A típica história de amor de fim tarde de Verão começa-se a desenrolar em Remember Me de Allen Coulter, após uma cena inicial que nos faz questionar se aquele é mesmo um filme com Robert Pattinson. Acontece que ele é bom, muito bom. A variante é os dois intervenientes terem tido uma morte na família, um suicídio e um homicídio. A relação de Tyler Hawkins (Pattinson) com o pai (Pierce Brosnan) é desfigurada, mas a maneira como conduz o filme é notável, até que se isso se torna demais para Tyler. Todas as personagens do filme são bastante boas, e até por ser um filme negro, é de saudar que seja apontado às gerações mais novas. Pattinson é o produtor executivo, se sempre engracei com a atitude dele, ainda mais o respeito por conseguir subir à tona no meio do lixo que lhe põem à volta.

O filme que marcou a década que iria começar do século XXI, American Psycho com Christian Bale imortalizado como Patrick Bateman é sobre esta personagem que
American Psycho, Christian Bale como Patrick Bateman trabalha para o pai num escritório em Nova Iorque. Como ele diz, "tem todas as características de um ser humano, mas nenhuma emoção"e por isso é um homicida sádico. A naturalidade de tudo é o que é perturbante, num filme interessante.

Um filme que começa com "Senhoras e senhores, bem vindos à violência", agrada-me. A mistura de um grupo de femmes fatales, carros, velocidade, perigo e mulheres é interessante, até pela audácia que representou para 1965, por Russ Meyer. Se Tarantino tentou passar Deathproof como um filme-homenagem, o que não disse foi que era uma transposição directa de Faster Pussycat Kill! Kill!

Do ano anterior, 1937, Jovem e Inocente (Young and Innocent) tem pormenores magníficos, num filme de Hitchcock, onde um homem é incriminado de um crime depois de lhe ter sido roubada a gabardine. Não é um filme de primeira linha dele, mas ainda assim vale a pena ver.


Baseado no livro de Ethel Lina White, Desaparecida (The Lady Vanishes) foi o filme que atraiu Hollywood a Hitchcock. Devido a um nevão, um conjunto caricato de hóspedes fica preso num hotel sem nada em redor. Passado o nevão, duas mulheres conhecem-se no comboio de regresso das suas férias na Europa. A mais velha desaparece e a outra tem de iniciar um desmascaramento dos ocupantes do comboio nas buscas por ela. Grandes personagens, sólido e bom.

Sempre que os Estados Unidos começam uma guerra, há três certezas. Vão morrer soldados e inocentes, vão perdê-la, e vão haver vários filmes sobre ela. Neste caso, Green Zone de Paul Greengrass é sobre a zona protegida de Baghdad, e é um filme mediano, uma espécie de Call of Duty com Matt Damon a procurar armas de destruição maciça que ele vê não existirem, ainda assim, é o melhor sobre a guerra do Iraque que vi.

Andy é agora um adolescente de 17 anos, e por isso os brinquedos já não são divertidos para ele. Vai para a universidade e Woody e os outros brinquedos têm de lidar com o facto de já não serem necessários e por isso são entregues a um sitio onde gerações de crianças brincam com eles, sem serem os donos, sem haver um fim para a relação, pois há-de haver sempre quem goste deles. Lá, existem ainda mais brinquedos que se tornam amigos, ou nem por isso... Em Toy Story 3, o ambiente mantém-se igual aos outros dois capítulos, bem como as boas piadas, com a partida de Andy a ser uma lembrança para a geração que cresceu com Toy Story, que há coisas que não voltam.

Não estou certo quanto ao ano a que estas curtas foram a concurso no Fantasporto, até porque existem quase 20 anos entre elas, mas fica aqui. Street of Crocodiles é um filme mudo em stop motion com marionetas, algo negro, mas engraçado, dos Irmãos Quay, de 1985. Kitchen Sink de Alison Maclean é sobre um feto que sai da canalização da cozinha e entretanto cresce. A preto e branco, fraco, tirando a cena final, muito prazenteira. Atraksion de Raoul Servais é mais recente, de 2001, esteticamente superior, como uma representação teatral, ainda que pareça muito amador graças a animações digitais.
The Listening Dead, Sean Joyner, 2006, é uma homenagem aos filmes mudos de horror que consegue ter algum mérito e The Bitch Is Back de Tjebbo Penning é sobre uma boneca insuflável chamada Lorena que é assassina, demasiado amador.
The Cat With Hands de Robert Morgan é o mais curto, com apenas 3 minutos, mas é o melhor, tem uma história bem conseguida, bons pormenores de realização e boa fotografia, e provavelmente um recorde de ficha de produçnao mais longa para filme mais curto.

