Lewis Carroll é o pseudónimo de um matemático, professor de Oxford, que depois de uma tarde num barco com três irmãs, entre elas uma chamada Alice, resolveu apontar a história que lhes tinha contado. Depois de revista e aumentada, foi publicada dois anos depois com o título de Alice no País das Maravilhas, e o sonho que esta vive numa tarde, pertence ao domínio do mais inventivo, do surreal. As personagens como a Falsa Tartaruga, o Coelho Branco, o Gato de Chesire ou a Raínha populam no imaginário comum e encontram repercussões, desde os contos Bichos de Miguel Torga até ao Spirited Away do Studio Ghibli.
As ilustrações de John Tenniel, que acompanham a minha edição e a original são fundamentais para perceber a personalidade (até porque o texto remete várias vezes para ela) e facilitam a compreensão de um mundo tão estranho, onde uma criança aumenta e diminui de tamanho consoante o que bebe, que fala com animais, e que se vê envolvida numa disputa de tribunal.
Quanto ao estilo, irrepreensível, cerca de 130 páginas onde a acção esmorece um pouco no fim, talvez com a ânsia de terminar tudo de repente com o julgamento, no entanto, este livro não seria um dos mais conhecidos ao fim de 150 anos se não fosse muito bom (e com grandes lições para adultos).