Muita gente nunca viu o vídeo original nem a primeira versão da música, fica aí.

Um filme Romeno, California Dreamin' é um filme muito interessante situado no conflito do Kosovo. O realizador Cristian Nemescu morreu após as filmagens, e por isso a montagem não é a final. Existem, talvez por isso, problemas com o ritmo do filme, que é excessivamente longo. Há uma explicação para isso:
Cristi Nemescu had the habit to shoot much more than it was meant to get into the movie, and then to ruthlessly re-organize and cut short his footage, while editing. It was his own way to reach the maximum level of his expression. Still, because of his death, the producer and crew decided to keep as much as possible of his shot footage - out of respect for his work. This is why the movie remained so long and somewhat dissipated in the last quarter.

A cinematografia é óptima, com boas interpretações. A colaboração com as forças da NATO leva a que um contingente Norte-Americano escolte um comboio, que fica parado numa estação numa localidade remota. A parte mais enfadonha do filme começa aí.

Curioso ver um filme de 2007 de Gus Van Sant a tentar recriar a imagem Europeia dos anos 90. Paranoid Park é um filme sobre um assassínio involuntário por parte de um skater, que empurra um segurança, acabando este por ficar decepado pelo ventre. É muito mal explorado, não tendo nem problema nem resolução. O drama interior do rapaz podia ser explorado, a maneira como os amigos o viam, a forma como ele lida com as autoridades, mas é tudo deixado em branco. É pena, a fotografia é boa.

Este é o pior. De Michael Haneke, Nada a Esconder segue um crítico literário que pretende descobrir quem o anda a filmar e a enviar-lhe cassetes. É tão mau quanto parece, não há suspense, não há história, não há cenários, não há banda sonora, nada que o safe.
Ganhou os prémios de Melhor Realizador, da Crítica Internacional e Júri Ecuménico no Festival de Cannes, e cinco Prémios do Cinema Europeu: Melhor Filme, Realizador, Actor, Montagem e Crítica Internacional. O filme foi também considerado pelas associações de críticos de Los Angeles e São Francisco como o Melhor Filme Estrangeiro. Lei seca, de volta, por favor.

Uma biografia, que tal como a BD, se mistura com a realidade, American Splendor é uma narração tenra da vida de Harvey Pekar. A certo momento ele questiona-se se vive apenas para a tira de banda desenhada, num desmoronar da realidade, onde a vida real (banal) é muito complicada.
A banda sonora cool jazz ajuda ao espírito libertino e marginal de Harvey. Ele tem a perspicácia de ouvir a sociedade queixar-se, e transpô-lo os guiões de uma banda desenhada.
Paralelamente ao filme, desenrola-se um documentário com o verdadeiro Harvey Pekar e os seus amigos/personagens, que nos faz ainda sentir mais próximos dele, tal a redundância da vida deste arquivista.

Os Rebeldes atesta o superior espírito de Sándor Márai, bem como toda a sua classe estilística, no entanto, ainda que aliado de um vocabulário inteligente e incomum, o bando de rebeldes que se dedicam a estar contra tudo, não tem a categoria das outras obras do escritor (ainda que, penso eu, esta seja a primeira a ser escrita).

Por ocasião da Feira do Livro de Frankfurt 1996, Miguel Esteves Cardoso traduziu este três textos intitulados Os Últimos Trabalhos de Samuel Beckett. O mais extenso, o primeiro Worstward Ho é um exercício de domínio da linguagem, num ritmo quebrado para sentir as palavras colossais, em pequenas variações que só ampliam o valor delas. Contém a célebre passagem:
Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better.

Dada a opção bilingue, compensa ler as páginas da esquerda, em Inglês. Sobressaltos (Stirrings Still) é sobre um homem com vontade de desistir, tema recorrente em Beckett. Estrutura inversa, um longo raciocínio quase sem pontuação, onde narrador e personagem caminham lado a lado e se descobrem simultaneamente. What is the word, é um pequeno texto sobre a loucura, o ser possuído por ela.