Tommy Wiseau fez em The Room tudo e mais alguma coisa. Productor, argumentista, actor principal, realizador, distribuidor. Não admira que seja pior filme de soft porn mascarado dos anos 80, engate do mais reles, digno da cabeleira comprida dele, tudo muito datado. A banda sonora, os diálogos, a fotografia, é tudo horrível.

Para além das óbvias colecções, Supreme, editado pela Rizzoli, tem uma introdução, um artigo por Aaron Bondaroff (ex-Supreme e agora AnyThing) e uma entrevista do Kaws com o fundador da marca, James Jebbia. É bom que o legado de uma das principais marcas em termos de qualidade esteja assim preservado, com os calendários, as colaborações de skates para a posteridade, tudo muito bem ilustrado. Estranho deixarem de fora do catálogo final as peças mais bem executadas, focando-se nos ténis colaborativos, bonés e t-shirts, mas talvez se deva ao preço dos artigos, e por isso mais massificados. Essencial, na altura que se marcam 16 anos da marca Nova-Iorquina.

A primeira vez que vi o clássico Pink Flamingos de John Waters tinha 16 anos e foi numa tarde de Verão num museu. Era só eu e mais 4 pessoas na sala, mas gostei do aspecto da cultura Americana retratada no filme, um tipo de obra que marcou o período antes dos anos 80. Divine é a protagonista, com outras personagens como a mãe que é obcecada por ovos e vive num berço, e o drama do filme é a luta para descobrir quem é a pessoa viva mais nojenta. O filme é repugnante, mas tem tanto uma aura tão especial que o tornam num filme importante na história do cinema.

Apresentado por Chris Rock, Good Hair é sobre o culto do cabelo por parte dos Americanos negros e da importância das barbershops na comunidade. É bem conduzido, levando o espectador a ver a maneira como todas as entrevistadas usam os componentes químicos para "relaxar" o cabelo e estreitarem-no e depois a opinião de um cientista que demonstra as propriedades corrosivas deles.
O concurso de estilismo de cabelos é o limite, onde cabeleireiros têm de preparar um número para demonstrar a sua mestria, e com o passar dos anos, é algo muito bem preparado e reputado. Vale a pena ver e segue a linha habitual das piadas de Chris Rock, tendo outras preocupações, como o racismo dos negros por não gostarem que as empresas sejam compradas por Asiáticos e brancos, bem como o negócio por trás das lojas, com quase todo o cabelo a vir da Índia.

Filme para Americanos imberbes fazerem estúdios de televisão ricos, She's Out Of My League é suportável, apenas se visto como um passatempo e não como um exercício de cinema, a mistura esperada de comédia e romance.

Não sendo apreciador de filmes nem de lobisomens, ainda assim não fiquei impressionado com The Wolfman. Benicio Del Toro é competente, e os cenários e toda a estética é muito bem conseguida, no entanto a historia pouco interessante/mal desenvolvida.

Freedom Downtime começa com um hacker chamado Phiber que foi preso, e serve de introdução ao sentimento de como os hackers são culpados por coisas que acabam por não ser verdade. Não vale a pena falar dos detalhes, o documentário é interessante e perturbante ao mesmo tempo, servindo para clarear alguns erros perpetuados. Como muitas vezes acontece, um grupo de invejosos inventam mentiras e confirmam rumores, estragando a vida a uma comunidade e neste caso a vitima foi Kevin, que foi preso durante 4 anos sem sequer ir a julgamento, por alegadas fraudes que ninguém acredita que ele cometeu. O grupo Free Kevin é o guia do documentário, com o intuito de mostrar a luta deles para divulgar a causa. No geral, o documentário é um falhanço, pois todas as tarefas a que eles se propõem, saem goradas, mas é curioso aprender a história e ver as coisas que eles fazem por piada, como infiltrarem-se nos rádios dos drive ins do McDonalds.

