eles aprenderem algo mais sobre eles próprios e depois de uma viagem, chegarem finalmente a um lar.

Nick Hornby, o autor de Alta Fidelidade, relembra-se dos acontecimentos da sua vida através de jogos do Arsenal. Febre no Estádio - Diário de um Fanático mistura os resultados com a vida dele quando não está a pensar em futebol. O livro é de 1992 apesar de só agora ter sido traduzido, portanto, pára antes da época em que comecei a seguir o meu clube e cinge-se aos anos em Highbury. Para o leitor ou até adepto comum, não entendo o interesse do livro, e a tradução é até embaraçosa na maneira como omite significados de palavras, que na falta de melhor alternativa, não deviam ser traduzidas.
Quando o pai se divorciou, Hornby foi levado ao estádio com 12 anos e ficou desde logo obcecado e com algo que os unia, apesar de o pai não ser inicialmente um adepto. Apesar de o diário ser sobre as vezes que ele acompanhava a vida ao estádio, ele desinteressou-se muitas vezes pelo futebol e a violência, apoiou o Cambridge United, e o livro é quase todo num tom piedoso, pois são os piores anos do clube. Talvez tivesse interesse ver como foi a década seguinte aos olhos de Hornby, os anos modernos e de ouro do clube Londrino.

Frustrante não é um adjectivo que se cole a um filme frequentemente. Heartless de Philip Ridley, a história de Jamie, um rapaz que enfrenta os monstros urbanos que se formam na sua cabeça, tem potencial e capacidade técnica, nomeadamente a magnifica fotografia, para ser uma obra de destaque. No entanto, a forma como a história se perde em si própria, acabando num buraco sem saída demonstra alguma falta de ambição inicial do projecto, ou falta de direcção.

Em Spread de David Mackenzie, Ashton Kuchter conquista mulheres para viver uma vida de sonho em Los Angeles, aproveitando-se de tudo o que elas têm. Depois das habituais reviravoltas, tem de viver em móteis que já não consegue pagar/ A moral de como as vidas de sonho podem transformar-se em vidas banais, e como o percurso é muitas vezes ingrato é interessante, mas há poucos pontos assinaláveis.

Le Donk and Scorzayzee é um falso documentário que estranhamente tem sido bem recebido. As duas personagens, o manager de um rapper que acaba a abrir para os Artic Monkeys num concerto, com apenas uma musica, são fraquíssimas, e apesar de não ter havido repetições, tudo o que eles fizeram é entediante e medíocre. Dos piores documentários que já vi, sem piada, sem verdade, tudo desesperantemente banal.

Numa noite de Halloween, duas raparigas decidem apanhar uma boleia depois de uma avaria no carro. Acabam por ir parar a uma casa, Demon House, um espaço livre para orgias, transformações em monstros, efeitos pouco especiais e actuações risíveis.

Os vinys deste episódio são de Converge, Mayhem e Modern Life Is War, entre outros. Continuo a perder a qualidade toda do vídeo na conversão, mas não consigo fazer mais.

Uma adolescente bailarina num council estate passa a vida a meter-se em problemas em Fish Tank, uma espécie de Adulthood realista e sem o lado meloso. O namorado que a mãe arranja, bastante mais novo, acaba por ser o elemento estabilizador, e apesar das várias frentes em que o filme se desenrola, é pena que não se saiba como é o futuro de Mia (Katie Jarvis poderá ser uma grande actriz, ainda que não tenha sido escolhida para este papel por acaso, até porque ficou grávida com 17 anos). Um filme Inglês independente muito bom, com uma banda sonora de eleição.

Ainda que tenham passado muitos filmes-pastilha-elástica por aqui ultimamente, não confundir este The Girl Next Door de Jack Ketchum. Baseado numa história da vida real, um homem na casa dos 50 vive sem revelar o que foi a vida dele, por isso o espectador assiste ao seu crescimento no Sul dos Estados-Unidos. O filme não explora bem as possibilidades, mas a fotografia e o enredo são muito bons. Ao crescer, ele vê a injustiça de uma vizinha que alinha com os rapazes, mas torna a vida das raparigas um inferno. Os abusos verbais passam a agressões físicas e psicológicas e depois tortura. É sem duvida dos filmes mais perturbantes que já vi, e para quem goste de horror, não podia recomendar mais.

O interessante diário de José Saramago (The Notebook) foi agora passado para o papel, com os apontamentos diários de Saramago e do que se passava no mundo, com as críticas e elogios pessoais e orgulhosos.

Um filme do adolescente rebelde, em The Basketball Diaries, Di Caprio realmente tinha qualquer coisa de especial para conseguir liderar o gang, e ao mesmo tempo passar legitimamente por um poeta. A sua personagem, Jim, entra na droga e deixa o basket, ficando completamente consumido O curioso é ser a história verídica que Jim Carroll escreveu em livro, com 17 anos, tendo depois dedicado-se à poesia e musica. Uma adaptação digna.

Uma peça de Caryl Churchill, Far Away começa com a premonição de um mundo em guerra, com uma rapariga que vê o tio maltratar pessoas com uma barra de ferro, e cuja tia mente, para que ele pense que é uma missão de auxílio. Na segunda parte anos depois, a rapariga, Joan, trabalha com Todd a fazer chapéus, e por fim, mais tarde, na casa da tia, está Todd a falar sobre animais, até que Jordan entra na conversa e fica tudo assim. Péssimo.

