Billy Wilder filma Berlim no pós-guerra inundada de Americanos à procura de entretenimento. A forma como filma a cidade em A Foreign Affair (A Sua Melhor Missão) é colossal, seja pelas ruínas, seja pelos cenários interiores muito bem trabalhados. É muito muito bom mesmo, até pelo triângulo Jean Arthur, Marlene Dietrich e John Lund, personagens muito bem trabalhadas.

Injustamente esquecido, A Vizinha do Lado de António Lopes Ribeiro é um dos melhores filmes Portugueses, uma adaptação do teatro feita em 1945. O mais notável é o incrível talento de todas as personagens, onde está António Silva, Ribeirinho (mascarado, sem disfarçar o talento), Lucília Simões, Hortense Luz, Nascimento Fernandes e António Vilar, entre outros.
A história de um amor desencontrado a correr em paralelo ao de um casal jovem já foi explorada por vários países, no entanto, esta versão Portuguesa escrita por André Brun é hilariante, tanto no texto como na narrativa com voltas intermináveis.
Como extra, vem um documentário-narrativa também de António Lopes Ribeiro, uma mostra de Lisboa onde se destacam os seus pontos de interesse à época, bastante interessante.

Elizabeth Lunday escreveu um interessante livro sobre arte, onde analisa a vida pessoal de nomes famosos da pintura. Em Secret Lives of Great Artists, não se tratam brincadeiras, o livro é uma introdução não exaustiva à pintura, para todos, que inclui pormenores pessoais deixados de parte em trabalhos académicos (tratando também de ecoar rumores).
A obra não teria o impacto sem os fantásticos desenhos e ilustrações que tem, mas o contra está também relacionado com o lado gráfico, pois ao eleger uma obra de eleição de cada artista e ao ser esse o tema central da biografia, o quadro devia ser reproduzida ou incluída nos desenhos. É certo que os quadros são todos famosos, mas o admirador de arte casual não os reconhece todos, ou, pelo menos, não os identifica pelo nome.
Ainda assim, muito recomendado.

The Major And The Minor (A Incrível Susana em Português)é mais um filme que parece confirmar a infalibilidade de Billy Wilder como realizador. Tudo o que havia de mágico no cinema dos anos 40 está aqui presente, Ginger Rogers a mostrar a actriz de topo que é num papel duplo. Apesar do final possivelmente escandaloso, dada a evolução do relacionamento entre Susan e o oficial, o filme é uma história clássica do cinema bem-humorado.

Já tinha visto ambos, mas nunca seguidos. Spike Lee e o biopic de Malcolm X é ofensivamente racista, como ambos sempre foram. Apesar das tendências alcoolicas, o comportamento racista e infiel, são idolatrados na comunidade negra, mas Ray é superior em termos de cenários e fotografia, e claro, Jamie Fox transformou-se autenticamente no cantor numa das melhores interpretações do cinema moderno. São boas peças de história que em vez de serem celebradas sem consciência, devem ser analisadas, também pelos enormes erros que cometeram.
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Mais um capítulo de Organic Anagram. Terceira mixtape, desta vez dedicada ao Dubstep. O download pode ser feito aqui.

Está tudo no título.

Vencedor de dois Óscares, Momentos de Glória não se desvia do curso, a história de dois alunos de Cambridge com diferentes crenças, Eric Liddell e Harold Abrahams, autores da proeza Olímpica dos Jogos de Paris em 1924. Todo o ambiente da preparação do filme é bastante interessante, tal como muitos filmes do inicio dos anos 80 onde se retratava a vida académica. Talvez mais célebre que o filme, ficou a banda sonora de Vangelis.

Baseado na história de Gabriel Garcia Marquez, O Amor Nos Tempos de Cólera é a história de um amor adiado, em que a separação se sente no ecrã. A história é, sem dúvida, soberba, ainda que com aquele suspense de telenovela e sensualidade Latina exagerada. Os cenários quentes, com muitos figurantes são bons, com uma aposta na redecoração em larga escala da cidade, bem como a caracterização ao pormenor (descuidando o processo de envelhecimento dos actores principais). Vale a pena verem se tiverem mais de 40 anos e uma queda para o romantismo barato.

