Os três dias de Holden Caulfield, um desajustado que abandona a universidade onde é obrigado a lidar com quem não gosta, para depois ir para Nova Iorque, são narrados em Catcher In The Rye (À Espera No Centeio, estranhamente) de J.D. Sallinger, Americano reclusivo que morreu este ano e que quase não publicou mais desde os anos 60, sendo público que terá mais de quinze livros prontos a publicar.
Se é a vários níveis assinável, há certos reparos a fazer. O realismo da linguagem de Caulfield no seu discurso directo não ultrapassa as barreiras da tradução, pois não sendo um intelectual, a sua linguagem é por vezes embaraçosa quando traduzida. Se todo o ritmo do livro mostra um domínio do respirar narrativo, com constantes intromissões para acrescentar detalhes que atormentam Caulfield, há que dizer que todo ele é desmascarado na primeira parte, enquanto ele está na universidade. Na sua chegada a Nova Iorque, há coisas pouco excitantes a acontecer, talvez nubladas pela aparição da irmã de Caulfield, que concede outra profundidade ao livro. Não querem estas críticas dizer que não é um livro assinável da era moderna, principalmente pelo que ele representou e representa, o alimentar de um sonho de independência. A personalidade de Caulfield é cativante e viria a ser particularmente corrosiva dada a abertura com que fala da falta de paciência para com colegas e pela liberdade com que se entregava aos seus pecados e pensamentos pecaminosos.