A última edição das Odes Modernas de Antero de Quental, editada pela Sá da Costa, vem com umas preciosas anotações, bem como uma organização e prefácio de António Sérgio.
Originalmente publicadas em 1865, este manual da chamada poesia social revolucionária, que mais parece em momentos, exclamativa, procura exaltar algo de verso em verso. O divino e a justiça são os principais conceitos, a par da saudade e do amor, num mundo de desilusões, buscando o poeta o presente, conhecedor do passado.
Os mais impressionantes são À História (soberbo) e Et Coelum et Virtus.

Em Novelas e Textos Para Nada, pouco há a descobrir sobre Samuel Beckett. Não por falta de conteúdo, mas por serem explorações paralelas ao grosso do Irlandês. As novelas contidas são O Banido, O Calmante e O Fim, sendo a mais importante parte, todas incríveis autópsias ao ser humano que merecem a pena ser lidas. Os textos, apenas referidos por números, são curiosidades.

Muito respeitoso com a câmara, Philip Groning infiltra-se nas salas do convento Grande Chartreuse em França, mas não interrompe a acção, e espantosamente, sem diálogos nem musicas, existe uma.
Em O Grande Silêncio, a Ordem dos Cartuxos permite uma intrusão rara no ambiente dos monges em reclusão, que pouco conversam em si. O dia-a-dia é mostrado através dos momentos de oração, mas também das tarefas como a preparação de comida e o conserto das vestimentas, mas o que sobressai é a solidão e o silêncio a que os monges se submetem para estar mais perto de Deus.
No dia de sol, quando se reúnem todos cá fora, percebe-se o poder da humanidade, bem como na ultima conversa, com o cego. É um privilégio tomar conhecimento destas vidas.

Resolvi fazer a ronda dos spots de skate em Lisboa. Odivelas, Expo, Praça da Figueira, Almada e Monsanto, por esta ordem. Ideia geral, péssimo para a capital de um país.

Até a mim me trocou as voltas. O Bodyspace fez-lhe uma entrevista relacionada com a musica.

Once again, this is the original transcription of the interview in English. Seldon Hunt is an incredible Aussie artist living in New York, whose artwork has graced covers and prints of musicians such as Sunn 0))), The Melvins, Neurosis, Isis, Wolves In The Throne Room, among many others. It is an honour to have him profiled here. His website is a good starting point to be acquainted with his work.

You are quite a prolific artist, being also referred as a photographer, filmmaker and writer, what is your favourite medium?

To be honest I love photography these days. I used to be obsessed with my heavily geometric shapes and layered works, but over time they are tedious in both time and patience! I find doing that sort of work more of a challenge these days, as also I sometimes feel I have exhausted a lot of options in terms of form and style. Being involved with other mediums, means that i also find myself being focussed on one particular method, which can be a curse. I find photography really expressive, and personal, for me, I find I can find something really unique and special in a particular place and capture it in a way that feels perfect in some way. And i love that sensation when I can see that it worked.

Why are you an artist, or when did you realize you were one?

I feel being an artist is not really a choice. Its all some people really can do, other wise they will be doomed to misery in the world of employment!! I never knew what i wanted to be for a long time, growing up, i just knew I didn't want to work, in the traditional sense. I just wanted to make a living by not having to do anything but be me, do what I like to do and that's about it, and in a way I think that is what an artist does. Its permission to publicly display your internal thoughts, feelings, motivations etc. I had no particular medium or skill growing up, I wasn't into drawing, or making things, so i guess when I enrolled in art school, I kind of knew what i was heading into, in a more defined way.

What made you move from Australia to New York?


It was a crime of passion....

Which artists have you been influenced by?


