As seiscentas páginas de 1979 - 2007, Entrevistas com António Lobo Antunes resumem a vida daquele que se tem como o melhor escritor Português. Com a tardia estreia editorial (36 anos), a ordem cronológica das entrevistas espelha algumas das marcas que definem Lobo Antunes, a guerra em África, o interesse do estrangeiro, a reaproximação a Portugal, que depois do cancro acaba com a vontade expressa de eleger o publico Português como o principal alvo.
Retribuindo algum do veneno que ele em novo não hesitaria em distribuir, Lobo Antunes é repetitivo, Faulkner não é assim tão bom e percebe-se rapidamente que se proporcionado, limparia os pés ao Louis-Ferdinand Céline (vinte e três menções ao longo desta colecção).
Quando não se repete, Lobo Antunes expressa-se para dar a conhecer as novas ideias, contrárias 'as que defendia. Quando confrontado com as incongruências, desvaloriza ou faz-se de esquecido.
Depois, fica intragável, dizendo que só vai publicar lá fora, que em Portugal é tudo ignorante e ele anda a educar. Essa fase dos anos 90 corresponde também 'a referência constante do Nobel. Karma. What goes around, comes around.
Para escrever é preciso viver, e como ele próprio diz, tendo apenas três (distintos) amigos e uma casa vazia, esperava-se que um psiquiatra se lembrasse mais de saude mental.
No entanto, obviamente que não é tudo negativo. A dedicação 'a obra, a importância concedida aos livros, que se sobrepõem 'a própria vida bem como o caracter inalterável desta personalidade notável que veio conferir uma nova dimensão ao panorama Português.
É uma coisa dos homens, por mais frios que sejam, por mais austeridade que incutam, no fim tudo se perdoa, porque eles próprios aprenderam a perdoar.