João Pedro George, que andava a fazer-se de biógrafo do homem que tanto detalhou a sua vida, compila este conjunto de entrevistas de 1992 a 2008, ano da morte de Luiz Pacheco. Se o teor das entrevistas, que acabam por embater umas nas outras, com um esbate na questões discutidas, se torna repetitivo, isso não é dizer que é de uma leitura maçadora. Cada frase proferia por Pacheco é hilariante, desde os seus ódios (mais ou menos) infundados (e nalguns casos subscritos por mim), até aos seus devaneios sexuais, com a homossexualidade, as quezílias entre famílias, a decadência com o álcool e medicamentos, as passagens pela prisão, o panorama literário ou a leviandade perante os laços familiares. Discute quem o ajudou, quem ele abandonou, e mesmo quando insulta os antigos amigos, faz questão de notar que não é um ataque pessoal, e que os admira, simplesmente a obra mais recente é lixo. Um dos ultimos anarquistas que viveu uma vida livre e acabou sem sair 'a rua.
Do seu humanismo, sobressai uma capacidade inesgotável para conversar, que era explorada pelos entrevistadores, os quais depois de longas horas de conversa, dado o cansaço de Luiz Pacheco, ainda ouviam mais umas confissões de que ele se viria a arrepender. Pelo trabalho de divulgação de novos talentos do 'Bloco', entre e o neo-realismo e a opressão do regime, e pela 'destruição', fica aqui um apontamento 'a sua memória, ao libertino.




Fica também este video feito pela Taberna da Resistência.