A minha geração, via Jackass, Dirty Sanchez e outros programas de televisão privada, foi a primeira a tomar contacto com este género de humor in your face, que pretende criar situações. Claro que os espectadores de Bruno, vão à espera de ser surpreendidos, sem nenhum truque de cinema, e de preferência, sem limites. Curiosamente, tal como se tem passado por todo o mundo, também na sala onde eu vi, houve gente a sair no decorrer do filme.
Os sketches que para mim têm mais piada, são aqueles que expõe Sacha Baron Cohen a perigo real, como quando ele se senta com o terrorista e aquele final com os wrestlers, e em ambos, não me parece que não houvesse muita gente a travar os instintos dos presentes, ou avisá-los logo em seguida que era uma brincadeira.
No geral, vale a pena ir ver, se compreenderem o passado de Baron Cohen no Ali G Show. Fora isso, as piadas são quase todas apontadas a um segmento abaixo dos 30 anos, que conhece o mundo tecnológico e se ri dos preconceitos. Um Borat reformulado.

Realizado por Michelangelo Antonioni em 1962, O Eclipse é parte da trilogia da incomunicabilidade. Os bons papéis de Monica Vitti e Alain Delon, bem como movimentos de câmara e planos fantásticos, não conseguem salvar uma história que perde o interesse em si própria. Vittoria (Vitti) cansa-se do marido e junta-se com um corretor na bolsa de valores, sendo depois abandonada por este. Um grande problema é a falta de banda sonora e uma sonorização fraca, num filme descaracterizado.

Totalmente filmado em HD, Debacle é o melhor vídeo de skate em muitos anos. Não seria surpreendente para uma companhia como a NikeSB conseguir recrutar os melhores, mas o material aqui apresentado é apenas da equipa de AMs. A fasquia terá sido posta demasiado alta para a equipa profissional, que vai ter de vir com algo único de P. Rodriguez ou Eric Koston para conseguir arrancar as reacções a este vídeo onde aparecem Daryl Angel, David Clark, Shane O’Neil, Theotis Beasley, Grant Taylor e Justin Brock. Pode ser visto na íntegra aqui.

Manoel de Oliveira tem o estigma de ser um realizador moroso, mas cuja visão é indiscutívelmente Portuguesa. Vale Abraão, realizado em 1993, sofre por uma e ganha pela última. O começo auspicia uma história muito interessante, um original de Flaubert (Madame Bovary) adaptado por Agustina Bessa-Luís, em que uma jovem Ema é desejada por todos. É feita casar-se com um doutor amigo do pai, Carlos Paiva, de quem acaba por viver isolada. Depois da primeira meia hora fantástica, o filme só volta a ganhar alma com as imagens da vindima no Douro e com alguma respiração fornecida pela banda-sonora. É uma pena a insistência por quatro horas de filme, quando, com metade, podia estar aqui uma obra ainda mais prestigiada, com uma Leonor Silveira capaz de centrar em si todo o filme.

Não tenho por hábito por aqui peças de design, porque já escrevo sobre as novidades em revistas, no entanto está lâmpada de leitura dos Franceses Jun Yasumoto, Alban Le Henry, Olivier Pigasse e Vincent Vandenbrouck é soberba. Apaga-se quando tem um livro por cima, e acende quando este é retirado.

Os visitantes deste blog já sabem que quando deixo de fazer updates durante uns dias, é porque ando a fazer coisas boas. E há alguém a dizer bem de Lisboa.

De Charles Crichton, Roubei Um Milhão (The Lavender Hill Mob), é uma produção dos Ealing Studios de 1951. Holland, funcionário de uma refinaria de ouro, cuja qualidade é a honestidade e a regularidade, vê-se tentado a burlar o Estado, orquestrando um assalto ao carro em que ele transporta lingotes de ouro, vendendo-os em França. A vida citadina de Londres é um cenário pouco habitual em filmes desta época, e o bando que se forma percorre-a, até o plano correr mal e os dois lideres terem de ir a Paris vender as estatuetas. A reviravolta é humor Inglês clássico e o final, amargo, ainda que com a boa disposição de Holland na América do Sul, é genial, num filme muito bom com Alec Guinness e Stanley Holloway.
Pelos vistos, vai haver um remake em 2011.