O catálogo de quase 300 páginas da exposição Van Doesburg & The International Avant-Garde - Constructing A New World realça o papel preponderante de Theo Van Doesburg no modernismo, por instigar o De Stijl, mas também pelo papel no construtivismo e dadaismo. É muito completo, com vários artigos extensos de críticos que analisam as diferentes vertentes de Van Doesburg, bem como fotografias de todas as peças e projectos que estiveram na exposição na Tate Modern.

Usando 32 marcas fundadas desde 1980, Cult Streetwar tem 900 ilustrações para mostrar o legado delas. Dividas em três categorias, algumas delas são A Bathing Ape, Stussy e Vans, misturadas com marcas suspeitas como as Australianas Mambo e Mooks, que não têm nada de influente ou interessante. É uma boa introdução para quem não está por dentro, os textos são curtos e os conjuntos de imagens são suficientemente elucidativos, mas faz pouco por estabelecer um legado ou acrescentar algo que qualquer pessoa que siga a streetwear há um ano não saiba.

Mais do que uma revista, Hamburger Eyes é um livro de fotografia, neste caso na 13a edição. Tudo a preto e branco, dezenas de fotógrafos, do mais chocante, com corpos queimados, a fotografias de momentos de lazer, numa piscina. Para além de muitas fogorgrafias aleatórias, no fim tem pequenas séries dedicadas ao Manny Pacquiao, a pessoas que andam nos autocarros Greyhound, em Nova Delhi, entre outros, tudo com grande nível.

Pollock, dirigido por Ed Harris e com ele no papel principal, começa com o célebre episódio da revista Life, onde o jornalista escreveu se seria possível que Pollock fosse o maior artista vivo, quando ele ainda era um desconhecido. Ed Harris é insanamente bom e o filme é competente, focando-se na maneira como ele fugiu da fama e na maneira como não conseguiu lidar com ele próprio e com Lee Krasner. O momento alto é quando se dá a magia de ele descobrir o dripping, e o final é o acidente que ele provocou e onde morreu.
Existe também um documentário com metade da duração, do Biography Channel feito depois do filme.

Dividida em três eras, a história do graffiti em São Francisco e a sua importância para a cidade é contada em Piece By Piece de Nic Hill. É uma perspectiva refrescante, ver uma abordagem a um local que teve influências dos emigrantes, mas que surgiu com um estilo novo.
As peças não são só murais e tags, que por não haver metro em São Francisco, tinha de ser nos autocarros, havendo espaço para as lendas, as batalhas saudáveis entre crews, os que morreram e a luta da cidade para os travar, com uma grande qualidade nas peças.

O catálogo do evento Self Publish Be Happy, contém os 60 livros e zines de todo o mundo fotografados. Celebra as edições de autor e as fotografias dos livros são apenas parte da composição, como um ensaio fotográfico. A temática gira na relva, corpos nús e livros abertos, e no fim vem um glossário muito completo de todas as zines.

Spellbound é um documentário acerca de concursos infantis de soletrar. Foca-se em 8 das 249 crianças que foram a concurso, e como em quase tudo a que os pais submetem as crianças para superar as frustrações das próprias vidas, há casos absurdos, em que as crianças são submetidas a tensão desnecessária para uma coisa que não importa para nada. Como é um campeonato das virtudes americanas, deve ser um bocado ultrajante para eles que os três finalistas sejam Indianos. Bem realizado e curioso.

