Lançado em 1846 e de acordo com as correntes modernistas que Almeida Garrett seguia, As Viagens na Minha Terra começam com uma boa ideia. Fazia parte do antecessor deste plano nacional de leitura e por isso tive de lê-lo há uns anos atrás. No regresso, não fiquei com melhor impressão.
Garrett e o seu grupo excursionista de centro comercial saem em viagem, seguros da sua superioridade em relação a tudo e todos. É pedante, um misto de ilhéu com nortenho é sempre um risco, uma constante ilusão de falsa grandeza.
Desaponta como o pinhal da Azambuja, eu sou apenas mais sóbrio a dizê-lo do que Garrett é na descrição desse episódio. Em discurso directo acaba por se tornar fraco, sem estrutura ao confundir a viagem real de Lisboa a Santarém, que podia ser uma descrição interessante, com a história de Carlos e Joaninha com um Frei Dinis misturado. Para aliviar disso, resvala para histórias das avós ou então atira com uns nomes para a 'academia'.
A certa altura, avisa:
Este capítulo não tem divagações nem reflexões nem considerações de nenhuma espécie, vai direito e sem se distrair.

Mal de quem acredita. Assim que descarrila, nunca mais volta a encontrar o rumo.
Resumindo, a ideia de diário de viagem é boa, escorrega para um pedantismo estilo Câmara Clara e quando damos por nós, temos um Carlos e uma Joaninha num drama de Domingo ao início da tarde. No secundário avisaram-me que podia fazer o teste se lesse as sinopses dos capítulos em vez do texto principal, não é exactamente verdade, mas sem ter de fazer testes, basta.

Comments (1)

On 27 de março de 2009 às 15:09 , Ema disse...

por acaso não li quase nenhuma das obras do secundário, essa incluída, e passei facilmente, e com boas notas, a português...não sei o que isso diz do nosso sistema de ensino, mas ao ler a tua crítica acho que poupei umas boas horas de tédio quando era mais puto.