A dado momento de Duas Irmãs, Um Rei (The Other Boleyn Girl) a mãe dos três irmãos Bolena diz ter "um filho obrigado a casar com quem odeia, uma filha exilada para o estrangeiro e outra prostituindo-se publicamente com um adúltero."
Das duas irmãs, Ana e Maria, respectivamente Natalie Portman e Scarlett Johansson, esta última talvez seja um erro de casting, sendo mais curioso imaginar como seriam elas nos papéis invertidos.
A história real, que mudou a Inglaterra, tem um tio ambicioso a tentar usar as sobrinhas Ana e Maria para conseguir prestigio para a familia. O divórico de Catarina de Aragão e a história da cisão com Roma é o inicio do Protestantismo como religião oficial. Se para além da troca entre irmãs por parte do rei, houve o incesto de Ana Bolena, ninguém sabe, mas é certo que a história dá argumentos mais imprevisíveis que a ficção.
Vale a pena ver, é bem realizado e a história move-se a bom ritmo.

Estes Poemas de Herman Melville são uma selecção de três livros, nomeadamente Fragmentos de Batalha e Aspectos da Guerra, John Marr e Outros Marinheiros e Timoleon,etc, editados pela Assírio & Alvim. (...)
Curioso que Mário Avelar, o responsável pela selecção e tradução, conclua a nota introdutória sugerindo que as suas traduções sejam sim, versões dos poemas. A edição é bilingue (o original Inglês é bem mais complexo), e o que contribuiu para que esta tradução competente, seja apelidada de versão, é o desaparecimento quase total da rima.
Os poemas seleccionados, publicados entre 1866 e 1891 (ano da morte de Melville), são curtos, mas ainda assim os mais relevantes e exemplificativos da poesia de Herman Melville, que se movimentam nas mesmas paisagens marítimas da outra obra do autor, bem como na própria vida deste.
O mar destes versos, tem mais a ver com navios afundados no fundo do Oceano, do que em alvoradas em alto mar com céu azul. Nos poemas dos dois primeiros volumes, existe raízes profundas, francamente Americanas, dada a constante menção aos locais e intervenientes da Guerra Civil. Principalmente em poemas de Fragmentos (...), há um uso meticuloso de vocabulário científico, sendo que a tradução parece mais literata, de um original mais rude, de marujo, mas com uma construção que obedece ao pensamento e não à escrita.
O lamento de Melville perante o desvanecer dos valores morais é sentido em todos os poemas, num canto saudoso e que lastima o presente, num autor que se viu rodeado de morte, nomeadamente teve de enterrar dois filhos a quem prevaleceu. A caminhar para o fim da vida, começou a perder o fulgor e o reconhecimento do público, apenas Fragmentos de Batalha e Aspectos da Guerra foi lançado sem ser em edição de autor, e mesmo assim, apenas vendeu 468 cópias nos primeiros dois anos, de uma edição de 1260.
A única incongruência, será a inclusão do último tomo de poemas, Timoleon, etc, de inspiração Grega, mais celestial, com mais luz nos versos, uma esperança que Herman Melville parecia conquistar à medida que a hora da morte se aproximava.

O texto, na sua íntegra vai ser publicado na Orgia Literária, que está de volta, em endereço próprio.

A Melhor Juventude, de Marco Tulio Giordana é um grande exercício de cinema, com bons diálogos, um desenrolar interessante da vida de dois irmãos Italianos (Nicola e Matteo), que atravessa quatro décadas da história Italiana, dos anos 60 ao presente. A vida deles vai-se desenrolando e as personalidades desenvolvendo, não estando a viver os acontecimentos marcantes do país, mas perdidos nas suas vidas.
Dito isto, falta apenas mencionar um pequeno detalhe. O filme tem seis horas de duração.

Do Alemão Rainer Maria Rilke, Histórias do Bom Deus junta uma série de contos, com o tema unificador da religiosidade. De certa maneira, parecem escritos para leitores infantis, tentando Rilke humanizar a figura divina.
O registo habitual de Rilke é a poesia, principalmente existencialista, mas há alguma graça na forma como tenta explicar a crença, fazendo recurso de figuras do povo.

Varg Vikernes (...) has finished writing nine songs for BURZUM's new album, which he hopes to release next year. He tells Norway's Dagbladet that several record labels are interested in issuing the band's first LP in eleven years. "I want take my time [with the album], so that I can get it the way I like it," Vikernes says. "It will be metal, and the fans can expect to hear some real BURZUM."

Vikernes currently resides in Bø, a municipality in the county of Telemark, Norway. Varg purchased the farm sometime last year and lives on the property with his French wife (whom he met while he was incarcerated) and son.