A bicicleta como forma de estabelecer um contacto com as cidades levou David Byrne a escrever uma espécie de diário. Um capítulo para cada cidade, com algumas com relatos até 12 anos atrás. Byrne viaja pelo mundo por concertos e exposições, levando uma bicicleta desdobrável, bem como socializa em Nova Iorque com ela.
As ideias urbanísticas dele são interessantes, e parte das cidades para dar as suas opiniões sobre os mais variados assuntos. Algumas algo extensas, e se os desenvolvimentos de sítios como Sidney ou Buenos Aires têm piada, sítios como Manilla nas Filipinas, onde Byrne tem um interesse pela política local, requerem paciência.
Não sendo guias de cidades mas o Diário da Bicicleta do que ele faz nela, o livro lê-se e acabou o seu tempo de vida, tem graça uma vez, mas não tem profundidade para ser revisitado, com a excepção do último capítulo, de reflexão sobre a importância de usar mais bicicletas e outras sugestões.

Nunca tinha visto Linda Lovelace em a Garganta Funda, portanto apesar do teor óbvio, não imaginava que era só isso. Apesar das más actuações, percebe-se que é demasiado hardcore isto passar no cinema, ainda para mais em 1972, mas não há história, é rock psicadélico e sexo, e uma mulher com o clítoris na garganta.

Não esperava que fosse um filme, no entanto acabei por vê-lo. Co-produzido por Daniel Clowes, por isso dá para perceber o tipo de falhados que retrata, Art School Confidential é um filme de humor, que apesar de pegar na linha do Road Trip, consegue ser ligeiramente mais interessante (ou pelo menos eu acho piada pelos clichés de uma universidade de artes que conheci) e misturar algumas personagens da cena Nova-Iorquina (e aparece o Steve Buscemi, o que faz-me ver o filme com outros olhos). De acordo com o tom do resto do filme, o final é demasiado surreal para ser levado a sério.

No ano do décimo aniversário, Freestyle - The Art of Rhyme mantém-se como um dos melhores documentários sobre hip hop. Capta bem a energia da improvisação com uma série de talentos mais e menos reconhecidos,e pela maneira como ligam ao movimento negro Americano e aos sermões das igrejas, apresenta o estilo a um público mais abrangente, mas mesmo para quem gosta de hip hop, o material é bastante genuíno e bom. Uma mão cheia de momentos impressionantes registados em vídeo e umas menções a momentos clássicos continuam bastante bons.

Como um grupo que representa o espírito patriota Norte-Americano, as Dixie Chicks foram condenadas publicamente por expressar a sua opinião contra o presidente Bush, dizendo num concerto em Londres, que não estavam a favor da guerra e tinham vergonha que o presidente fosse Texano.
Shut Up & Sing mostra a maneira como elas lidam com isso, sendo bastante mais inteligentes que os media conservadores, no entanto, a maneira como o fazem, não atinge o público saloio da melhor maneira.
As coisas que elas fazem são realmente racionais e inteligentes, o que até surpreende, não por serem um conjunto de raparigas, mas por serem tão determinadas numa guerra que parece perdida.

Confesso que quando vi Prince of Persia: The Sands of Time, nem sabia que tinham feito um filme do jogo. Foi nesta ocasião em que o vi (e só vi a primeira e a última meia-hora do Robin Hood porque adormeci), e fiquei bastante surpreendido. É um filme de acção, mas a mistura da história com as inovações que uma adaptação tem de trazer é muito bem feita, e para o típico filme de Hollywood, não só os actores, como o guião, é tudo de grande qualidade. Não é um clássico, mas para um filme comercial, recomendo.
A Rita teve a gentileza de me pôr numa página que criou chamada Sand and Mercury. Ando a agradecer-lhe aos anos, porque ainda ninguém tinha ouvido falar de OA, já ela gostava e incentivava.

Está uma nova entrada no blog das Industries, algumas galerias e outras coisas.

Aproveitava para pedir que os leitores deste blog que eu não conheça, que me mandem um email para eu adicionar os blogs/sites aos links.

Em Dan Cruickshank's Adventures in Architecture, a arquitectura da humanidade é visitada, com Dan a ir a edifícios históricos por todo o mundo. Cada episódio tem uma hora de duração, divididos por temas como beleza, onde se visita a Gronelândia e um construtor de iglos, a China num templo budista, o Catherine Palace em S. Petersburgo e um templo na India. Outros temas são a tragédia natural ou a morte, sempre com quatro exemplos por programa, com imagens excelentes de todo o mundo e edifícios que de inicio não pareceriam boas apostas.
Confesso que ao fim da série, Cruickshank esgotou-me a paciência. Ele é demasiado excitado com factos que lhe foram transmitidos e que ele tenta mostrar que sabe, tem muitas cenas encenadas ao limite e por outro lado, tem uma superioridade moral Inglesa que faz com que mexa em tudo sem pedir autorização e vê-se que algumas pessoas com quem ele se cruza ficam apavoradas. É bom ouvi-lo falar, no entanto e o programa vale absolutamente a pena, pois são edifícios que de outro modo nunca veríamos de tão perto.

