Tal como as outras fotografias que aqui disponibilizo, estas, numa resolução bem melhor, podem ser visionadas no meu flickr.
Foram tiradas numa viagem de dois dias ao Portugal profundo, ao concelho de Almeida, perto de Vilar Formoso. Se dez anos atrás ali viviam 40 mil pessoas, hoje em todo o concelho habitam apenas 8 mil, preferindo o litoral. O que mais choca nem é a pobreza, que pouco se vê. É o isolamento e o abandono. Aldeias como Castelo Mendo, Castelo Bom, Aldeia de São Sebastião e muitas outras, não têm rigorosamente nada à volta nem com que ambicionar. As aldeias estão em óptimo estado de conservação ao abrigo de um programa de recuperação de fachadas, que se tratou disso mesmo. Passando por elas à noite, vimos casas de pedra habitáveis, reduzidas no tamanho, mas às escuras pode dentro, sem ninguém que se fixe ali. No solar onde fiquei, pertencente aos donos da Pousada de Almeida, disseram-me que o plano não recuperou o interior das casas, continuando elas degradadas por dentro. Uma pena. No regresso passei também por Trancoso e pela belíssima aldeia de Moreira de Rei.



Em 1281 o rei D. Dinis concedeu Carta de Feira à povoação, ordenando que esta se realizasse 3 vezes por ano, a primeira a realizar-se com regularidade em Portugal. O nome da povoação deve-se ao primeiro alcaide, D. Mendo Mendes, nomeado por D. Dinis no séc. XIV, sendo possível distinguir numa das paredes da antiga Casa da Cadeia uma escultura em pedra que, segundo a tradição popular, representa o Mendo.
Numa outra casa próxima a representação da Menda, sendo por isso designada Casa da Menda, que seria a esposa de Mendo.
As casas em pedra desafiam o mundo moderno, ausente até na memória colectiva das simpáticas idosas que ainda habitam por Castelo Mendo. Os caminhos que daí saem, perdem-se por vales enormes, onde um desvio significa perdermo-nos (e encantarmo-nos por horas).

Castelo Bom tem um café. Muito vazio, quase só ao dispor dos visitantes da aldeia. Existe uma estrada bem antiga que liga Castelo Bom a Castelo Mendo, eu fi-la durante a noite e depois fiz questão de voltar lá no dia seguinte, recomendo.