"It was completely random that we ended up buying a home here," Vikernes tells Dagbladet. "We wanted a quiet and peaceful place with beautiful scenery outside the city. It is so beautiful up here. Here we can be by ourselves. But there is a lot of work that is required to maintain the house, lawn and garden."

Tal como em Hello, I Must Be Going sobre Groucho Marx, Charlotte Chandler infiltra-se na vida e no círculo de amizades de Alfred Hitchcock para escrever É Só Um Filme.
Partindo das recordações de Hitchcok e do que observou quando o acompanhou, bem como do relato de amigos e colaboradores, Chandler escreve uma história que começa perto da morte do cineasta. Daí, regressa ao nascimento em Londres e aos primeiros trabalhos e consequentes filmes. A parte que se segue, é desinteressante para o leitor leigo, pois é a análise de todos os filmes de Hitchcock, com as ocasionais intromissões para histórias e curiosidades. Esses interlúdios, permitem que mesmo quem não os conhece, disfrute de todo o livro, muito bem escrito, bem como as outras obras desta reputada biógrafa.

Finalmente, consegui comprar as duas edições dos Textos de Guerrilha de Luiz Pacheco. Os apanhados dos jornais aqui reunidos, têm vários episódios clássicos, e pode-se dizer que é a "cascar" do início ao fim, por toda a Lisboa. Umas intrigas levianas, como os episódios com Raul Solnado e Almada Negreiros, outras graves como aquelas contra David Mourão Ferreira e Fernando Namora. É praticamente impossível encontrar estes dois volumes sem pagar um preço muito alto por eles, mas é possível ler online alguns dos textos. Para mim, como admirador do Pacheco, é um grande orgulho tê-los.

Passado em Paris, As Canções de Amor de Christophe Honoré, tinha tudo para ser um filme interessante. A história inclui um triângulo amoroso que se desenvolve até à morte do elo de ligação entre outra mulher e um homem. Este, a personagem central, Ismael tenta reatar a vida, saltando de relação em relação, para superar o acontecimento trágico.
As cores com que Paris aparece são muito bonitas, no entanto o filme é completamente estragado pelas tais canções de amor. São despropositadas e, francamente más.

A parte do meio da trilogia de Beckett, Malone Está A Morrer, desenvolve a desconstrução do sentido narrativo clássico que ele vinha a explorar, onde um estado mental, uma consciência, é mais importante do que um desenvolvimento, que na realidade não existe.
Malone, numa cama onde ele prevê que vá falecer dentro de dois/três dias, privado de quase todos os objectos da vida, cruza histórias de personagens como Saposcat, Louis Gordo, Jackson, MacMann (Saposcat quando chega a adulto, sem o nome ridículo) e Moll e Lemuel, num mundo que se engole a si próprio, quase pós-apocalíptico em sentimentos.
A escrita presta muita atenção aos detalhes irrisórios do quotidiano, e acho que os melhores momentos estão nas páginas iniciais e no "poema" que conclui o livro. A frase "nada é mais real do que o nada", pertence a este livro.

É possível ver a vergonha que é a falta de spots para andar no Reino Unido, neste documentário da Vice. Especialmente boa é a parte em que o Danny Wainwright tenta dizer que Bristol é "excelente" para andar, quando qualquer cidade média dos EUA tem mais skateparks do que toda a Inglaterra.
Que hoje não mostra a fronha do ex-ministro toureiro. Aqui, preferimos revisitar o passado, graças ao excelente BibliOdyssey. Estas sátiras em forma de mapa, dos séculos XVIII e XIX.




Procurando distanciar-se da violência do pai, Tom quer deixar a vida dos negócios imobiliários, procurando para isso o passado comum com a mãe, que tinha sido pianista. Com a ajuda de uma Chinesa que não sabe falar Francês ele vai ter de reaprender a tocar, enquanto a vida laboral se sobrepõe ao treino. Depois de uma audição falhada, consegue convencer o antigo agente da mãe.
Romain Duris e Aure Atika complementam-se muito bem, sendo a história deles um desenlace paralelo bonito. O final, a ir buscar a violência é inusitado, mas não compromete os bons momentos antecedentes.
Penso que é a primeira vez que intitulo uma entrada com o verdadeiro nome, pois é realmente bom, De Tanto Bater O Meu Coração Parou.