A parte do meio da trilogia de Beckett, Malone Está A Morrer, desenvolve a desconstrução do sentido narrativo clássico que ele vinha a explorar, onde um estado mental, uma consciência, é mais importante do que um desenvolvimento, que na realidade não existe.
Malone, numa cama onde ele prevê que vá falecer dentro de dois/três dias, privado de quase todos os objectos da vida, cruza histórias de personagens como Saposcat, Louis Gordo, Jackson, MacMann (Saposcat quando chega a adulto, sem o nome ridículo) e Moll e Lemuel, num mundo que se engole a si próprio, quase pós-apocalíptico em sentimentos.
A escrita presta muita atenção aos detalhes irrisórios do quotidiano, e acho que os melhores momentos estão nas páginas iniciais e no "poema" que conclui o livro. A frase "nada é mais real do que o nada", pertence a este livro.