De uma série de fotobiografias consagrada a personalidades mais ou menos lembradas da história recente Portuguesa, li este dedicado a José Almada Negreiros. Com texto e direcção de Joaquim Vieira, é uma homenagem justa a um combatente pelo modernismo, principalmente pintor, mas também poeta, bailarino e tudo no meio. Autodidacta, instigador de uma nova linguagem que rompe com o passado, respeitando-o. Ainda que de forma sensacionalista, tem a virtude de ser um futurista, mas um patriota não conformado, tal como o seu amigo Pessoa. A obra que deixou, é de tremenda qualidade em muitas vertentes que se desafiam e a qualidade dos artigos e fotografias apresentados neste volume é superior, revisitando a história em família, onde logo em criança, é possível comprovar o talento para o desenho de Mestre Almada. Como caricaturista e usando o humor e sátira desenvolve-se, mas o virtuosismo é denunciado pelo nível dos diferentes traços de que começa a usufruir. Não avesso a zangas (Júlio Dantas, Marinetti, António Ferro), depois de Paris e Madrid, vê-se isolado em Portugal. Vira-se para o feminino, e após o casamento com Sara Lopes, atinge a plenitude, deixando um legado inigualável na pintura Portuguesa.