It's hard to answer that. I have never been really obsessed with any particular artists. I loved Robert Crumb when I was younger, and an Australian painter, Brett Whitely. Later years its really just a matter of what I see around me, but I don't feel like I'm influenced to be honest, in some way I try to avoid that, as especially with the geometric work I REALLY wanted to create a form that was utterly original. Also, as weird as it sounds I'm not really into art that much, i tend to be way more interested in books, film and music. I rarely go to exhibitions or even bother looking at art magazines. Perhaps i might learn something!!?

Your images are usually used around the circle of Isis, Earth and Sunn 0))), and their labels, is that the music you enjoy as a fan? How did the collaboration began?

I certainly enjoyed that music as a fan a few years ago when I first started. It was exciting to meet all these guys who were playing such amazing new music. I met all these people when I travelled in the US in 2000 and had a good time and shared a lot in common. Overall, it just came down to mutual respect. I'm probably less a fan than i was....its hard to be a fan of people you hang with, it comes down more to having enormous respect for their output, and continuing the tradition we have of creating great packages of music and art.


What are the best and worst parts of being a full time, working artist?

Working by ones self. It has great advantages like not working when you are hungover. The disadvantages being that it can be a little boring with no one to talk to. And plus I am indoors way too much and I am in fact very much an outdoors person, which is why a lot of the photography involves landscapes. The idea of being a full time artist is a fantasy when you start out with the seed of a thought that it is your vocation to do that, but the reality is that, as the Australian painter Brett Whitely succinctly put it, 'Its a difficult pleasure'. I think that sums it up, its always difficult, it never feels like its great fun, it is always challenging, and the reality is you have to keep producing work for real, not just after hours as an experiment. Everything you do pretty much ends up in the public arena, and that is a bit of pressure to live up to. But the reward is the sense of overcoming that pressure as a challenge and that doing great work as a matter of course is something to aspire to and maintain.

Could you describe how is the usual process, are you contacted first by the artists, are you suggested by friends, how does it happen until you reach the final product?

I am contacted usually by bands. Then the label contacts me to work out the logistics. Then I chat to the band, online usually about what sort of aesthetic or concept they are looking at in their cover. Usually I just send them pretty much a finished cover. I'm usually pretty okay, at getting it right first time, people do come to me for a certain type of result, so i can usually come up with something that fits the bill. If there are any issues I work back into the art until the band is satisfied.

You have a strong presence on the web with your blog, myspace and the website, do you manage your career all by yourself? How do you perceive the importance of the internet for an artist nowadays?


I manage my career all by myself, yes. Many cover artists and I are mystified about the idea of agents and managers. They must be hiding from us as we all could certainly benefit from that kind of professional assistance!! Well the internet is important for any business, but I do know VERY successful artists who have no web presence at all, so I cant really say anything about whether the internet is of any use at all.

How do you spend your time? Do you travel around? If so, what are some of your favourite places to be. What other interests do you have (besides painting)?

I would love to travel more, but I'm always working. I live in Brooklyn, and like a lot of people in New York, its hard place to leave unless you have a lot of cash, or friends with a car. I know no one who owns a car, so we never actually leave Brooklyn/Manhattan, it can get a bit much, but this city is awfully consuming so you're never bored. I read a lot, I walk a lot.

If you want to promote some companies you are associated with, and that make your work available, or any shout-outs, feel free to do it here. Any solo shows coming up, in the US, Europe or anywhere else?

No solo shows happening this year. I am in discussions with a gallery in Paris for a photographic show for next year, there will also possibly be a group show in L.A. later this year. www.shirtsanddestroy.com

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Este custom é do Pharrel.
Aqui pode-se ler a história de todos os pro-models do Koston.

A Freshness tem uma entrevista com o Clarence Nathan, dono da maior colecção de autocolantes da Supreme, bem como fotografias de vários exemplares.

