Ou antes das ensaboadelas literárias que aí vêm, decidi ler esta edição fantástica da Afrontamento.



Os Peanuts, ou Charlie Brown, criados por Charles M. Schulz no pós-guerra, não foram um exercício propagandista para levantar a moral da nação Americana, mas um retrato duma sociedade destroçada, sem esperança e sem nada por que lutar. Como o próprio Charlie Brown dizia, o seu humor "não é apropriado para tiras de banda desenhada", dado o carácter abrangente das suas preocupações. Publicado ao estonteante ritmo diário durante décadas, todas as tiras são datadas por Schulz, e se os seus temas discutidos pelas personagens não variavam muito, mesmo ao ler todos de seguida, não é enfadonho deliciarmo-nos com a passividade de Snoopy, ou as brincadeiras de Charlie Brown, ora resignando-se 'a sua infantilidade e aceitando a sua ignorância, ora demonstrando aos leitores que ele exemplifica a criança ideal. A par do Pequeno Sepuku, Charlie Brown e os Peanuts deviam ser introduzidos no cognitivo dos adolescentes pela mesma altura dos ensinamentos Socráticos e Aristotélicos. Para o bem de todos.