Está aqui uma entrevista com o James Jebbia da Supreme, a pessoa mais importante para o estado actual da streetwear a seguir ao Shawn Stussy.


Pintei este custom para os anos de um amigo meu.

Taiji no Japão parece uma cidade apaixonada por golfinhos e baleias pela quantidade de ilustrações nas ruas. Em The Cove, descobre-se que a zona é o maior fornecedor de golfinhos para todo o mundo, com cada um a custar 150,000$, com uma industria por trás. A SeaWorld opõe-se a pessoas contra a cativeiro dos animais e é a partir daquela localização que os golfinhos são seleccionados para todo o mundo. O criador da série Flipper foi o grande impulsionador de dolfinários durante 10 anos, mas desde então, apercebeu-se da dor causada aos golfinhos e está constantemente a ser preso por os libertar. Ele e uma equipa de voluntários descobrem um covil onde as piores coisas acontecem, e com a ajuda de um grupo especial, criam câmaras que se escondem nas rochas e conseguem monitorizar a actividade que se passa ali com o auxilio de equipas aquáticas, mas também em terra e no ar.
Para além da matança, o problema é o mercúrio contido nos golfinhos, que são vendidos como outro tipo de carne e originam doenças em mães grávidas na zona. A luta que o grupo trava para conseguir libertar os animais é então o tema deste documentário.

Em Boone County, América redneck a fundo, Jesco White tem de manter a tradição do pai que tem a fama de ser o melhor dançarino. O problema é que a dupla personalidade que o põe em conflito com a família, também lhe traz problemas com a lei, acabando por ser preso várias vezes. Neste documentário de Jacob Young podemos vê-lo a matar esquilos com uma caçadeira, a dançar numa ponte com um rádio ou a andar de mota. No entanto, é quando ele dança acompanhado da guitarra ou quando lida com a mulher que conseguimos perceber o encanto decadente de White, The Dancing Outlaw.

No conjunto de textos de Tennessee Williams que inclui A Noite Da Iguana E Outras Histórias, o começo é com A Maldição, onde o entendimento de uma gata com um homem que chega a uma cidade nova faz com que ele tome contacto com um profeta e seja despedido. Ficando miserável, só é aliviado pelo reencontro com o bicho. Noutra, uma universitária deprimida e infiel com um poeta, ainda em outra, um jovem pugilista da marinha que perdeu o braço foi condenado à cadeira eléctrica por um homicídio. A melhor de todas será A Semelhança Entre Um Estojo de Violino e Um Caixão, o resumo da fantástica construção de personagens, todas tão distintas e memoráveis, de que Tennessee Williams é capaz.

No blog das OA Industries está uma reportagem de uma visita à fábrica da New Balance.

Uma edição trilingue, um formato interessante, e permitido pelo curto tamanho da obra e por Samuel Beckett escrever em Francês, sendo Irlandês, em Mal Visto Mal Dito uma figura humana paira, sabendo que não existe humanidade para lá da própria cabeça. O preto da viuvez e o branco da neve ilustram uma natureza vazia, e como as outras obras do período final de Beckett, a escrita é circular, um contínuo teste às barreiras da linguagem, da perspectiva de uma idosa que está quase ou mesmo já morta.