O Couraçado Potemkin era o maior navio de guerra da armada Russa, protagonista de um episódio real em 1905. O filme de Eisenstein de 1925 servia a propaganda comunista, sendo a emancipação do povo, o tema central.
O único contra do filme talvez seja a velocidade exagerada das cenas, mas vale a pena ver os avanços técnicos de Eisenstein em 1925, que retratam a vida dos tripulantes cansados da comida, não sendo na minha opinião, mandatório revisitá-lo.
Depois de uma revolta instigada por dois marinheiros, os superiores ordenam um massacre, e é aí que se original os momentos mais belos deste marco do cinema, a sequência do povo a dizer que são os donos do destino e a banda sonora única, principalmente pujante na saída do cais e consequente massacre.

Horizontes de Glória, o filme antes de Spartacus e de Dr. Strangelove, é um filme fantástico, cujo esplendor se deve atribuir tanto a Stanley Kubrick como ao Kirk Douglas. Este último é o oficial que desavia os poderes instituídos, tanto contra o general maior, como ao defender o destino de três soldados condenados sumariamente à morte, por um suposto acto de cobardia, quando eles receberam ordens para atacarem uma coluna impenetrável e se submeteram a levar com fogo amistoso.
O final, inexistente no livro de onde é adaptado, visa dar um sinal de esperança, na voz feminina que controla os soldados. Um realizador que não sabe fazer mau.

O Quarto Mandamento de Orson Welles foi o filme que se seguiu a Citizen Kane, retratando a sociedade do século XIX, visto com um saudosismo de outros tempos. Os planos são excelentes, na história adaptada que conta como o neto de Amberson, que cresceu arrogante numa vila que respeitava a família, mas que agora se irritava com as suas acções. Apaixona-se por Lucy Morgan e acaba por ser um filme de paixões.
Tem mais arestas por polir do que Citizen Kane, o que lhe concede outras particularidades. O argumento adaptado é excelente, um enredo bem desenvolvido a colmatar com uma ideia fantástica, a de Welles narrar o filme, como de costume, no entanto, estendendo-se aos créditos finais.

É sabido que não sou grande admirador nem de Kurosawa nem de Mizoguchi, que realizou este O Conto dos Crisântemos Tardios, que o melhor que tem é o título. Estar duas horas e meia a ver um filme em que a câmara treme constantemente é pesaroso. A história lida com as habituais desconfianças japonesas, meios-irmãos, sonhos de uma carreira de teatro e paixões proibidas. Não é preciso inibirem-se, a dita "grande simplicidade" do filme, não faz ele ter "grande profundidade", mas sim ser horrível.

Tirando uma ou outra cena de Lisboa, O Estado das Coisas de Wim Wenders é péssimo e dispensável. Um filme de Wim Wenders, The Survivors, que foi perdido e que se transforma numa odisseia a acabar na Califórnia, desprovida de qualquer interesse.

Com a ideia do Bruno de irmos desenhar autocolantes, e a que se juntou o Diogo, fica aqui o resultado de um par de horas. Os de cima são os meus, e os de baixo, claramente superiores e com uma nítida tendência no vocabulário são os do Bruno.

É um bocado conversa fiada, mas é interessante ver o Pharrell a falar da colaboração com o Takashi Murakami. Este link sobre o Download Fest tem graça, uma entrevista sobre arte ao Robert Del Naja dos Massive Attack, uma boa colecção de fotografias a preto e branco de ciclistas Nova-Iorquinos, mais fotografias do Tokyo Gundam mostrado em baixo, um video em que se fala sobre salvar crianças, o trailer de Until The Light Takes Us, o filme sobre o black metal, a maldição dos Kennedy, as controvérsias do Nobel, uma entrevista retrospectiva de Clipse, Swizz Beats para abanar paredes, a Alexa Chung a abanar o nariz por um motivo muito simples, e por fim, Jay Z contra o auto-tune.
Que humor e inteligência divinais a de Ken Robinson ao explicar a criatividade das crianças.