Uma fábula de Richard Bach, Jonathan Livingston Seagull é a história da gaivota com o mesmo nome, com fotografias de Russell Munson. O sentido da fábula está em fazer o melhor das nossas vidas, ainda que seja diferente do que temos em redor. Por ser escrito por um aviador, há várias adições precisas sobre os voos, mas claro que o mais importante é o lado sentimental da história da gaivota e da sua comunidade.

Em honra do recente encarceramento da Lindsay Lohan e do fim do ciclo de maus filmes que vi, resolvi rever Mean Girls, o graal das raparigas que queriam ser o que não são. A adaptação de Queen Bees and Wannabes tem Lohan indo de África para uma escola Americana, com os inerentes problemas de adaptação a uma nova realidade. Tudo imbecil, tudo absurdo, mas irresistível.

The Burning Plain de Guillermo Arriaga, tem boa fotografia, mas muito fraco em história, onde Charlize Theron enche o ecrã mas aparece desamparada, numa série de sideplots que não desembocam em nada.

O biopic de Charlie Parker, um desgraçado com drogas e mulheres como tantos outros musicais, é superiormente retratado em Bird de Clint Eastwood for Forest Whitaker. A morte da filha, a tentativa de suicídio e asfixia creativa acabam por tomar conta da vida de Parker, num filme que, algo longo, inovou e estabeleceu o padrão para muitos filmes da última década sobre músicos.

Um drama policial que é interessante quando retrata o lado dos criminosos, Brooklyn's Finest é penoso quando passa para o lado dos policias. Um futuro no fundo das prateleiras, não tendo nada de memorável que o distancie do que já foi feito.

Style And The Man é escrito para educar o homem, não só em como se vestir, mas também na qualidade das peças. Alan Flusser, para além da marca própria de que é responsável, é admirado pelos guarda-roupa de filmes, como Christian Bale em American Psycho. Como é de esperar, todos os aspectos do livro são muito bem cuidados, e os conselhos são orientados de forma a, consoante o corpo de cada um, se usarem as regras para as peças mais clássicas assentarem bem.

As ancas ou John Wayne pouco importam, com textos de Pasolini, Teixeira de Pascoaes, André Breton, entre outros, muita musica clássica e argumento de João César Monteiro, Le Bassin de J.W. é lírico, mas passada a monotonia inicial, tem momentos muito bem conseguidos. A profundeza dos textos acaba por se perder nos problemas de dicção do Francês de César Monteiro (noutros filmes, consegue o efeito pleno com o Português), no entanto, tem momentos de cinema excelentemente conseguidos.

Um fotógrafo de moda mulherengo, que acaba com 3 mulheres ao mesmo tempo por videoconferência, é convidado para o casamento do irmão, mas acha que o amor é um mito, por isso destrói tudo com o excesso de confiança. Até que é visitado por três fantasmas (Ghosts of Girlfriends Past) que o vão fazer repensar. Pode parecer ridículo, mas é cómico pois os flashbacks são feitos na companhia de uma mulher feia com quem ele andou 30 segundos. Claro que tudo fica bem e ele reencontra o amor. Bons interiores, mediano em entretenimento.

Pegando na fórmula de filmes ligeiros sobre a industria de moda, no caso de When In Rome, uma jovem que tem de ir a Roma durante 48 horas para o casamento da irmã, sem perder o contacto com o trabalho. Por roubar moedas de uma fonte de onde se dizia que de quem lá roubasse moedas, recebia o amor de quem as mandou, volta aos Estados Unidos e vê-se com uma série de tarados à perna e um apaixonado a sério. Nada de mais.

O Volume 4 das entrevistas da Paris Review. Neste volume estão coleccionadas, entre outros, William Styron e quão difícil é conseguir começar a escrever e a admiração por Faulkner, mas dizendo que não escreve na tradição sulista. Ezra Pound e os cantos e a vida fora dos EUA, a vitalidade de Jack Kerouak, E. B. White, o autor de clássicos infantis a reconhecer não ter lido quase nada de literatura, o humor dos 91 anos de P.G. Wodehouse fechado na América. A luta de Philip Roth para conseguir ter material para um livro, a arrogância de V. S. Naipaul que leva a que muitas questões tenham de ser refeitas, Paul Auster em versão versátil e acessível e a atitude civil de Murakami, que começou por escrever para se desligar ligeiramente do seu clube de jazz.

Não têm havido updates porque simplesmente ainda não acabei os livros que estou a ler e só tenho revisto filmes. No blog das Industries está um texto sobre a minha história do skate quando era mais novo, é extenso, mas pode ter alguma graça.

A Single Man continua com a cruzada a favor da causa homossexual de Tom Ford, na primeira realização, saíndo com motivos mais do que suficientes para se orgulhar e ser admirado. Um professor perde o companheiro de 16 anos num acidente e sente-se isolado de tudo. A banda sonora e os interiores são de um bom gosto tremendo, e Colin Firth é de uma classe intemporal.

Clerks de Kevin Smith, foi o predecessor de Mall Rats em 1994. Jay e Silent Bob são algumas das personagens que se cruzam no dia a dia do manager de uma loja de conveniência, num filme percursor de um tipo de humor muito bom, rodado a preto e branco, e que é um clássico moderno, a mostrar as neuroses dos empregados comuns que pouco se importam com as lojas que vigiam.

Há certos pilares que, quando derrubados, eu deixo de compreender. Um filme intitulado Sherlock Holmes que tem um Sherlock Holmes que não é Sherlock Holmes como personagem principal, com um Mr. Watson que não é Mr. Watson, coloca-me muitas barreiras ao juízo.
De que serve gastar milhões em cenários se uma coisa tão elementar como a coesão da personagem principal está completamente errada? A evitar.