Quatro estudiosos de um escritor mistério envolvem-se e alteram os seus destinos em prol da obsessão de saberem quem poderá ele ser. Se as 1000 páginas de 2666 de Roberto Bolaño assustam (e porque são para impressionar), o segundo livro (num total de 5 reunidos neste volume único) é dedicado a Amalfitano e Lola, e aí começa um desenrolar a todos os níveis dispensável. Aquele sentimento de vertigem perante a possibilidade excitante de Bolaño aguentar a histórias dos críticos por mil páginas é defraudado, pois cada livro tem uma perspectiva diferente de um narrador, e esgotam-se neles próprios.
A parte dos crimes é engenhosa, mas pede demais do leitor, dando-lhe nada em troca da atenção. Se como o obra completa, os capítulos não se correlacionam, a ideia de ler os livros individuais é ainda mais frustrante, pois ia estar-se a comprar não uma continuação da história, mas uma outra, com ambientes muito díspares. As personagens aparecem e desaparecem, não existem, servem o livro. Resumindo: entusiasmaste, mas não se concretiza. E se o livro tivesse as 400 páginas boas que tem, e Bolaño não tivesse morrido aos 50 anos sem o finalizar?
Como dito aqui:
Instead of being the epitome of the art of the novel or its salvation, 2666 is, for me, an ambitious attempt at greatness that fails. It represents also the failure of literary critics to recognize the difference between great literature, mediocre literature in the shape of great literature, and pretentions to greatness that are bolstered by a romantic life and an early death.