Com The Apartment, o Francês exilado nos EUA Billy Wilder, passou para o topo da minha lista de cineastas a descobrir. Vencedor de 5 Oscars, esta obra do realismo ao estilo do Verismo mostra a história de um Jack Lemmon soberbo, agente de uma seguradora, que se apaixona pela ascensoristas e vê-se preso nos interesses dos patrões, pois sendo um simples empregado, empresta a sua casa aos superiores para estes cometerem adultério.
O jazz, o argumento, a fotografia belíssima carregada de negros e claro, o final soberbo, fazem de imediato The Apartment um filme de eleição.

Em mais um tributo ao "monumento" Carlos Paredes, Movimentos Perpétuos é um documentário produzido pela RTP2, rodado por Edgar Pêra durante 16 anos. Entre os testemunhos e as palavras do próprio paredes, o que sobressai é a grande humanidade e a genialidade deste músico ímpar.
Rodado em Super8, com um tipo de imagem inigualável, é interessante, ainda que a informação já estivesse disponível por outros meios.
Uma história que ainda não tinha ouvido, foi a de quando Paredes, ao ouvir um jovem barman de um hotel extasiado pela sua presença, e que, lamentando não ter arranjado bilhetes para o ir ver, ao contrário do irmão, tira a guitarra, limpa as cordas e toca ali mesmo, para deleite do empregado.

A Grande Ilusão é um filme antiguerra, realizado por Jean Renoir, onde ressalva uma humanidade comum a todos os homens. Como foi lançado em 1937, Renoir não adivinhou como era realmente a vida nos campos de concentração da Segunda Guerra, sendo por isso passado na Primeira Guerra Mundial, na fronteira Franco-Alemã.
Os planos pouco comuns, que deslizando lentamente mostram a acção do grupo pitoresco de prisioneiros, muito alegre, são cortados pelo momento em que a atitude dos Alemães muda, e a alegria se esvai dos Franceses, perdendo o filme o interesse.

Baseado na história real de Chris Gardner, The Pursuit For Happiness é mais um bom papel de Will Smith (tal como o Legend of Bagger Vance), que devia apostar neste tipo de papéis. Chris decide mudar a vida quando é abandonado pela mulher, insatisfeita com a precariedade em que vivem. Ele aplica-se durante seis meses num estágio não remunerado, enquanto o filho dorme com ele em abrigos.
É uma grande história, que merece ser contada, no entanto o ritmo e o tempo reduzido da acção, atestam que não foi bem explorada.

Resposta:
Qualquer coisa de muito boa.

Ao Gumirães por se terem tornado campeões nacionais em Basket sub-16!

Um padrão Italiano, já agora.
Blastah Beats vem de Braga e lançou recentemente um EP digital, Block Blastin' Beatz Vol. 1, disponível no myspace. Desde voar para Phoenix, Arizona para mostrar os beats dele e tê-los lançados em álbuns de Busta Rhymes, Joe Budden, Papoose, Del the Funky Homosapien e Cappadonna, o percurso dele é desde já incomum e já não se vê o fim da curva ascendente. Por estas conquistas e espírito de iniciativa, fica aqui a entrevista a décima pessoa.

Podes começar por te identificar, seja biograficamente ou como queiras ser entendido pelos outros.

Bem, considerando que esta entrevista se deve ao trabalho que tenho desenvolvido como produtor, vou-me focar mais neste aspecto. Chamo-me Blastah Beatz, tenho 21 anos, vivo em Braga e produzo instrumentais de Hip Hop para rappers americanos.

Como foi o teu primeiro contacto com o hip hop?

Nasci em França no final dos anos 80, e a França tem um dos principais mercados de Hip Hop do Mundo. Sempre estive rodeado pelo Hip Hop, seja pela música ou pelo graffiti nas paredes dos HLM onde morava. Devo muito ao meu irmão e ao meu primo também, que sendo mais velhos me puseram em contacto desde cedo.

Tens passado no turntablism ou o teu interesse é só pela produção?