Pegando no mesmo assunto de Skid Row, Dark Days segue um grupo de sem-abrigo em Nova Iorque. Rodado a preto e branco, Marc Singer viveu durante dois anos nas profundezas do metro de Nova Iorque, onde outros habitantes habitavam há 25 anos. Sem truques de montagem, ganha em realismo, em como pessoas vivem no metro de Nova Iorque e o que fazem para ganhar dinheiro. Quase todos são viciados em crack e alienados da vida. As histórias de vida deles são tragédias, e são inqualificáveis as condições em que vivem. A banda sonora usa temas do Dj Shadow, contribuindo para o estatuto de clássico deste documentário.
É-lhes pedido pela Amtrak que abandonem o sitio, o que nenhum quer porque já se sentem em casa ali ao fim de tantos anos, no entanto, depois de lhes serem dado apartamentos, todos concordam que estão melhor e não querem voltar a ser sem-abrigo.

Com entrevistas a um tipo de artistas left-field que se têm infiltrado no mainstream, Beautiful Losers de Aaron Rose senta pessoas de diferentes meios. Os nomes mais sonantes, como Ed Templeton, Harmony Korine, Espo e Shepard Fairey discutem o passados na arte de rua, graffiti, skate, e de como desenvolveram a criatividade por serem excluídos. Todos juntos numa exposição com o mesmo nome, há claramente há uma ideia e uma estética comum a todos, de ser contra o convencional e o de esperar que alguém faça o trabalho por nós.

De Jake Clennell, em The Great Hapiness Space, um grupo de rapazes de Osaka é apresentado. São acompanhantes de raparigas, numa cidade com mais 100 espaços iguais e arranjam clientes na rua. Issei, o principal, mostra como é tudo uma mentira para ele, mas vive de fazer sonhar as muitas clientes que tem e que querem casar com ele, e para isso, o dinheiro que gastam é em quantias astronómicas, cientes de que há muitas outras a fazê-lo. Vem-se a saber depois que quase todas as clientes são prostitutas, que encontram ali uma forma de se sentirem protegidas, e que se prostituem para poder continuar a manter os acompanhantes, que se tornam o centro da vida delas. O perpetuar da ilusão esgota emocionalmente tanto as clientes como os acompanhantes, que não querem lidar com a maior parte delas. Recomendável.

Jesus Camp de Heidi Ewing e Rachel Grady é um documentário que mistura religião e política. Desde o interior profundo do Missouri, o espectador toma contacto com o medo infligido pela religião nas crianças da zona. A obediência cega que pedem a crianças é o limite do absurdo perpetuado por gente sem escrúpulos, que pedem mudança quando fazem parte do problema. O culminar no campo de férias para os evangélicos e a consequente abertura dos "pastores" faz deste um grande trabalho de pesquisa.

A continuação de Concrete To Canvas: Skateboarders' Art, Concrete 2 Canvas reúne mais de 25 artistas que partem dos gráficos das tábuas de skate e usam os conceitos daí retirados noutros trabalhos, em homenagem a essa forma. A criatividade dos skaters mas de uma maneira artesanal, com alguns exemplos tecnicamente mais avançados. É bem apresentado, mas apenas para completistas, pois há coisas melhores.

Reallizado por Don Letts, Punk: Attitude é um bom documentário, bem composto, guiado por entrevistas, e como em todos os sumários, há diferentes rotas para a história final, faltam pessoas, há outras cuja inclusão é questionável, mas é um projecto louvável.
Todo o produto final, com uma cópia de uma zine, um DVD adicional com entrevistas completas, fazem uma edição muito sólida, que explica mais do que a musica, o propósito e a interdisciplinaridade do punk.

O Skid Row de Los Angeles é uma zona de cinco quarteirões onde dormem os sem-abrigo, muitos saídos da prisão, numa concentração de 40.000 pessoas. Na maior concentração de sem-abrigos do mundo, Pras Michell dos Fugees infiltra-se com câmaras escondidas e pudemos vê-lo a arranjar dinheiro, a ter de sorrir para lhe darem dinheiro e a ser consumido pela rua. Para além do jornada pessoal dele e de como ele acaba por adoptar uma mentalidade pessimista, há a história das pessoas com quem ele vai lidando.

Para finalizar Daniel Clowes, David Boring é em tries actos, quase só a preto e branco. David leva um tiro na cabeça, torna-se um naufrago, ou seja, dificilmente vive o apelido. No fim, tudo se cruza, a realidade, os desejos de David, os sonhos, o trabalho do pai dele e o guião que ele escrevia. Bastante bom.