Não se pode dizer que tenha ficado desapontado com o documentário de Aaron Aites e Audrey Ewell sobre um dos movimentos que mais me interessa e sempre me fascinou, porque já sabia de antemão que tinham tratado a matéria bastante mal. Until The Light Takes Us pretende ser uma avaliação da força que o Black Metal teve nos anos 90, mas é muito mal filmado (as imagens ou têm uma fotografia inexistente ou são mal captadas), mal montado, uma filmografia que permite que capas de albuns apareçam pixelizadas num ecrã de cinema, entre outras atrocidades. Há duas personalidades que guiam o filme, Fenriz dos Darkthrone e Varg de Burzum, que na altura ainda estava preso. Pelo meio contam-se as histórias do incêndios nas igrejas, alguma da ideologia por detrás disso, a história dos Mayhem (muito por alto), e uma adição interessante, que é uma performance do Frost de Satyricon em Itália. É tudo material interessante, mas que existe em entrevistas que qualquer pessoa que acompanhe o género conhece, no entanto o que surpreende é a forma como ao revestirem o documentário da etiqueta Indie, ele ganha logo um novo tipo de público, que espera ser impressionado.
Momentos com Harmony Korine e uma interpretação do black metal em quadros por outro artista são exactamente apontados a esse tipo de público (e desnecessários de tão absurdos que são) que eu também encontrei na minha sala, e que não vai retirar nada de útil do que é dito pelos protagonistas, e a história acaba por ser mal contada, pois há momentos e figuras que são determinantes e não são sequer mencionados. Em conclusão, é uma peça que fala sobre o black metal, e por isso é interessante, mas falha em quase todos os níveis, e não fosse o humor do Fenriz e a inteligência do Varg, seria insuportável (e de certeza que eles não faziam ideia no que se estavam a meter). E eu nunca pensei entrar num cinema com o Filosofem a tocar.