Adoro turntablism e já pude aprender, mas considero o meu mentor Master Kutt um dos melhores DJ's que alguma vez ouvi. O scratch dele é inacreditável... por isso nunca me dei ao trabalho de aprender já que tenho um dos melhores a meu lado. Estou a trabalhar no meu álbum de produção com o Master Kutt nas rodas de aço, vão ter a oportunidade de o ouvir. No entanto, ao longo da minha carreira, gostaria de aprender scratch básico para não ter de o chatear muito.


Num futuro próximo quais são os teus objectivos? Começar a rentabilizar isto em Portugal/no estrangeiro aumentando o campo de acção para além da produção, ou tens outros planos para a tua vida?


Não gosto muito de fazer planos a longo prazo porque nunca se sabe o dia de amanhã. De momento, o meu objectivo é acabar o meu curso e continuar a fazer o que tenho feito em relação à música. Uma vez acabado o curso, é tudo uma questão de que portas se abrirão, e quando se abrirão. Mas gostaria de conciliar a música com o trabalho para o resto da minha vida, rentabilizando com ambos.

Para quem já produziu para o Papoose, Joe Budden, Cappadonna e Busta Rhymes, ouves hip hop Português? Qual é a tua opinião sobre o estado actual?

Ouvia muito na minha infância, mas desliguei completamente quando acabei o secundário (por volta de 2004). Hoje em dia não tenho conhecimento suficiente para elaborar uma crítica com pés e cabeça, mas gostava do que ouvia no passado.

Se calhar para o pessoal de Portugal que quiser dar uma olhada ao teu equipamento, que usas para produzir? É tudo no computador, usas samplers ou passas pelo processo fisico de samplar de um vinyl? Software, hardware, é o que quiseres.

É tudo no computador, de momento e desde que comecei só uso software. A minha combinação é Cool Edit 2 + FruityLoops3 + Reason 3, geralmente por essa ordem. Pretendo passar para algum hardware em breve, estou à espera da altura certa.

Viver em Braga não é propriamente Brooklyn, o que fazes nos teus dias?

(Risos) Sou aluno da Universidade do Minho a full-time, e operário de loja no Intermarché aos fins de semana. É complicado arranjar tempo para tudo, mas um gajo lá se arranja!!

É isso, peace!

+


Da série Icon, o livro sobre Philippe Starck, o designer e arquitecto de interiores Francês, serve de catálogo às mais de três décadas de trabalho.
Define-se pelas formas muito apetecíveis, como nos projectos arquitectónicos para o Japão no início dos anos 90, mas com a aproximação do milénio, começa a ganhar cor e o trabalho em hotéis, a usar muita luz de cores variadas.
Se tivesse de escolher um designer de eleição, era Starck, o mais famoso representante do 'new style design'.
Entre tantos projectos apresentados, há um particularmente espantoso, a linha de utensílios (a baixo custo) para a Target, que é aquilo que o design deve ser, icónico, inovador, acessível e consistente. A qualidade e bom gosto presentes em tantas peças diferentes, desde cadeiras até motas pauta o trabalho do Francês, e mais moderno que Starck, só os Jetsons.

Mais um volume da série Introducing dedicado à filosofia, desta vez Rosseau, que sempre negou ser filósofo e acreditava na singularidade do individuo.
A morte da mãe, o abandono do pai e a Mme. de Warens a dar-lhe uma casa e afecto quando ele não estava em viagem contribuem para uma psicologia algo irregular, com tendências dúbias, que fazia alguns dos seus pares distanciarem-se (e muitos outros ajudarem-no).
As máscaras que cada um usa para tentar ser o que os outros esperam deles e o controlo da sociedade, a dissimular medo por charme foram alguns dos problemas sobre os quais ele escreveu, a par da procura duma simplificação da linguagem, pois Rosseau defendia que o método simples de sinais seria o mais eficaz.
Sobre assuntos já discutidos, ele trouxe alguma polémica, como por exemplo a natureza do ser humano, que ele defendia ser puro na essência, mas corrompido pela sociedade. O contracto social com o Estado, para Rosseau, existe para nos defender dos nossos similares, que pode ser apelidado de "querer geral", que nós reconhecemos ser conveniente para trazer ordem.
Foi um pioneiro da psicologia dos bébés, e instigou a luta pelos direitos das mulheres no livro 'Émile' pelos motivos mais errados. No seu discurso existem vários erros e becos, sendo incoerente, a começar pelo totalitarismo (inocente) da sua visão de governo. As pessoais mas literárias 'Confissões' e os 'Diálogos' são um testamento do seu estado mental, pois à medida que a paranóia aumentava, ele via-se como um alvo de todos. No entanto, a revolução Francesa e o Romanticismo pode ver nele como um dos grandes impulsionadores.
Sobre a escrita de Dave Robinson, nada a apontar. Sucinto, com humor e competente.

American Music começou com uma viagem ao Delta do Mississipi e arrastou-se durante 4 anos da vida de Annie Leibovitz. A grande tradição Americana do blues, bluegrass, country, soul, hip hop e rock está aqui retratada, os sonhos e os passados, as familias de musicos jazz, os mais solitários, os que vivem com o dinheiro e fama e aqueles entregues à pobreza e ao esquecimento.
Leibovitz foi durante 13 anos a principal fotógrafa da Rolling Stone e é quase certamente a mais famosa fotógrafa de sempre, continuando ainda no activo.
Lançado em 2003, as fotografias A3 são interrompidas por poucos textos de músicos com afinidades ao estilo que se segue, e só na página 245 é que aparecem thumbnails com os nomes dos retratados e detalhes sobre eles ou a fotografia. Se dos "pesos-pesados" estão lá todos, presumo que a excitação de serem retratados é partilhada por eles, dada a beleza singular das fotografias de Leibovitz, numa grande homenagem à musica com que cresceu e àquela com que se habituou a trabalhar. Tanto para quem se interessa por música, como fotografia, é um livro imperdível.

The Roots

Emmylou Harris

Feito com entrevistas a vários amigos de infância, que atestam a senialidade de Hunter S. Thompson e a outros que conviveram com ele e o retrataram como Johnny Depp, Sean Penn e Bill Muray, Buy The Ticket Take The Ride é um documentário interessante sobre o Dr. Gonzo que ilustra bem a loucura e o caos que sempre rodeou o jornalista, onde a realidade era sempre mais inacreditável do que histórias inventadas. Contém vários excertos de livros e filmes de Thompson e sobre ele, bem como as histórias que se tornaram populares, fechando com a última, em que ele pediu a Johnny Depp, que após o suicídio, fossem disparadas as suas cinzas por um canhão.

Apesar de se dedicar ao pensamento cultural e à literatura, a filosofia é a base de tudo. Eduardo Lourenço, analisado por Miguel Real no ensaio publicado no ano passado, Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa, promove a heterodoxia em oposição às correntes ortodoxas reinantes, o Cristianismo e o Marxismo, que se anulam no limite.
A existência crepuscular de Portugal que dura há 400 anos, desligado de uma Europa em queda mas tentado pertencer-lhe é o assunto recorrente na análise à obra do pensador. Miguel Real é notável na análise e no detalhe com que demonstra o pensamento Eduardino, e nas conclusões que tira, servindo-se de textos de toda a vida deste.
A lucidez e o brilhantismo, como se vê Portugal e como tem sido visto, são assim mantidas por um discurso analítico, extremamente excitante e estimulante, por mais de 400 páginas, divididas pelos quadrantes cultural, político, estético e filosófico. Uma das dissecações mais interessantes é a da diferença entre a poesia do Orpheu e a Presença.

Origin - Spirits of the Past é a tentativa da Manga aproximar-se do Studio Ghibli. Lançado em 2007, vai ao assunto recorrente do filho do herói perdido, numa sociedade pós apocalíptica, mas que neste caso vive num mundo verdejante. Os desenhos são bons, mas vale mesmo ver qualquer um dos filmes onde vai buscar inspiração.

Por quem frequenta este blog, já deve ter sido notado que um dos 'pilares' é Samuel Beckett. Em cena no Theatre Royal Haymarket está Waiting For Godot, com Ian Mckellen e Patrick Stewart nos papéis de Estragon e Vladimir respectivamente. A peça consiste na espera por um Godot, que eles reconhecem não saber exactamente quem é, tendo para isso de ocupar o tempo, ponderando até o suicídio, de modo a que o silêncio não se apodere do espaço. Com isso, a peça acaba por não se referir a nada em concreto, mas tem um poder na audiência que faz toda a gente ficar impaciente com um diálogo tão soberbo.
Tragicomédia em dois actos, e não consigo dizer qual é o melhor.
Pozzo e Lucky são fantásticos actores também, tudo do mais elevado nível, notável em Lucky, sempre amordaçado, mas quando lhe é posto o chapéu de Vladimir na cabeça, tem um monólogo (de quase 5 minutos) impressionante.
É mágico. É um privilégio para o ser humano poder estar sentado numa cadeira a observar a elegância do humor de Beckett a ser representado por dois dos melhores actores de sempre, num cenário pós-guerra magnífico.

Acabo de sair, Vans - Stories of Sole é a homenagem da marca de sapatilhas às pessoas que usam os seus produtos e aos atletas, que antes de serem patrocinados, eram os clientes que compravam também os produtos. Em vez de fazer um livro sobre a marca, apenas as três primeiras páginas são dedicadas às especificaçnoes dos Vans e à história da marca, contada pelo filho do fundador, Paul Van Doren.
O que se segue é um exemplo dos modos de vida de artistas, skaters, surfers e afins, ligados pela paixão aos Vans económicos desde miudos. Alguns dos capítulos são dedicados ao Vans Triple Crown que trouxe os desportos radicais para a televisão e à Warped Tour. Tony Alva, Geoff Rowlley, John Cardiel e claro, Steve Caballero (o primeiro skater a ter um modelo de skate e que ainda hoje está em produção, o Cab e o Half Cab), são os principais skaters que falam da vida deles e de como cresceram com os Vans, bem como outros distintos de modalidades. Há um espaço dedicado aos customs e a colecções.
No fundo, é um livro muito interessante para quem se interessa pelo lifestyle promovido pela marca da California do Sul, com uma apresentação (a começar pela capa com a borracha característica) excelente.

Este livro dedicado à arte Fantástica, é basicamente uma colecção do irracional, o que não foi inserido nem compreendido por nenhum período da arte. Do subcosciente e os sonhos de Freud à música dissonante de Wagner, o leque de pintores reunido, que começa com a Island Of The Dead de Arnold Bocklin (a fantástica e enigmática ilustração da capa) de 1880 e acaba com um quadro de Peter Doig de 2003, vai buscar variadas influências.
O quadro de Bocklin, serve aliás, de resumo às outras obras inseridas nesta catalogação, comissionada para alimentar sonhos, mas cuja figura branca no meio da escuridão trazia pesadelos, o irreal e o misterioso a serem desconfortantes, mas a exercerem ainda assim uma atracção irracional.
A maioria dos quadros não tem tempo nem época e são produto da solidão. Ficam em baixo alguns exemplos.

Pierre Roy - The Metric System


Richard Oelze - Expectation

Andrew Wyeth - Christina's World


Dead Leaves
é dos produtores de Ghost In The Shell, e conta a história de Retro e Pandy numa prisão, quando o mundo exterior está apenas povoado com clones. O principal atractivo do filme é gráfico, parecendo-se mais com desenhos do que com animações, com um traço muito original e carregado de cor.